Jairo Nicolau: A indecisão das mulheres na disputa presidencial

Imagem: Agência Câmara

Por Jairo Nicolau

Quantos são os indecisos antes do dia da eleição? Que candidato se beneficiará quando eles se decidirem? As respostas a essa pergunta sempre deu margem a especulações, e, sobretudo à esperança para alguns candidatos, sobretudo os que não lideram as pesquisas; afinal, se tem indeciso, há chance desses candidatos subirem.

Nas pesquisas de opinião divulgadas no Brasil, tradicionalmente, são considerados como indecisos os eleitores que diante do disco apresentado pelos institutos (pesquisa estimulada) respondem que não sabem em quem vão votar. Nas pesquisas sobre a corrida presidencial de 2022, o percentual de indecisos na pergunta estimulada está particularmente baixo (3% na pesquisa Quaest de 15 de agosto). Com um número tão baixo, não há como identificar se algum grupo demográfico tem um grau de indecisão maior do que outro.

Por isso, resolvi olhar os dados da questão espontânea. Nesse caso, os eleitores são perguntados diretamente em quem eles votariam caso a eleição presidencial fosse hoje. Na pesquisa Quaest, que foi a campo em meados de agosto, o total de indecisos é de 37%, número superior dos que declararam voto em Lula (33%) e Bolsonaro (26%).

Pesquisas prévias mostram que as taxa de mulheres indecisas é maior do que a dos homens; diferença que tende a diminuir à medida que se aproxima o dia da eleição. A pesquisa Quaest mostra que a indecisão entre as mulheres é cerca de 15 pontos percentuais superior do que a dos homens, como mostra o gráfico:

A indecisão feminina também é maior quando observamos a segmentação do voto espontâneo segundo a renda e a escolaridade.

A figura abaixo mostra o percentual dos eleitores que na pergunta espontânea declaram voto em Lula, Bolsonaro ou ainda estão indecisos, segundo o sexo e a renda familiar. Em todas as faixas de renda as mulheres são mais indecisas do que os homens, com destaque para a faixa que vai até 2 salários-mínimos, onde cerca de 50% das mulheres estão indecisas.

Padrão semelhante pode ser observado na divisão dos eleitores segundo a escolaridade. Mulheres dos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior) estão mais indecisas do que homens; entre as menos escolarizadas, a taxa de indecisão se aproxima de 50%.

A segmentação dos eleitores por faixa etária mostra um dado interessante. Na faixa dos jovens (16 a 29 anos) os indecisos do sexo masculino e feminino estão no mesmo patamar. Mas nas faixas a partir de 30 anos, a assimetria reaparece: mulheres são bem mais indecisas do que homens, particularmente na faixa a partir de 60 anos.

A corrida eleitoral de 2018 repete o padrão de eleições anteriores. O número de mulheres indecisas é superior ao dos homens ao longo de toda a campanha.

Pesquisa feita há 45 dias do pleito mostra que com exceção das jovens, as mulheres de todos os segmentos são mais indecisas do que os homens; com alta indecisão entre as mulheres de baixa renda, baixa escolaridade e com mais de 60 anos.

Cláudia Beatriz:
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