PIB de 2020 fecha com maior queda em 24 anos

Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil

Selecionamentos alguns textos e gráficos publicados hoje pelo IBGE, relativos ao PIB do Brasil em 2020.

Um gráfico que merece destaque é a queda da taxa de investimento nos últimos anos.

A recuperação do investimento em relação ao PIB, vista nos últimos três anos, é uma ilusão de ótica, porque o PIB teve desempenho muito ruim nesse período. Ou seja, o investimento caiu, mas o PIB caiu mais ainda, o que gera um crescimento do investimento APENAS EM RELAÇÃO PIB.

A queda do PIB em 2020 foi de 4,1%. É a maior queda em 24 anos, mas é ainda menor do que se esperava, pois havia projeções de queda de mais de 10%. O que salvou a economia foi o Auxílio Emergencial, que funcionou como uma máquina de oxigênio, permitindo que a economia respirasse.

Ou seja, o Auxílio resultou em muito mais ganhos do que perdas para a economia brasileira.

Isso é uma lição importante. E o governo federal, se não estivesse ainda preso a tantos dogmas liberais já ultrapassados, tanto teorica como na prática, deveria manter altos níveis de investimento público, juntamente com um audacioso programa de transferência de renda (ou seja, dando continuidade ao Auxílio), e poderíamos ter excelentes resultados econômicos para os próximos anos.

O gráfico do IBGE mostra que a agricultura salvou a economia brasileira de um desastre maior. O forte aumento das exportações de produtos básicos, para a China sobretudo, evitaram o colapso do nosso PIB.

Pela ótima da demanda, observa-se que o governo Bolsonaro contribuiu para a crise ao reduzir o consumo da administração pública, o que nunca é aconselhável em momento de depressão econômica.

Nos gráficos abaixos, constata-se que o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo – FBCF) recuou 0,8% em 2020.

Abaixo, o texto divulgado pelo IBGE:

PIB cresce 3,2% no 4º tri, mas fecha 2020 com queda de 4,1%, a maior em 24 anos

03/03/2021 09h00 | Última Atualização: 03/03/2021 09h53

Agência IBGE — O Produto Interno Bruto (PIB) do país avançou 3,2% no quarto trimestre de 2020, mas encerrou o ano com queda de 4,1%, totalizando R$ 7,4 trilhões. É o maior recuo anual da série iniciada em 1996. Essa queda interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019, quando o PIB acumulou alta de 4,6%. O PIB per capita alcançou R$ 35.172 no ano passado, recuo recorde de 4,8%.

Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado hoje (3), pelo IBGE.

“O resultado é efeito da pandemia de Covid-19, quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisadas para controle da disseminação do vírus. Mesmo quando começou a flexibilização do distanciamento social, muitas pessoas permaneceram receosas de consumir, principalmente os serviços que podem provocar aglomeração”, analisa a coordenadora de Contas Nacionais, Rebeca Palis.

Em 2020, os serviços encolheram 4,5% e a indústria, 3,5%. Somados, esses dois setores representam 95% da economia nacional. Por outro lado, a agropecuária cresceu 2,0%.

Nos serviços, o menor resultado veio de outras atividades de serviços (-12,1%), que são os restaurantes, academias, hotéis. “Os serviços prestados às famílias foram os mais afetados negativamente pelas restrições de funcionamento. A segunda maior queda ocorreu nos transportes, armazenagem e correio (-9,2%), principalmente o transporte de passageiros, atividade econômica também muito afetada pela pandemia”, acrescenta Rebeca.

Caíram ainda, no setor de serviços, as atividades de administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-4,7%), comércio (-3,1%), informação e comunicação (-0,2%). Já atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (4,0%) e as atividades imobiliárias (2,5%) avançaram em 2020.

Na indústria (-3,5), o destaque negativo foi o desempenho da construção (-7,0%), que voltou a cair depois da alta de 1,5% em 2019. Também apresentaram queda as indústrias de transformação (-4,3%), influenciadas pelo recuo na fabricação de veículos automotores, outros equipamentos de transporte, confecção de vestuário e metalurgia. Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos caíram 0,4%. As indústrias extrativas, porém, avançaram 1,3%, devido à alta na produção de petróleo e gás que compensou a queda da extração de minério de ferro.

Soja e café puxam alta da agropecuária em 2020

A agropecuária cresceu, no ano, 2,0%, puxada pela soja (7,1%) e o café (24,4%), que alcançaram produções recordes na série histórica. Por outro lado, algumas lavouras registraram variação negativa na estimativa de produção anual, como, por exemplo, laranja (-10,6%) e fumo (-8,4%). “Isso decorreu do crescimento da produção e do ganho de produtividade da agricultura, que suplantou o fraco desempenho da pecuária e da pesca”, afirmou Rebeca Palis.

Consumo das famílias é o menor em 24 anos

Pelo lado da demanda, todos os componentes recuaram em 2020, na comparação com o ano anterior. O consumo das famílias teve o menor resultado da série histórica (-5,5%). Isso pode ser explicado, segundo a coordenadora de Contas Nacionais, principalmente pela piora no mercado de trabalho e a necessidade de distanciamento social.

A queda no consumo do governo também foi recorde (-4,7%), e pode ser ilustrada pelo fechamento de escolas, universidades, museus e parques ao longo do ano. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) caíram 0,8%, encerrando uma sequência de dois anos positivos. A balança de bens e serviços registrou queda de 10,0% nas importações e 1,8% nas exportações.

PIB avança 3,2% no quarto trimestre

No quarto trimestre de 2020, o PIB avançou 3,2% na comparação com o terceiro trimestre do ano (7,7%), registrando o segundo resultado positivo nessa comparação, depois dos recuos de 2,1% no primeiro trimestre e do recorde negativo de 9,2% no segundo trimestre. Em valores correntes, isso corresponde a R$ 2,0 trilhões. Quando comparado ao quarto trimestre de 2019, o PIB caiu 1,1%.

“Essa desaceleração é esperada porque crescemos sobre uma base muito alta, no terceiro trimestre (7,7%), após um recuo muito profundo no auge da pandemia, o segundo trimestre (-9,2%)”, explica Rebeca Palis.

Os serviços e a indústria tiveram variação positiva de 2,7% e 1,9%, respectivamente. Já agropecuária recuou 0,5%, que segundo Rebeca trata-se de um ajuste da safra.

Pela ótica da despesa, destaque para os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) com crescimento de 20,0%. Também cresceram o consumo das famílias e o consumo do governo, respectivamente, 3,4% e 1,1%. No que se refere ao setor externo, as exportações caíram 1,4%, enquanto as importações avançaram 22,0% em relação ao terceiro trimestre de 2020.

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