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A mordida desdentada de Bolsonaro

Presidente em reclusão no Palácio da Alvorada. Seita golpista fechando estradas e acampando em frente a quartéis. Empresários financiando a patacoada. Leniência ou mesmo apoio da polícia aos arruaceiros. Tudo isso para, decorridas três semanas das eleições, o PL tirar da cartola um “relatório” e pedir ao TSE que invalide uma parte das urnas utilizadas […]

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Presidente do PL, Valdemar Costa Neto, prestes a divulgar o "relatório": golpismo desdentado. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Presidente em reclusão no Palácio da Alvorada. Seita golpista fechando estradas e acampando em frente a quartéis. Empresários financiando a patacoada. Leniência ou mesmo apoio da polícia aos arruaceiros.

Tudo isso para, decorridas três semanas das eleições, o PL tirar da cartola um “relatório” e pedir ao TSE que invalide uma parte das urnas utilizadas no 2º turno das eleições. A parte das urnas que seria válida, segundo o “relatório” imparcialíssimo, dá a vitória a Jair Bolsonaro.

Patético? Grotesco? Golpista? Desesperado?

Todas as anteriores.

O presidente do TSE Alexandre de Moraes despachou em questão de minutos:

Bingo. Se formos anular as urnas, que tal anularmos as que elegeram um “Congresso conservador”, como repetiu à exaustão Bolsonaro no 2º turno?

A chance de tamanha bizarrice prosperar é nula. Mas nos permite avaliar a estratégia de Bolsonaro.

A tática do ainda presidente na sua relação com as instituições é o morde e assopra. Isto ficou evidente durante o seu mandato presidencial: em um dia Bolsonaro açula a matilha, bravateia e vocifera palavrões contra o “sistema”; no outro Bolsonaro diz que foi mal compreendido, que respeita os demais poderes e que joga dentro das famigeradas quatro linhas da constituição.

(As únicas quatro linhas da Constituição que Bolsonaro considera, aliás, devem ser as do tal artigo 142. Quer dizer, nem estas, mas sim uma interpretação evidentemente picareta do artigo.)

Pois bem. Para os padrões bolsonaristas, ficar em silêncio quase total após a derrota foi quase uma deferência ao processo democrático que elegeu Lula. A autorização para que Ciro Nogueira tocasse a transição de governo foi o “assopra”.

Enquanto isso o movimento golpista, pequeno porém barulhento, continuou produzindo caos e memes. E aguardando seu líder.

Bolsonaro, o líder inconteste da extrema-direita do Brasil, não poderia se ausentar para sempre e deixar seus seguidores tomando chuva de graça. Sob risco de ver sua liderança começar a ser questionada.

Agora chegou a hora do “morde”. Mas a mordida é desdentada.

Como não há chance de o TSE “anular” algumas urnas e dar a vitória a Bolsonaro, e o entorno de Bolsonaro certamente sabe disso, o objetivo é apenas dar uma resposta para sua base radical e mantê-la mobilizada.

O maior medo de Bolsonaro neste momento é a possibilidade de ser preso – ele mesmo verbalizou esse medo algumas vezes nos últimos meses, sem ser perguntado sobre o assunto. Manter sua base de apoio atiçada faz parte da estratégia de demonstrar força para manter o Judiciário intimidado.

Por outro lado, escalar o enfrentamento com as instituições às vésperas de ficar sem cargo público pode não ser exatamente a melhor ideia.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, mas o fato é que vai cehgar a hora em que a sociedade mobilizada terá que entrar nessa briga. Porque a responsabilização de Bolsonaro será crucial para decidirmos o país que queremos ser.

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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Fanta

23/11/2022 - 12h41

https://www.youtube.com/watch?v=wGekY0nxETI

Lula foi descondenado pelo parceiros dele no STF e eleito pelos mesmos junto a Globo e Faria Laima…mas continau sendo um verme, um rato.

Alexandre Neres

23/11/2022 - 12h41

Um dos aspectos que mais me preocupa no Presidente Lula é o fato de ser um exímio conciliador. Tem o lado bom e o lado ruim desta característica.

Um país que não acerta as contas com o passado é um país sem futuro. É notória a diferença do que ocorreu no Uruguai, no Chile e na Argentina comparativamente com o que houve no Brasil. Crimes contra a humanidade, como a tortura, cometidos por agentes de estado são imprescritíveis e não podem ser objeto de qualquer barganha. Querer punir os dois lados é de uma falta de conhecimento sem par, pois para tentar restabelecer a ordem democrática, devido ao endurecimento do regime, jovens tiveram que utilizar os poucos instrumentos que dispunham à mão e mesmo assim foram massacrados. Querer tratamento igual para tamanha assimetria é prova manifesta da ignorância de quem defende tal posição.

A partir de 2014, começou a ser gestado um golpe jurídico-parlamentar, no bojo do qual Lula foi preso em um processo sem provas, que não lhe possibilitou o exercício das garantias fundamentais e das liberdades democráticas, com o establishment optando por proscrevê-lo do cenário político, exatamente para impedi-lo de concorrer às eleições de 2018, pois era pule de dez que ganharia. Lula não contou com o apoio de ninguém do mainstream, seja político, jornalístico ou judiciário.

