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Limites partidários da Frente Ampla dirigida pela esquerda

Por Theófilo Rodrigues Não há quem no mundo da política já não tenha ouvido algo sobre a construção de uma Frente Ampla contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022. Em geral, essa é uma formulação que parte de partidos da esquerda do espectro político como PT, PCdoB, PSB ou PDT. O problema é […]

23 comentários
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Por Theófilo Rodrigues

Não há quem no mundo da política já não tenha ouvido algo sobre a construção de uma Frente Ampla contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022. Em geral, essa é uma formulação que parte de partidos da esquerda do espectro político como PT, PCdoB, PSB ou PDT. O problema é que esse consenso em torno da Frente Ampla na esquerda vai até a página 2. Como a Frente Ampla é um significante vazio, cada ator ou atriz na cena política estabelece seus próprios critérios sobre quais seriam os elos a serem articulados nessa cadeia de equivalência.

O que todos têm em comum em suas cabeças quando pensam em uma Frente Ampla é a necessidade da esquerda conquistar setores do centro ou mesmo da direita para esse projeto. A pergunta que fica é: no sistema partidário, quais legendas seriam essas que estariam dispostas a serem conquistadas para uma candidatura de oposição ao governo Bolsonaro?

Analisemos o chamado Centrão primeiro. Partidos como PP, PSC, PL, PTB, PRTB, Patriota, PMB, Avante e PRB já expressaram em diversas ocasiões que apoiarão a reeleição de Bolsonaro. Ciro Nogueira, presidente do PP, já declarou publicamente que gostaria que o vice de Bolsonaro em 2022 fosse de seu partido. Ligado à Assembleia de Deus, o PSC, partido do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, já deixou claro que é ideologicamente próximo do presidente. O partido tem até o vice-líder do governo na Câmara, o deputado Otoni de Paula. Presidido por Roberto Jefferson, o PTB inclusive já convidou Bolsonaro a ser candidato à reeleição pelo partido. O mesmo convite também já foi feito pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e pelo Partido Patriota. O PRTB é o partido do vice-presidente Hamilton Mourão, que já se apresentou à disposição para a reeleição. Já o PRB, com fortes vínculos com a Igreja Universal do Reino de Deus, é a legenda em que estão filiados os filhos de Bolsonaro.

Na chamada direita tradicional – PSDB, DEM e MDB – ninguém espera uma aliança com a esquerda. Tudo indica que o PSDB terá uma candidatura própria, que hoje está sendo disputada pelo governador de São Paulo, João Dória, e pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O DEM, com a saída de Rodrigo Maia, caminhou ainda mais para a direita, além de ocupar importantes postos no governo Bolsonaro. Já o MDB, que é presidido pelo deputado Baleia Rossi, tende a seguir com o PSDB. Ademais, seria no mínimo surpreendente se o partido de Michel Temer apoiasse a esquerda após o impeachment de 2016.

Por razões óbvias, partidos de extrema-direita como PSL e Novo não devem nem ser discutidos.

Nesse cenário, para a construção da Frente Ampla liderada pela esquerda restam apenas três legendas do Centrão – SDD, PROS e PSD – e quatro legendas do centro – REDE, PV, Cidadania e Podemos.

No centro, a REDE e o PV têm demonstrado simpatia pela candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT). Ao mesmo tempo, esses partidos indicam que não aprovariam aliança com o PT em 2022. O Cidadania parece querer esperar até o último minuto pela candidatura do apresentador Luciano Huck. A história recente nos sugere, no entanto, que num cenário sem Huck o Cidadania esteja mais próximo da candidatura da direita tradicional. Já o Podemos tem feito de tudo para que Sergio Moro seja o seu candidato, hipótese cada vez mais distante desde o vazamento das polêmicas gravações do ex-juiz com os integrantes do Ministério Público Federal.

