Homofobia: deputada denuncia pastor André Valadão ao Ministério Público

Foto: Sérgio Lima/Poder 360

Erika Hilton pede a suspensão do conteúdo classificado como homofóbico nas redes sociais e abre denúncia contra o líder da Igreja Batista de Lagoinha.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) abriu uma denúncia por homofobia e transfobia ao Ministério Público de Minas Gerais contra o líder da Igreja Batista de Lagoinha, André Valadão. A acusação foi formalizada nesta segunda-feira (5), após fala preconceituosa do pastor.

A parlamentar protocolou a denúncia após um culto conduzido por André Valadão com o título “Deus odeia o orgulho”, em referência ao mês mundial do Orgulho LGBTQIA+, junho. 

No documento, Hilton recorre ao Supremo Tribunal Federal com uma decisão de 2019, que equipara o crime de homotransfobia ao de racismo. De acordo com ela, o pastor “incorreu na conduta criminosa tipificada no artigo 20 da Lei 7.716/89, relativamente à conduta de praticar e de incitar o preconceito e a discriminação homotransfóbica.”

A deputada pede que o conteúdo da pregação seja suspenso das redes sociais, “em vista do evidente caráter criminoso”.

“No que diz respeito ao conteúdo da pregação, o representado busca associar as vivencias das pessoas da comunidade LGBTQIA+ a um comportamento ‘desviante’, ‘contrário às leis divinas’ e, portanto, algo a ser rechaçado e odiado”, disse.

O culto de Valadão

Nesta segunda-feira, o pastor fez uma publicação nas redes sociais divulgando a pregação da Igreja Lagoinha de título “Deus odeia o orgulho”, com a palavra “orgulho” pintada das cores do arco-íris, mesmas cores que simbolizam a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queers.

Foto: Reprodução/Redes sociais

Valadão, por meio de postagens nas redes sociais, usa Deus e a bíblia como escudo para atacar a comunidade e impor a regra moral sobre os fiéis, afirmando que considera hoje, “o mês que Deus mais repugna a humanidade”. “Odeia e repugna qualquer atitude de orgulho, só o uso da palavra Deus já condena”, diz.

“A tendência de quem peca é se esconder, e não ‘sair do armário’, porque pecado gera falta de paz e medo das consequências”, afirmou André Valadão na publicação compartilhada.

O mês de junho é mundialmente marcado como mês do Orgulho LGBTQIA+, quando movimentos, empresas e líderes buscam se voltar para a comunidade queer para compreender suas vivências, dificuldades e trazer mais representatividade e acolhimento num espaço onde tais atitudes são escassas.

“Deus não odeia o orgulho”, afirma a deputada trans Erika Hilton. “Os intolerantes e mercadores da fé é que odeiam as diferenças e a forma como, pouco a pouco, com muita luta, estamos conquistando espaços e respeito”.

Letícia Souza:
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