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A homenagem de Bolsonaro ao ditador Alfredo Stroessner

Digitem no google o nome do ditador Alfredo Stroessner, para ver seu “currículo”. Abaixo, eu reproduzo breve compilação feita pela revista Época. https://twitter.com/tiagosantineli/status/1101132043201654785 Trecho de matéria publicada na Época: 1 – Pedófilo em série, Stroessner ordenou a criação de um harém de meninas Em 1954, o general Alfredo Stroessner deu início a uma ditadura militar […]

5 comentários
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Digitem no google o nome do ditador Alfredo Stroessner, para ver seu “currículo”. Abaixo, eu reproduzo breve compilação feita pela revista Época.

https://twitter.com/tiagosantineli/status/1101132043201654785

Trecho de matéria publicada na Época:

1 – Pedófilo em série, Stroessner ordenou a criação de um harém de meninas

Em 1954, o general Alfredo Stroessner deu início a uma ditadura militar que durou 35 anos. Ao longo do seu regime de terror, o autocrata agiu de maneira parecida com a do ugandês Idi Amin Dada, imperador Bokassa do Império Centro-Africano, o ditador dominicano Rafael Leónidas Trujillo e o soviético Lavrenti Beria (chefe da KGB durante a ditadura de Josef Stálin): ele e parte de seus ministros e generais dedicavam-e, nas horas livres, a protagonizar estupros. Mais especificamente, a violar meninas virgens.

O principal protagonista dos abusos sexuais era o próprio ditador, que exigia que seus assessores mantivessem um fornecimento de garotas virgens para seu uso pessoal. O plantel, que era renovado constantemente, precisava — por ordem de Stroessner — ser composto por meninas que deveriam ter entre 10 e 15 anos de idade.

Segundo os investigadores do Departamento de Memória Histórica e Reparação do Ministério da Justiça em Assunção, Stroessner estuprava em média quatro meninas novas por mês. Isto é, como pedófilo em série, em três décadas e meia de ditadura, ele teria violado mais de 1.600 crianças.

2 – O “chapeuzinho vermelho” de Stroessner

Os militares buscavam e sequestravam meninas da área rural de acordo com os “gostos” de Stroessner e seus ministros. Volta e meia os militares também faziam essa sombria “colheita” de meninas pelas ruas da própria capital, Assunção. Nesse caso, os oficiais utilizavam a “Chapeuzinho Vermelho”, apelido — em alusão ao conto de fadas — dado ao Chevrolet Custom 10 vermelho utilizado nessa blitz sexual.

Um dos casos investigados pela Comissão de Verdade e Justiça do Paraguai é o de Julia Ozorio. Ela tinha apenas 12 anos quando foi sequestrada da casa de seus pais no vilarejo de Nova Itália em 1968. O sequestro foi realizado pelo coronel Julián Mier, comandante do regimento encarregado da guarda pessoal de Stroessner. Julia foi levada à chácara onde estava o harém do ditador, e ali foi escrava sexual durante três anos.

Depois do ditador, a menina foi repassada a oficiais, suboficiais e soldados. Quando fez 15 anos, Ozorio foi considerada “velha demais” e solta. Ela mudou-se para a Argentina onde, em 2008, publicou suas memórias: “Uma rosa e mil soldados”.

Os crimes da ditadura stroessnista — como torturas e assassinatos de civis opositores — estão sendo investigados na Justiça paraguaia desde meados dos anos 90. No entanto, os crimes sexuais somente começaram a ser investigados em 2016. As primeiras denúncias sobre os estupros sistemáticos do ditador paraguaio, porém, foram publicadas pelo jornal americano “The Washington Post” no distante ano de 1977, quando o regime estava em seu apogeu. O tradicional jornal da capital americana classificou Stroessner e seu entourage de altos oficiais de “depravados sexuais”.

No caso desta versão paraguaia do conto da “chapeuzinho vermelho”, o lobo foi quem triunfou, pois morreu impune em seu exílio brasileiro.

3 – Stroessner acima de tudo (e em todos os lados)

Na vida cotidiana dos paraguaios, o pedófilo Stroessner estava por todos os lados. Nas repartições públicas as pessoas deparavam-se com retratos do general. As fotografias também estavam presentes em diversas residências privadas. Além disso, o governista partido Colorado imprimia diariamente um jornal de 6 páginas a cores com notícias exclusivas sobre Stroessner.
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De quebra, a segunda maior cidade do país levava o nome do ditador: “Puerto Stroessner”. Após a queda do regime em 1989 ela foi rebatizada como “Ciudad del Este”.