No Centrão, há partidos que apoiam a agenda de Bolsonaro no Congresso e ocupam cargos no governo federal, mas que possuem discursos de independência em alguns momentos. É o caso de PSD, SDD e PROS. Presidido por Gilberto Kassab, o PSD é o partido do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, que tem sido um crítico feroz da gestão da pandemia que o governo Bolsonaro tem feito. Alguns apontam que o PSD poderia ser um partido aliado da candidatura de Ciro Gomes. Por outra via, o PROS foi o único partido que apoiou a candidatura presidencial do PT em 2018, além do PCdoB. Contudo, suas lideranças regionais como os deputados federais Clarissa Garotinho do Rio de Janeiro e Capitão Wagner do Ceará estão cada vez mais próximas do governo Bolsonaro. Já o SDD, ligado à Força Sindical, é um partido que enfrenta uma contradição: embora queira participar do governo Bolsonaro, percebe parte de sua base sindical insatisfeita com a agenda neoliberal de Bolsonaro. Ou seja, os três partidos são os únicos do Centrão que parecem apresentar chances, ainda que mínimas, para uma participação em Frente Ampla com a esquerda. Mas dificilmente sob a liderança do PT…

Na esquerda, como já foi dito, Ciro Gomes não abre mão de ser candidato presidencial do PDT com os apoios de REDE e PV. O PSB, que até alguns meses atrás parecia ser o principal aliado de Ciro, agora já fala abertamente em abrir o partido para uma candidatura outsider como a de Luciano Huck ou mesmo apoiar Lula. Do outro lado, o PT também não cederá a cabeça de chapa, ainda mais com a possibilidade do ex-presidente Lula ser o candidato. O PCdoB ainda não tem uma posição oficial, mas o partido apoiou o PT em todas as eleições presidenciais da Nova República entre 1989 e 2018. Além disso, o próprio governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), já declarou para a imprensa que se Lula for candidato o apoiará. Até mesmo no PSOL tendências lulistas começam a crescer. Principal prefeito eleito pelo partido, Edmilson Rodrigues já pede publicamente que Lula “lidere a esquerda brasileira”, enquanto Marcelo Freixo, deputado federal do PSOL, diz que Lula é “fundamental” para a construção do projeto da oposição. Com efeito, a tendência hoje é a de que a única possibilidade do PT não ter uma candidatura puro sangue em 2022 é se Lula for o candidato.

O PCdoB tem sido a principal voz em defesa de uma unidade entre essas duas candidaturas, as de Lula e Ciro. Mas a realidade sugere que essa unidade em torno de uma Frente Ampla única liderada pela esquerda seja cada vez mais improvável.

Em síntese, o que se percebe é que uma Frente Ampla de partidos liderada pela esquerda não será tão ampla assim. Isso pode mudar nos próximos 15 meses? Certamente pode. Mas o cenário de hoje não é alvissareiro para os que defendem uma larga coligação anti-Bolsonaro já no primeiro turno da eleição de 2022. O mais provável é que essa Frente Ampla de partidos só se realize no segundo turno da eleição, o que já será uma grande novidade, na medida em que isso não ocorreu em 2018. Se por cima, pela via partidária, o caminho parece ser de muitos obstáculos, talvez seja o caso da Frente Ampla ser construída por baixo, pela via da sociedade civil.

Theófilo Rodrigues é cientista político.

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Comentários

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EdsonLuiz.

14/03/2021 - 18h11

Ciro, para viabilizar um projeto que vença a nociva polarização política entre populistas, só não pode dar beijo na boca do Demônio.

Ciro deve buscar todas as forças saudáveis, todas as que lutam por democracia. Deve procurar Todas as forças que são progressistas, sem distinção ideológica (e já lutar por democracia, não atuar para desacreditar a imprensa livre e outras instituições da democracia, principalmente as instituições do judiciário e não apoiar e sustentar regimes autoritários é um primeiro compromisso progressista; o contrário disto é autoritarismo, mesmo quando esse autoritarismo vem embrulhado em narrativas de ajuda aos mais pobres mas que não passa de assistencialismo barato, realizado com políticas artificiais que vão logo à frente agravar mais a pobreza, como aconteceu a poucos anos e suas consequências perduram). E Ciro deve evitar todas as forças políticas que despolitizam, que instrumentalizam o Estado e instituições da sociedade, principalmente os movimentos sociais progressistas, para uso político particular, para si e para seus empresários apaniguados.

