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Jairo Nicolau analisa as chances de uma vitória de Lula no primeiro turno

Por Jairo Nicolau Em todas as conversas sobre as eleições presidenciais desse ano, é inevitável ouvir a pergunta: Quais são as chances de Lula ganhar no primeiro turno? A pergunta, em geral, é respondida de duas maneiras. A primeira baseia-se em cenários hipotéticos sobre o que deve acontecer nos próximos meses até o primeiro domingo […]

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Imagem: Divulgação

Por Jairo Nicolau

Em todas as conversas sobre as eleições presidenciais desse ano, é inevitável ouvir a pergunta: Quais são as chances de Lula ganhar no primeiro turno?

A pergunta, em geral, é respondida de duas maneiras. A primeira baseia-se em cenários hipotéticos sobre o que deve acontecer nos próximos meses até o primeiro domingo de outubro. Os cenários servem ora para justificar a hipótese da vitória de Lula no primeiro turno (os eleitores de Ciro Gomes devem aderir ao voto útil; a piora do quadro econômico, com a alta da inflação, provavelmente beneficiará o candidato do PT), ora para justificar a realização do segundo turno (a campanha negativa deve tirar pontos de Lula; o uso da máquina federal provavelmente ajudará Bolsonaro a crescer).

A segunda maneira de estimar as chances de vitória de Lula no primeiro turno toma como referência os resultados das pesquisas de opinião. O raciocínio é direto: se uma pesquisa mostra que a intenção de voto de Lula supera a soma dos outros candidatos (ou está próximo desse patamar), então, a chance de ele vencer no primeiro turno é alta.1

O problema com a ligação direta entre o número revelado por uma pesquisa e a probabilidade de vitória no primeiro turno é que sabemos que existe um grau de incerteza inerente à toda pesquisa eleitoral. Parte dessa incerteza é revelada pela margem de erro: com base em simulações e no fundamento da pesquisa amostral, sabemos que se um instituto pudesse realizar dezenas de pesquisa simultaneamente os resultados variariam; Lula teria 46% em uma amostra, 45% em outra; 44.5% em outra; novamente 46% em uma seguinte.

O meu desafio era transformar o percentual que é divulgado numa pesquisa eleitoral em uma probabilidade mais precisa: Se um candidato tem X% das intenções de voto, qual a chance de ele vencer no primeiro turno? A ideia é apresentar uma estimativa melhor do que a escala qualitatival que domina as conversas (“a probabilidade de a eleição se decidir no primeiro turno é muito alta”, “As chances de Lula são mínimas”).

Afinal, muita gente já usa a linguagem probabilística observando a previsão do tempo, ou as chances de seu time ser campeão ou ser rebaixado. Torcedores do Fluminense, como eu, se lembram do Brasileirão de 2009, quando os matemáticos estimaram que o time teria 99% de cair para a segunda divisão. Uma sequência de 10 jogos sem perder, salvou o time e ajudou às pessoas a pensarem probabilisticamente.

O estatístico Nate Silver, coordenador do site Five Thirty Eight, se notabilizou por criar modelos que calculam a probabilidade dos candidatos nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Os modelos são baseados nas pesquisas de opinião de dezenas de institutos.

A minha estratégia é diferente, já que é baseada em uma única pesquisa, a Genial/Quaest publicado que foi a campo no começo do mês de junho. Utilizei uma técnica chamada bootstraping, que consiste em extrair muitas amostras dos dados observados. Na prática, os dados observados acabam servindo como a população da qual as amostras serão extraídas.

Como o interesse é estimar a probabilidade de vitória no primeiro turno precisamos excluir os eleitores que dizem que não irão comparecer e os que pretendem votar nulo ou em branco.2

A partir da pesquisa Genial/Quaest de junho de 2022 extrai 10.000 amostras, com 1.860 casos em cada uma. A proporção média obtida por Lula nessas 10 mil amostras é de 50.6%, com intervalo de confiança (a 95%) variando entre 48.3% e 53.8%.

O passo seguinte é calcular o percentual das 10.000 amostras que ultrapassam os 50%. Assim chegamos a um número que pode ser lido com a probabilidade de vitória de Lula no primeiro turno: 71 %. Ou seja, se pudéssemos reproduzir a pesquisa Genial/Quaest 10.000 vezes (com amostras de 1860 entrevistados em cada uma), em 71% delas Lula obteria mais de 50%.

O gráfico abaixo mostra a distribuição das amostras. Na base do gráfico, o ponto indica a média de todas as amostras, as linha à direita e à esquerda do ponto mostram a margem de erro. O lado azul mais escuro indica o conjunto de amostras em que Lula obteve mais de 50% (visualmente ela representa 71% do gráfico); consequentemente, a parte em azul claro representa 29%, que é o somatório das amostras que caíram abaixo de 50%.

O resultado é que as minhas impressões sobre a possibilidade de vitória de Lula agora estão quantificadas. Minha intenção é aperfeiçoar o modelo e atualizar a estimativa após a divulgação de cada nova rodada da pesquisa Quaest.

Na próxima festa de família, já tenho a resposta quando me perguntarem se Lula vai vencer no primeiro turno: se a eleição fosse hoje, a probabilidade de vitória já no primeiro turno é de 71%.

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Comentários

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Saladino

21/06/2022 - 19h56

A melhor forma de construir um resultado pré-fixado é torturar as probabilidades por intermédio de um modelo estocástico até que as tendências confessem.
Não existe, nunca existiu, nem existiria hipótese alguma em fazer o PT vencer uma eleição nacional majoritária em primeiro turno. Com ou sem Lula. Aliás, a campanha eleitoral que nem começou encarregar-se-á, com a devida mesóclise, de fazer o ex-metalúrgico da República da Odebrecht e Pixulecos vencer o ex-capitão da República das Milícias e Rachadinhas.
Aliás, ambos atingiram o teto máximo antes da artilharia pesada sequer ter começado.
Somente quem não entende coisa alguma de eleições no Brasil pode imaginar um cenário de céu de brigadeiro em primeiro turno, igual ao que levou FHC a estraçalhar Lula em duas eleições consecutivas na primeira demão.
O PT segue o mesmo figurino de 2018 com a perspectiva da tal “tese da desidratação” dos adversários.
Esquece o tamanho do telhado de vidro fino que cobre o lulo-petismo e a catástrofe dilmista.
Salto alto de bico fino quebram na primeira esquina.
“Há perigo na esquina”, diria Elis Regina!

carlos

20/06/2022 - 17h11

É muito imbecil onde foi que Fanta se transformou em coca, parece que queima?

carlos

20/06/2022 - 17h06

Essa Fanta nunca será coca! Usando a palavra do Zulu , empanado é empanado frito é frito, o zulu está do nada pra se acabar.

Zulu

20/06/2022 - 12h23

O nada empanado e frito nao passa do nada.

Fanta

20/06/2022 - 12h17

E’ cada palhaçada inutil…


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