Na CPI, presidente da Anvisa detona postura de Bolsonaro

Nesta terça-feira, 10, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o almirante Antônio Barra Torres, detonou o discurso negacionista de Jair Bolsonaro durante seu depoimento na CPI da Covid-19 no Senado Federal.

De início, Torres deixou claro que se arrependeu de ter aparecido ao lado de Bolsonaro em uma manifestação no início da pandemia, em março do ano passado.

“É óbvio que em termos da imagem que isso passa, hoje tenho plena ciência de que se pensasse mais cinco minutos não teria feito”, afirmou.

Naquela ocasião, o presidente da Anvisa teria um reunião com Bolsonaro, que segundo ele, se deslocou até seus apoiadores ao ver a manifestação em frente ao Palácio do Planalto.

“Eu estive no Palácio do Planalto em conversa particular com o presidente naquele dia. Havia, sim, uma manifestação na área em frente ao Palácio do Planalto, e, quando eu cheguei, o presidente deslocou-se para a proximidade dos seus apoiadores, o que é comum”, detalhou.

Durante a sessão, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), leu algumas afirmações de Bolsonaro contra a vacinação e perguntou a Barra Torres se ele concordava com as falas do presidente.

“Todo o texto que Vossa Excelência leu e trouxe à memória agora vai contra tudo o que nós temos preconizado em todas as manifestações públicas, pelo menos aquelas que eu tenho feito e aquelas de que eu tenho conhecimento, que os diretores, gerentes e funcionários da Anvisa têm feito”, afirmou.

Em outro momento, o almirante ressaltou que “discordar de vacina e falar contra vacina não guarda uma razoabilidade histórica inclusive. Vacina é essencial e essas outras medidas inclusive”, disse.

“Então, eu penso que a população não deve se orientar por condutas dessa maneira. Ela deve se orientar por aquilo que está sendo preconizado, principalmente pelos órgãos que têm linha de frente no enfrentamento da doença”, concluiu.

O presidente da Anvisa também foi perguntado sobre seu posicionamento a respeito do uso de cloroquina e o tal do “tratamento precoce” contra o novo coronavírus.

“Até o presente momento, no mundo todo, os estudos apontam a não eficácia comprovada em estudos ortodoxamente regulados, ou seja, placebos controlados, duplo-cego e randomizados. Então, até o momento, as informações vão contra a possibilidade do uso na covid-19”, detalhou.

“Minha posição sobre o “tratamento precoce” não contempla essa medicação [cloroquina], por exemplo. Contempla a testagem, o diagnóstico e, obviamente, a observação de todos os sintomas que a pessoa pode ter e tratá-los para combatê-los o quanto antes. Essa doença mostra que, quando ela acomete em nível pulmonar, já é um pouco tarde para atuar; os resultados são muito ruins no diagnóstico de médio prazo e tardio”, completou.

Assista o depoimento na íntegra!

Redação:
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