Muitos, cinicamente, vão tentar constranger e inibir a busca de alianças importantes, mas são pessoas que jogam para atrapalhar o Ciro, mas aceitam que seu Mito procure até bolsonaro se aparecer alguma oportunidade (duvidam?). Eu estou afirmando – isso mesmo, estou afirmando – que o Lula, se tiver oportunidade, não vai nem piscar para uma aliança, direta ou indireta, com bolsonaro.
E os apoiadores de Mitos não só absorvem Todas as suas alianças com demônios como também beijam os demônios na boca junto com o seu Mito.

Ciro, pudor, mas sem ingenuidade.
Só beijar na boca de demônios não pode. Beijar na boca de demônios deixa a boca queimada.

Helio

14/03/2021 - 13h10

Não há porque apresentar razões que justificam a liderança de Lula na luta contra o desastroso governo e enfrentamento dos candidatos da direita, a repercussão ao seu primeiro discurso é registro incontestável do reconhecimento dessa liderança por todos os segmentos de nossa sociedade. Era a voz que nos faltava. As razões estão apresentadas pelos corretos e sustentados comentários aqui publicados. Quanto ao Ciro, não pode haver ilusão, é vazio de virtudes para exercer esse papel: falta equilíbrio emocional. Já nos bastou o Collor com esse perfil. A ele poderia ser destinado um cargo no Senado, que ainda não garantirá um voto comprometido com posições progressistas.

Netho

13/03/2021 - 23h56

O PT e Lula não aprenderam nada, não esqueceram nada.
A repetição dos erros crassos dar-se-á em 2022.
Lula e o PT não se importam com outra coisa que não sejam os fundos eleitoral e partidário (mais ou menos meio bilhão de reais) bem como com o protagonismo e hegemonia dos campos democrático, popular e progressista.
Lula sabe que os filhotes da ditadura tomaram o poder por conta das suas delirantes escolhas políticas completamente equivocadas.
Lula dobrou a aposta em Dilma e triplicou a aposta em Haddad.
Deram no que deram.
Agora Lula quadruplica aposta!
Sem considerar que o Jair da Pandemia e o Mourão da Cavalaria só chegaram aos Palácios do Alvorada e Jaburu pelas ineptas e inaptas táticas eleitorais lulistas em 2014, 2016 e 2018.
O capitão de hospício não precisa de apoio de ninguém, só precisa do antípoda ideal, de forma a aglutinar todo o anti-lulo-petismo em torno de si.

Ricardo

13/03/2021 - 23h05

COM LULA NO JOGO DE NOVO É NATURAL QUE SEJA ELE O NOME A ENCABEÇAR O PROCESSO DA FORMAÇÃO DESSA FRENTE DE ESQUERDA, MESMO QUE ELE NÃO SEJA O CANDIDATO…..COMO TAMBÉM É NATURAL QUE CIRO GOMES HOJE ESTEJA DISTANTE DESSA FRENTE DE ESQUERDA DEPOIS DE TODAS AS AGRESSÕES SÓRDIDAS QUE TEM FEITO A LULA, DILMA, DINO, PT, JORNALISTAS DO CAMPO DEMOCRÁTICO, ETC….CIRO NUNCA SERÁ PRESIDENTE POIS FALTAM PRA ELE 2 COISAS: VOTOS E CARÁTER, SIMPLES ASSIM!!!!

Alan C

13/03/2021 - 19h29

Há grande possibilidade do golden shower se reeleger. Não por ele, pois é uma besta, mas pelp impasse que o campo progressista se encontra.

Lula perde pro asno no 2º turno, isso é um fato incontestável.

Ciro ganha, mas não tem voto pra chegar lá, e uma eventual nova a transferência de votos – QUE NÃO ADIANTOU EM NADA EM 2018 – não é garantida pra 2022.

Esse impasse não será resolvido, Lula e Ciro são completamente incompatíveis.

Esse impasse é o maior cabo eleitoral do asno.

