Xenofobia: Justiça aceita denúncia contra falas de diretora do Flamengo

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A diretora de Responsabilidade Social do clube faz campanha para o ex-presidente Jair Bolsonaro e já havia sido ré pela mesma ação, que foi extinta pela 19ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

A Justiça Federal aceitou a denúncia em uma ação criminal contra a diretora de Responsabilidade Social do Flamengo, Ângela Rollemberg Santana Landim Machado, por xenofobia. O processo foi aceito pelo juiz Marcelo Luzio Marques Araújo, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (13).

O Ministério Público Federal (MPF) realizou a denúncia contra uma postagem compartilhada no Instagram da executiva do clube após o resultado das eleições presidenciais de 2022. No texto, Ângela comparou os nordestinos a carrapatos.

Reprodução: Instagram

De acordo com o MPF, a publicação dissemina a ideia de que o povo nordestino não trabalha e vive às custas da riqueza, do esforço e competência de cidadãos que habitam outras regiões do país, conforme indicam as informações da Agência Brasil.

“A mensagem, de caráter racista e xenofóbico, foi motivada pela massiva votação que o candidato vencedor do pleito eleitoral obteve na região nordeste”, informa a nota do órgão.

Através de seus advogados, Ângela alegou que na época da denúncia, não teve a intenção de ofender, que nasceu no estado de Sergipe e que viveu no Nordeste por quase 30 anos.

O Ministério Público, no entanto, considera que a fala e o pedido de desculpas da esposa do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, não a eximem de responsabilidade, nem satisfazem o dever de plena e integral reparação. 

Os procuradores acreditam que a mensagem constitui ofensa à dignidade e à honra, além de buscar desumanizar e inferiorizar os nordestinos, de acordo com o g1.

“Depois de disparado o discurso discriminatório e produzido seus efeitos, não basta pedir desculpas, pois a reparação precisa ser plena e integral. De antemão, é necessário de pronto enfatizar que o processo judicial deve ser instrumento de efetiva proteção dos direitos fundamentais e não palco para naturalização de atitudes racistas ou discriminatórias”, afirmam os autores da denúncia.

A diretora aparecia, também, como ré em uma ação civil pública, que foi extinta pela 19ª Vara Federal RJ.  A multa seria de R$ 100 mil por danos morais coletivos. Porém, sofreu recurso sob alegação de “erro crasso de julgamento”, pelo mesmo motivo.

Nas redes sociais, Ângela constantemente demonstrava apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições. Ainda depois da conquista da Libertadores de 2022 pelo Flamengo, a diretora fez campanha eleitoral.

Em uma foto ao lado de Rodinei, ela fez o sinal com 22, número de Bolsonaro na eleição, e completou: “Vencemos uma. Falta a outra.”

Na corrida presidencial, Lula foi eleito com 69,34% dos votos no Nordeste, enquanto Bolsonaro ganhou nas outras regiões.

Após a postagem no perfil pessoal com a frase “Ganhamos onde se produz, perdemos onde se passa férias, bora trabalhar, porque se o gado morrer o carrapato passa fome”, a executiva pediu desculpas. 

“Peço desculpas pelo meu erro, reconheço e respeito o processo democrático e o resultado das urnas, E torço para que o próximo governo tenha êxito pelo bem do nosso país, independente de qualquer ideologia. Peço desculpas também ao povo nordestino, aos sergipanos e a todos que, de alguma forma, feri com meus atos. E, inclusive minha família, com quem me desculpei diretamente”, disse Ângela.

À época, diversos clubes e jogadores de futebol se posicionaram contra a fala da diretora, inclusive a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou um procedimento judicial para investigá-la.

No início de novembro, segundo o g1, Landim disse ao ge que os ataques feitos pela esposa eram um “desabafo.” “Ela tem o direito de se posicionar”, afirmou o presidente do Flamengo.

Letícia Souza:
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