Somente por contingências políticas e de fatos que vieram à luz a posteriori, pôde o poder judiciário corrigir a injustiça histórica do maior escândalo judiciário brasileiro de todos os tempos. Lula recuperou os direitos políticos muito em decorrência do obscurantismo que se tornou o Brasil a partir de 2019. Nesse ínterim, Lula recebeu o mesmo tratamento que é dispensado aos pobres, aos negros, aos desvalidos numa república de dois andares.

Pois bem, bastaram as chances de Lula ser eleito aumentarem sobremaneira, para o establishment começar a mexer os pauzinhos para tentar entabular mais um pacto por cima para proteger alguém oriundo das nossas elites do atraso, inda que uma figura decaída e de pouca luz, porém tem ligação próxima e estreita com o estamento militar. O primeiro a se manifestar nesse sentido foi o jornalista da William Waack da CNN, que, em entrevista com Lula, indagou se ele iria perdoar os crimes do zumbi do Alvorada para pacificar o país. Na mesma linha, foi aquele magistrado do STF, o totó. Este último caso foi bem abordado pelo Pedro Breier aqui no blogue. Aliás, em tempos de pacificação nacional, estou sentindo falta daqueles comentários gentis e delicados do meu amigo Pedro, mas o entendo. No mais das vezes, seria como deitar pérolas aos porcos.

A situação é delicada. Por óbvio, não cabe a Lula nem ao governo perseguir quem quer que seja. Mas as instituições de estado, como as polícias, o ministério público e o poder judiciário não podem abdicar de seu mister para apurar, denunciar e punir eventuais crimes praticados por governantes e militares, que ao que tudo indica não foram poucos.

Não podemos patrocinar mais uma anistia ao arrepio do estado democrático de direito. Quem desconhece o passado condena-se a repeti-lo!

    Paulo

    23/11/2022 - 22h26

    Alexandre Néres, Lula foi “inocentado” por um consórcio jurídico-midiático que incluiu desde grandes veículos de imprensa, de esquerda, em Paris, Londres e Nova Iorque, até o STF. Já Bolsonaro será inocentado pelo cálculo político…Esse é o retrato do Brasil. Não pense que irão desdenhar de nossa história…

carlos

23/11/2022 - 12h22

Sai de mim jumento, que capim , quem anda prá trás é caranguejo, fazendo uma alusão à 1 samuel cap.5 em que os filisteus roubaram a arca da aliança e Jesus mandou uma praga de hemorroida de caroço, qdo eu digo quem roubou o ouro e quem roubou banana pode receber praga ao ser banhado nas águas do Rio Jordão e fez tudo diferente.

Ricardo Oliveira

23/11/2022 - 08h04

Se você tem as provas contra o Lula porque não as apresenta para o judiciário para que a justiça seja feita, investigado a 50 anos nada encontraram que prove o que afirma, todavia o outro temos provas em quantidade suficiente pra condenar a prisão, por isso o cara tá com medo de perder o foro privilegiado, até ele sabe que é ladrão.

    Dr MacPhail

    23/11/2022 - 12h31

    Se o citado leviano tivesse as provas que limpariam sua barra de bifronte, sugeriria que além à justiça, como pede o comentarista, as enviasse também ao seu certamente ídolo, sérgio moro, cobrado desde julho de 2017, continuada e insistentemente, até hoje, por Reinaldo de Azevedo, a mostrar onde nos autos constam registradas as provas para que condenasse Lula no ‘processo do triplex’, e sendo permanentemente obrigado a fingir-se de moro, por saber INEXISTENTES TAIS PROVAS.

    Á falta de provas, o registro nos autos de ATO DE OFÍCIO INDETERMINADO, registra para sempre e para o desenrolar futuro da criminosa operação lavajateira, comandada por ‘Russo’, a verdadeira prova dos ilícitos de fato praticados, não pelo réu, mas pelos que o julgaram de forma ampla, geral e irrestrita.

carlos

23/11/2022 - 07h11

Sai o ladrão e vendilhão de ouro ,e entra o ladrão, de banana fica a pergunta quem roubou mais, roubou todo do e ainda decretou 100 anos de sigilo, achou pouco ainda foi e apagou, reformatou os computadores do Planalto. É um ladrão pra pagar tu e não é aqui não, é em Haia.

    DESCASCADOR DE BANANA

    23/11/2022 - 11h18

    O tapado cidadão brasileiro diplomado e medíocre sem o filtro da modéstia, é antes de tudo, majoritariamente, um leviano, insustentável no chão, imagine no ar…

    Quem entra é “ladrão de banana” tanto quanto tu não é a própria descascada e apodrecida.

Weberson Santana

22/11/2022 - 23h33

Eu só queria saber, onde está esse Brasil maravilhoso que essas bestas dizem que existe com esse jumento desse Bolsonaro. Onde fica alguém tem o mapa porque isso é coisa de pirata. Deve ser perto de OZ , ou fazer divisa com a terra do nunca.

Paulo

22/11/2022 - 22h32

Não há como questionar o resultado das urnas. De outra parte, Bolsonaro poderá ter problemas com a justiça, mas “o ímpeto pacificador e cordial do homem brasileiro” certamente ajeitará as coisas…

Saulo

22/11/2022 - 20h33

O sistema Eleitoral brasilerio é ridículo assim como todo o resto….tá na media.

Kleiton

22/11/2022 - 20h29

Chega logo dia 1 de janeiro…quero assistir a posse do Ladrão de Bananas…


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