    Santos M.

    13/03/2021 - 21h47

    Ciro ganha….kkkkkkkkk

Batista

13/03/2021 - 11h49

Em relação a mais essa ‘fátua narcirista’, consideremos inicialmente o que diz a jornalista Cynara Menezes:

“Nunca teremos a versão Ciro paz e amor.
Ele não percebe que não há lugar para duas pessoas com esse perfil no segundo turno. De macho tóxico já basta o Bolsonaro”.

E para completar, o autor, cientista político, ao final do texto:

“(…) Se por cima, pela via partidária, o caminho parece ser de muitos obstáculos, talvez seja o caso da Frente Ampla ser construída por baixo, pela via da sociedade civil.”

Já está a ocorrer, Theófilo, e a gente entende quanto o confinamento extremo é mais que necessário, porém não precisa exagerar e ficar a semana toda distanciado dos fatos, né?

    Batista

    13/03/2021 - 11h54

    Ao invés de ‘é mais’, ‘ser mais’.

Marcelo Diniz

13/03/2021 - 11h15

O site é ótimo. Traz boas reflexões para o campo progressista. Mas vou te dizer: a qualidade dos comentaristas está deixando a desejar. O sujeito que desconsidera aliados importantes e diz que é o site que contribui para o divisionismo é esquizofrênico ou cínico. Lula tem todas as chances de ser Presidente novamente. Basta o PT calçar as sandálias da humildade e ter um programa que preste.

    Alan C

    13/03/2021 - 19h23

    Não tem… e a própria petezada sabe disso.

Marcelo Diniz

13/03/2021 - 11h14

O site é ótimo. Traz boas reflexões para o campo progressista. Mas vou te dizer: a qualidade dos comentaristas está deixando a desejar. O sujeito que desconsidera aliados importantes e diz que o site é que contribui para o divisionismo é esquizofrênico ou cínico. Lula têm todas as chances de ser Presidente novamente. Basta o PT calçar as sandálias da humildade e ter um programa que preste.

Lincoln

13/03/2021 - 10h45

O texto é bacana
E retrata o momento atual

Porém não diz do principal:

O maior cabo eleitoral são as pesquisas eleitorais
E as expectativas concretas de chegada ao poder
Mais o desastre o desgoverno Bolsonaro

Isso resume a
Continuidade do caos mais quatro anos de Bolsonaro

Bom senso Lula

Todos os demais forças irão se alinhar a esses polos

Tony

13/03/2021 - 10h03

Tem que conquistar o eleitor e nao os partidos, ao eleitor dos partidos nao interessa nada.

    Lincoln

    13/03/2021 - 13h39

    Sim

    Vamos ser claros:
    Com Lula no jogo
    A tendência é ele ser um polo anti Bolsonaro

    E como o governo é muito ruim
    A escolha será a de qual pessoa e projeto vai substituir Bolsonaro

    O jogo é Lula pt
    Ou
    O caos permanecerá

      Tony

      13/03/2021 - 15h31

      Projetos na política não existem a não ser os de ditaduras. Nas democracias é tudo no dia a dia pois há várias partes que entram no jogo e todos os dias a história muda.

      Os “projetos” são cretinices de políticos para propaganda e nada mais, não sabem minimamente do que falam e muito menos como por em prática.

      Tony

      13/03/2021 - 15h32

      Lula não está em nenhum jogo.

André

13/03/2021 - 09h39

Os comentários do cafezinho seguem destruindo a esquerda. É um site que trabalha pela divisão e vem fazendo isso a anos. Será que dá para se dar conta do buraco em que estamos? Será que dá para perceber que regredimos em vários aspectos a 30-50 anos atrás? O que falta para perceber que destruíram as leis trabalhistas? Os direitos dos trabalhadores? A aposentadoria? O direito a reposição salarial?
O cafezinho continua não dando a mínima para a realidade e apostando numa divisão que insistem em criar. Investem de novo no mal caráter do Ciro que é responsável direto por todo este caos e estas mortes.
Ciro é carta fora do baralho. Esta negociando com a direita, sua origem, e vai se afundar com ela.
Parem de dividir e comecem a somar.

