No seminário “Um Programa para o Rio”, que aconteceu nesta sexta-feira, 8, no auditório do Sindipetro, os principais partidos do campo progressista fluminense se reuniram para discutir caminhos e alternativas para o ciclo eleitoral que se inicia em 2020.
Organizado pelas Fundações do PSB, PDT, PcdoB e PCB, e com participação de políticos, professores e intelectuais, entre eles, o ex-deputado Antônio Carlos Biscaia, o evento teve como principal objetivo construir um projeto de governo que dialogue com a população. Com efeito, que seja também capaz de enfrentar a reeleição de Marcelo Crivella, e, consequentemente combater o crescimento da extrema-direita na capital.
Conforme definiu o presidente do PSB-RJ e líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon, “este encontro reforça a importância de uma unidade política para venceremos a eleição e segurarmos a caneta em 2021”.
Segundo o deputado, “quem está mais perto do segundo turno, não necessariamente tem a chance de vencê-lo. É preciso trazer as outras esquerdas para cá, e também o centro”.
Pré-candidata pelo PDT, a delegada Martha Rocha conclui sua fala com uma analise semelhante à de Molon. Para ela, “aqui não é o lugar de escolhermos um candidato para eleição municipal do ano que vem, mas decidir um programa que reflita o que nós, e, principalmente a sociedade deseja”.
Neste sentido, o também pré-candidato Brizola Neto, do PCdoB, afirmou: “temos uma abundância de nomes, mas a unidade é que vence eleição”.
Ao longo do Seminário “Um Programa para o Rio”, três mesas de debate foram organizadas. Na abertura do evento, onde falaram os responsáveis pela comunicação das fundações partidárias, Raphael de Carvalho, da Fundação João Mangabeira (PSB), fez uma importante análise: “O Rio de Janeiro ainda é a capital cultural deste país. Precisamos fazer deste encontro e desta eleição um tambor de ressonância, para que todos entendam a importância de uma esquerda unificada. Trata-se da retomada de uma aliança histórica entre trabalhistas, comunistas e socialistas”.
Após algumas breves considerações na abertura, Alessandro Molon (PSB), Martha Rocha (PDT) e Brizola Neto (PCdoB) iniciaram a primeira mesa do seminário, “Democracia e Desenvolvimento”. A mediadora foi Natália Mozart, do PCB. Nas falas, os palestrantes apresentaram meticulosamente os incontáveis problemas que a cidade do Rio de janeiro enfrenta. Para eles, consenso para sair desta crise é um estado capaz de investir em educação, saúde e segurança pública.
Os três fizeram duras críticas ao desmantelamento do programa “Clínica da Família”, que presta assistência social e cuidados médicos. Molon apontou que a crise na saúde passa, também, pela volta dos índices gritantes de tuberculose no município. Já Martha Rocha, em sua fala, enfatizou a falta de equipamentos, vagas e especialistas nos hospitais e clínicas da cidade.
O deputado Alessandro Molon falou, também, a respeito dos altos índices de desemprego que abateram o Rio de Janeiro. Para ele, diante deste cenário, é preciso fazer investimentos públicos, como obras, por exemplo, e consequentemente gerar emprego e renda. Não obstante, Molon reforçou que é fundamental eliminar a burocracia que impede o crescimento e aparecimento de pequenos e micro empresários.
Para Martha Rocha, assim como para o ex-ministro Brizola Neto, a saída para o Rio de Janeiro passa pelo retorno dos investimentos nos CIEPS, assim como a construção de novas unidades. O legado educacional e cultural de Leonel Brizola foi enaltecido pelos dois pré-candidatos, reforçando a ideia de que é possível a construção de um programa político progressista unificado.
Ao fim das três falas dos principais convidados da mesa, os deputados Carlos Minc (PSB), Enfermeira Rejane (PCdoB) e Chico D’Angelo (PDT) também fizeram breves considerações. Eles falaram sobre a importância da realização de um seminário e um programa de governo unificado, cujo objetivo, além de vencer as eleições municipais do ano que vem, é entregar para o povo um projeto que dialogue com suas necessidades.
Ao fim da primeira mesa, a geógrafa Tainá de Paula, Eduardo Serra e Everton Gomes tomaram lugares. Neste segundo debate, “Segurança Pública e Democracia para o Rio”, eles falaram sobre a grave crise de segurança pública na capital. A letalidade da polícia, assim como propostas para o armamento da guarda municipal, foram duramente criticados.
Em seu discurso, Tainá de Paula falou sobre a importância da desmilitarização da polícia, enfatizando que é preciso reconhecer, também, a dignidade e as dificuldades do trabalho do policial no Rio de Janeiro. Seu argumento foi acompanhado pelos outros palestrantes, principalmente por Everton Gomes, que fez questão de enaltecer o policial e buscou desmistificar a falácia de que defender Direitos Humanos é uma forma de afrontar o trabalho dos profissionais de segurança pública.
A última e terceira mesa do Seminário contou com a participação de professores e intelectuais. Intitulada de “Educação é Desenvolvimento”, e com participação de Lia Faria (UERJ), Geraldo Tadeu Monteiro (UERJ) e Hiran Roedel, a mesa, apesar de última no cronograma, foi uma das mais animadas. Ainda nesta mesa, o professor Marcos Andrade representou a Fundação João Mangabeira, do PSB. Ele afirmou que, antes de qualquer outra forma de desenvolvimento, em primeiro lugar vem a educação, que é o desenvolvimento humano.
Os professores, cada qual em sua fala, deram aulas sobre a importância dos CIEPS e do desenvolvimento estudantil estar atrelado à cultura e saúde. Para Tadeu Monteiro, é preciso retomarmos o projeto de “escolas cidadãs”, onde o aluno aprende e pratica valores democráticos e de cidadania.
Todos professores palestrantes defenderam mais investimentos na educação, principalmente no ensino fundamental, onde há maior evasão escolar. Lia Faria, ao fim da evento, fez uma das falas mais emblemáticas da noite. Segundo ela, “há um projeto em jogo para expandir o abismo de desigualdade social no Brasil, e isso passa pelo desestímulo à educação”.
Ao fim do evento, ficou claro que o campo progressista no Rio de Janeiro analisa com otimismo o próximo ciclo eleitoral. Vitórias nas prefeituras de grandes municípios são sempre fundamentais, e servem como termômetros para os rumos da corrida presidencial, que virá em 2022. Mas o Rio de Janeiro tem essa particularidade única: ser o tambor de ressonância política do Brasil. Talvez por isso a expectativa de vitória e mudança seja tão grande entre PSB, PDT, PCdoB e PCB.
Texto da Fundação João Mangabeira- PSB-RJ