Eram frequentes os grupos de pessoas que iam até os muros da residência presidencial, a “Mburuvicha Róga” (Casa do Líder, no idioma guarani), para fazer serenatas com melodias que o tratavam como uma espécie de “mito”: “Para a frente, meu general” e “Parabéns, grande amigo” eram algumas delas.

4 – Stroessner fez do Paraguai um “hub” sul-americano das drogas

Stroessner nunca se envergonhou do envolvimento ativo das Forças Armadas paraguaias no contrabando de drogas internacional. “Aaaahhh….mas esse é o preço da paz”, costumava argumentar, indicando que, desta forma, mantinha seus militares satisfeitos com grandes lucros. Durante seu regime, o Paraguai tornou-se o “hub” latino do contrabando, movimento de cocaína a carros de luxo roubados. Nos anos 80, o país era o maior importador de uísque mundo, embora paradoxalmente fosse um de seus menores consumidores.

5 – Stroessner e suas eleições fake (uma espécie de predecessor de Nicolás Maduro

O autocrata paraguaio mantinha uma ficção de “democracia”. Em seu regime existia um parlamento sob controle, com seu partido, o Colorado, sempre vencedor de eleições fraudulentas.
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A oposição, por sua vez, era censurada. Tal como na Venezuela de Nicolás Maduro, a oposição real havia sido exilada, presa ou debilitada. Stroessner permitia que só os líderes opositores de menor importância continuassem com (restritas) atividades políticas.

Esse período da chamada “democracia guiada” ficou conhecido como “O Stronato”. Stroessner sequer tentava disfarçar seu simulacro de democracia, pois às vezes era eleito com 90% dos votos nas eleições presidenciais (em 1958, por exemplo, venceu com 97,3%).

6 – Apreço pela serra elétrica e pelo maçarico

Ao longo dos 35 anos da ditadura militar, o “stronato” assassinou entre 4 mil e 5 mil civis, além de provocar o exílio de centenas de milhares de paraguaios. A tortura era uma das modalidades de imposição do terror dessas três décadas e meia. Segundo a Comissão Verdade e Justiça, pelo menos 18.772 pessoas foram vítimas de torturas físicas, sexuais e psicológicas durante o regime.

Entre os torturadores, o mais emblemático foi Pastor Coronel. Volta e meia, quando torturava, ele telefonava a seu chefe e – em uma espécie de transmissão online telefônica – Stroessner ia ouvindo os grito do preso político torturado de plantão.

Pastor Coronel e Stroessner apreciavam o uso da serra elétrica e do maçarico para torturar. Vários opositores, dentre os quais Miguel Soler, foram cortados ao meio com a serra elétrica. Outros eram queimados lentamente, e de forma localizada, com um maçarico.

7 – Pedófilo, estuprador geral, narco-traficante, torturador… e receptor de nazistas

Nos anos 50, o Paraguai acolheu centenas de criminosos de guerra nazistas, aos quais Stroessner — filho de um imigrante da Baviera — dava passaportes paraguaios.

Um dos mais famosos foi o médico Josef Mengele, o “Anjo da Morte”, que selecionava as vítimas de suas experiências médicas no campo de concentração de Auschwitz. Outro criminoso de guerra foi Eduard Roschmann, o “Açougueiro de Riga”, famoso pela execução de 30 mil judeus.

O próprio Stroessner teve um campo de concentração, com muros de 6 metros de altura, a 65 kms de Assunção, onde 528 prisioneiros se aglomeraram entre 1976 e 1978.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Paulo

28/02/2019 - 15h23

Lamentável! O ex-ditador está parecendo até o perverso Kim Jong il, pai do atual ditador da Coreia do Norte, que importava bailarinas da Europa…

    lucio

    28/02/2019 - 22h57

    importar é bem diferente de sequestrar…

      Paulo

      28/02/2019 - 23h16

      Não se você as obrigar a permanecer. Veja o caso dos japoneses importados pela Coréia, pra trabalhar, e que são hoje – se vivos estiverem – sequestrados a enlutar suas famílias!

Rodrigo

28/02/2019 - 12h32

Brilhante coluna, Miguel.

Alan Cepile

28/02/2019 - 12h20

Simplesmente NOJENTO.

Sem mais.


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