    Luiz

    13/03/2021 - 14h01

    Ciro avisou que Dilma não tinha o traquejo necessário para assumir a presidência, avisou que Temer não deveria ser vice, avisou que Eduardo Cunha não deveria assumir Furnas, avisou que havia desvio de dinheiro na Petrobrás, avisou que a lei da ficha limpa era uma temeridade, avisou que se Cunha fosse presidente da câmara Dilma não terminaria o mandato, avisou que insistir na candidatura de Lula em 2018 era dançar na beira do abismo. Então como é que Ciro tem alguma responsabilidade direta sobre esse “caos e mortes”? Suponho que você diria que ele foi para Paris. Sim, foi, quando a eleição já estava definida. Bolsonaro teve no primeiro turno mais votos do que Ciro e Haddad juntos, era óbvio que Haddad não venceria (da mesma forma na eleição municipal em São Paulo, pelo resultado do primeiro turno era óbvio que Covas venceria com cerca de 60% dos votos no segundo turno). Nem Ciro nem ninguém poderia ter alterado o resultado do segundo turno em 2018.

    A estrada que nos trouxe até esse estado de “caos e mortes” começou a ser pavimentada quando o governo Dilma não soube lidar com as manifestações em 2013, cometeu estelionato eleitoral em 2014 e falhou em combater efetivamente a crise econômica, o que resultou em quedas de 3% do PIB (olha só, quase tão grandes quanto a registrada em uma ano de pandemia) em 2015 e 2016. Presumo que a sua sugestão para reverte esse quadro é que todo o campo progressista se curve perante ao mesmo partido que cometeu todos esse erros. Pera lá! Gato escaldado deveria ter medo de água fria. Os erros do passado não excluem automaticamente o PT de ser uma solução, mas no mínimo deveríamos ser céticos e ter um olhar crítico sobre as propostas do partido. A meu ver, a esquerda não precisa de união, muito menos de um alinhamento automático a um determinado candidato, a esquerda precisa de diversidade e independência. Precisamos que cada partido, cada postulante à presidência apresente suas ideias, seus projetos, precisamos de debates, de críticas, de pontos e contrapontos para que o eleitor possa avaliar cada proposta e dessa discussão é que surgirá a melhor saída possível.

    PS.: Há anos DCM, 247, etc, fazem tudo o que podem para descreditar Ciro, Marina, Heloísa Helena, Luciana Genro, qualquer um que rivalize com o PT pela esquerda. Fico imaginando se você também vai até esses blogs para acusá-los de estarem dividindo a esquerda.

      Francisco

      13/03/2021 - 18h07

      Cara, desculpa mas cansa rebater ‘commodities políticas’ disparadas por quem enxerga mas não vê, ou por quem enxerga, vê e, estrategicamente, finge que não vê, pelo excepcional volume de deficiência visual apresentado nesse tempo, no Brasil.

      Se não finge, aconselho que mergulhe, pois esse rio é um bocadinho mais volumoso e rola bem mais água do que conta.

      Por exemplo se der ao trabalho de fuçar, na certa, durante os quatro meses que Ciro foi ministro da fazenda de Itamar, antes de FHC assumir e descartar Ciro como ministro, olhando bem aprenderá que já existia o tal ‘desvio de dinheiro na Petrobrás’, na verdade, não bem ‘desvio de dinheiro’ e não bem ‘na Petrobras’, mas isso é outra estória, mas nada impede-o de descobrir que ‘nem tudo que parece, é’, além de lembrar que providencial e seletivamente, o ex-juiz premiado ministro determinou que se investigasse apenas a partir de 2003, coincidentemente o período dos governos do PT.

      Mas o que queria mesmo é dizer-lhe inútil, pura perda de tempo, desacreditar Ciro, Marina, Heloísa Helena e Luciana Genro (esqueceu do Cristovam Buarque), e o PT mais que ninguém sabe disso, pois esses garantem serem desacreditados por eles próprios. Exímios atiradores nos próprios pés.

      Basta conferir a trajetória descendente com os fatos, descarte as narrativas, essas interessam apenas ao espécime bolsonaurus, que vive em um universo paralelo, embora à realidade desgovernem o Brasil, a partir desse virtual universo paralelo.

      Coisa doida né, mas por voto ou omissão elegeram-no, afinal era ‘muito difícil decidir entre Bolsonaro e Haddad’, sem contar ter que ajudar a classe dominante na campanha “PT NUNCA MAIS”, dada a “Maior Corrupção da História da humanidade”, né mesmo?

Tiago Silva

13/03/2021 - 09h22

Trago à baila do debate uma resposta que fiz ontem ao colega de comentários Alexandre Neres… E que acredito que seja útil para os leitores ou jornalistas deste blog:

Quem conhece minimamente sobre política e direito sabe que o corrupto Sérgio Moro está destinado a ser o lixo da História, como Collor hoje é compreendido, mas não foi assim na sua época.

Daí, hoje Bolsonaro e Lula inviabilizam outros candidatos a segundo turno por consolidarem algo em torno de 25% a 30% (com um núcleo duro de aproximadamente 15%). Ocorre que já características comunicacionais nestes candidatos que os fazem conseguir manter esses percentuais, mesmo com um ataque da imprensa (que durou muito mais e foi muito mais intenso inclusive com a utilização da Farsa a Jato como partido político a utilizar cargos públicos de forma Politiqueira para tentar influenciar no voto e opinião das pessoas). Porém mesmo Lula que tem grande capacidade Comunicacional em mídias de massa e carisma de palanque, foi derrotado por candidato do Marketing (e da Globo) que foi Collor…. Já Bozo é um fenômeno em mídias sociais, que foi impulsionado pelas falas de ódio dele que eram atributos buscados por algorítimos do YouTube para buscar mais visualizações e engajamentos (se beneficiou também da impunidade que essa terra sem lei da internet lhe proporcionava e aos seus seguidores). Porém, a Direita apesar de querer manter o neoliberaloide do Guedes em todos os candidatos, ainda busca algum candidato que possa assumir uma embalagem do Marketing para enganar pela aparência: a primeira aposta foi Dória, depois Moro, poderia ser Huck e agora parece que buscam o Eduardo Leite.

Ocorre que Dória já tem a pecha de não confiável, Huck a pecha de candidato da Globo (e não alcança mais que 40 % em segundos turnos, pois os identificados com os polos de Direita e Esquerda representam algo em torno de 60% e tem um voto ideologizado). Sobraria o Politiqueiro do Moro ou Eduardo Leite. Hoje o corrupto do Moro (utilizou cargo público para prêmio e finalidade Politiqueira) seria um candidato que não poderia ser rivalizado nem por Lula e nem por Bolsonaro para o Politiqueiro Moro não se vitimizar e com isso ascender como “anti-sistema”, mas poderia e deveria ser rivalizado por Ciro que então se poderia desconstruir a imagem que ainda tem para o povão que o pode ter como segundo voto ou primeiro voto para a classe média alta (homem, mais de 5 SM, ensino superior completo, principalmente do Sul e capitais) que migrou do Bozo para o Politiqueiro do Moro – mas o cínico do Moro tem um problema intransponível: ele não tem carisma, sua comunicação não empolga e é fraco em debates (que ainda transparece suas limitações de conteúdo e de vocabulário). Seria o oponente ideal para que o Ciro marcasse uma posição ganhando uma simpatia dos eleitores históricos do PT, dos eleitores que se sentiram enganados pelo Bozo e que ainda não se sentem enganados pelo Moro, além de um voto de quem quer fugir da polarização. Uma pena que o Ciro é mal assessorado em termos comunicacionais e deu um tiro no pé ao tentar inflar ou manter um antipetismo (aliás este blog Cafezinho demonstra a falta de visão estratégica).

Não duvide da Direita buscar produzir novos Collor, como foi o caso do próprio Capetão.

Daí, a Esquerda tem que agir de forma estratégica e por nichos para que possa ganhar as eleições (isso eu trato não só do Lula, mas se o Ciro ou Boulos fosse para o segundo turno… Precisariam mais de 50% dos votos no primeiro turno em candidatos de Esquerda). Assim a briga nunca deveria ser Ciro x Lula (nesse caso Ciro apenas foi a “Esquerda que a direita gosta” – para se municiar a direita de vídeos a viralizar, mas não votar no Ciro)…

E deveria ser dessa forma em período pré-eleitoral até o fim do primeiro turno: 1- Lula x Bolsonaro (claro que todos da esquerda versus Bozo, pois deveria-se combater esse desgoverno desumano e neoliberaloide, mas aqui trato de uma briga pelo voto do eleitor humilde e que sente-se encantado por líderes carismáticos), 2- Ciro x Moro (e aí Ciro buscaria demonstrar que Moro seria um Politiqueiro de tendencias tucanas, elitistas e neofascista que usou cargo público pra praticar crimes e manipular a democracia, entregando patrimônio nacional a interesses estrangeiros, além de buscar desconstruir a falsa concepção de que o juiz Politiqueiro seria capacitado ou correto… Teria que mostrar que o Moro é o sistema Elitista e Cínico brasileiro), 3- Boulos x Neoliberalóides do Partido Novo (buscar o público jovem), 4- Djamila Ribeiro e outra mulher como vice do PC do B (para buscar o voto feminino jovem, já que Manuela D’Ávila seria candidata a deputada para buscar ultrapassar barreira eleitoral) e por aí vai…

Em 2018 achava que o Haddad não teria a simpatia necessária para ganhar, assim como a capacidade Comunicacional de Bozo principalmente nas redes sociais que se tornaram tão fundamental dificilmente conseguiria ser vencida, a opção mais competitiva para a Esquerda naquela época teria sido a opção que foi apresentada ao Ciro e ele não aceitou (ser vice de Lula e no seu impedimento assumir a cabeça de chapa com Haddad de vice em algo que a Argentina conseguiu depois) ou um candidato do PT que tivesse mais simbolismos para aquele momento em que Bolsonaro seria o Trump brasileiro, daí advogava que Paulo Paim poderia ser seu oponente como um Obama Brasileiro (e além do recall do Nordeste de Lula, poderia ter também uma penetração maior no sul e nas periferias de capitais do sudeste), mas parece que só ouvem João Santana – e na ausência dele, batem cabeças.

Em 2020 já são outros elementos e não se pode buscar estratégias para situações do passado para não forçar um anacronismo que tende à derrota. O principal é que se deveria ter coordenação e a esquerda buscar uma série de candidatos por nicho, mas com um programa base comum (que poderia ser uma sinergia entre os programas do PDT, PT, PSOL e PC do B… E até do PSB caso não seja abrigo ao Huck).

O poder dos que ganham com o modelo excludente do Brasil sempre vão buscar um Novo Collor e só se sairia dessa artilharia midiática e Comunicacional com muita coordenação e estratégia (que faltou ao Ciro quando age como biruta de aeroporto ou ao PT quando perde o carisma de Lula ou perde seu encanto pelo pragmatismo exacerbado que desengaja – principalmente quando buscam cortejar o direitão/centrão do MDB, DEM, PP, entre outros golpistas antes das eleiçóes).

    Gus

    13/03/2021 - 12h36

    Na minha concepção “a esquerda que a direita gosta” é aquela que permite a concentração bancária e lucros recordes de bancos, que não move uma palha em prol de um sistema tributário progressivo.

      Francisco*

      13/03/2021 - 17h10

      Acorda, ‘sub-20’.

      Se apenas por abrandar a desigualdade com inúmeras ações, sem que lhes fosse arranhado o patrimônio e os privilégios, mas lançados os instrumentos futuros para um Brasil mais inclusivo, via facilitação do acesso das camadas mais pobres ao ensino superior, com recursos do pre-sal a ancorar essa alforria rumo inclusive a nossa soberania, combinado com projetos destinados a garantir a Amazônia Azul, a inserção do Brasil no cenário político internacional como player, via participações no G8, G20, Brics, Mercosul e por aí vai, a classe dominante topou as parceria com o Norte, ao sentir e assustar-se que pelo voto não mais retomaria o poder central, para então embarcar no golpe honduro-paraguaio aplicado em 2016, imagina então se partisse logo para fazer o que, levianamente ou desavisadamente, cobra?

      Aprenda com Genoíno, ‘um dos maiores corruptos da história da humanidade’, segundo adestrado por ‘ilibadíssimos’ a serviço da Casa Grande, que abriga e protege há séculos a classe dominante:

      “Lula viabilizou o desejo de um País inclusivo, democrático e soberano. Quando essas três coisas se juntam na história do Brasil, a classe dominante dá um golpe”.

      Tiago Silva

      14/03/2021 - 09h05

      Caro Gus,

      Uma coisa não exclui a outra… Tanto que se reparar novamente no meu primeiro comentário, coloquei sobre o “pragmatismo exacerbado que desengaja” (principalmente em se buscar cortejar demasiadamente os partidos de direita que alguns denominam “centrão” – PMDB, PP, DEM, etc -, mas que buscam manter a estrutura desigual brasileira.

      Infelizmente é bem difícil romper com os sucessivos recordes dos lucros desde Collor e mesmo que em períodos de recessão, pois estes participam do financiamento do Estado e geralmente chantageiam, quando não impediam por seus representantes no CN qualquer mudança, ainda mais quando era tão pesado o financiamento empresarial para garantir que esses interesses continuassem a dominar (hoje continuam fortes, mas de outros meios como a criação de movimentos para captar representantes no Parlamento).

      Sobre as reformas que o PT deixou de fazer, concordo que o pragmatismo exacerbado do PT em se autolimitar (limitar as propostas já prevendo a não aprovação) desengajou sua militância e pode também ser a “esquerda que a direita gosta”. Ocorre que também não é fácil ser governo, pois veja o caso do PDT que nem foi governo, mas muitos de seus parlamentares votam contra o próprio programa do partido (ou veja o descompasso do que Ciro fala e do que Mauro Benevides vota – e olha que nem se chegou a ser governo e nem se concretizou o casório com o DEM que poderá tender a se ter uma coisa nos discursos e outra na prática). O PSB descambou desde o golpe e hoje paga por sua incoerência.

      Se esse pragmatismo do PT em mudar pouco as estruturas Neoliberais montadas pelo governos do PSDB para que pudesse fazer a inclusão apenas por políticas públicas e políticas econômicas foi um pragmatismo exacerbado (e que hj é uma mácula para o PT), também não se pode deixar de observar que a falta de estratégia de Ciro Gomes que o faz ser uma biruta de aeroporto que municiar principalmente a direita com suas falas… Também faz Ciro ser a “esquerda que a direita gosta” (como já falava Brizola e Darcy). O pior é que isso só aumenta a desconfiança da esquerda em relação ao Ciro, pois o que ele fala não é o que os parlamentares do PDT votam (isso ainda vindo de Cid Gomes e Mauro Benevides), além de desde 2018 buscar união com o DEM ou ter dificuldade de atacar o PSDB, quando muitas vezes quer ajudar no reposicionamento da marca PSDB após este partido liderar o golpe (e liderar todas as Deformas anti-trabalhador) e liderar o parlamentarismo pós-golpe até ser escanteado pelo Capetão (mas votando com ele nas pautas desumanas do Guedes).

      Daí, Ciro Gomes ao inflar o antipetismo apenas é a “esquerda que a direita gosta” e sua falta de visão em não rivalizam com o juiz corrupto do Sérgio Moro o fez perder uma oportunidade de se mostrar que buscaria mudar o sistema (e ainda ganhar votos de uma classe média que se decepciona com o Capetão, mas que se abriga no ex-Juiz Politiqueiro por ainda não terem desconstruído sua imagem de paladino e NeoFascista anti-pt)… E o pior, todo esse esforço em querer se unir ao DEM e ao PSDB podem ser um prenúncio de que se fala uma coisa, mas vai se fazer outra.


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