Mercado formal de trabalho está em desaceleração, alerta economista

Foto: Reprodução

O levantamento publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (28) indicou uma melhora significativa nos índices de desemprego do país, porém não se atentou a alertas do mercado formal de trabalho.

Apesar da taxa de desocupação do Brasil ter caído de 14,9% no primeiro trimestre de 2021 para 8% neste segundo trimestre de 2023, o mercado formal de trabalho está em processo de desaceleração.

A pesquisa da LCA Consultores indicou que os pedidos de seguro-desemprego nos últimos 12 meses até junho chegaram à marca de quase 7 milhões, a maior desde meados da pandemia de covid-19. O número também ultrapassou a média observada entre 2018 e 2019.

“É uma mostra de que as empresas estão sofrendo para criar vagas de qualidade. Isso passa pela redução de demanda e pelo crédito apertado por conta dos juros altos. O empresário repensa investimentos e o quadro de funcionários.”, explicou o economista da LCA, Bruno Imaizumi. “É um mercado de trabalho bastante resiliente, que permanece criando vagas, mas em desaceleração”.

Os especialistas se questionam se as taxas irão continuar subindo ou não. Uma nova estabilização dos pedidos, devido ao aumento da ocupação da população, pode ocorrer e, assim, garantir um melhor cenário para o índice.

No entanto, ao analisar outros números adjacentes do mercado de trabalho, essa situação parece improvável. Nos últimos anos, junto a diminuição do desemprego, cresceram as taxas de informalidade, que já ultrapassaram os 40% em vários trimestres.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicam que há uma formação menor de vagas formais no país. Foram 157,19 mil empregos com carteira assinada criados em junho, que, no total, contabilizam 1,02 milhão de vagas formais criadas no primeiro semestre do ano.

O número, porém, representa um recuo de 26,3% em comparação com os seis primeiros meses de 2022, quando foram criados 1,38 milhão de empregos.

As perspectivas de crescimento econômico também não são positivas, o que impacta nesse fator. Especialistas acreditam que alguns setores não tenham os mesmos ganhos no segundo semestre do ano como já tiveram até junho – o agronegócio, por exemplo, é afetado pelo tempo das safras, que é mais favorável no início do ano.

“Os pedidos de seguro-desemprego são muito olhados em países desenvolvidos, porque o mercado é mais formalizado, mas esse é um termômetro de como as empresas estão vendo a economia hoje”, explica Imaizumi.

A esperança do governo federal é que o ambiente econômico seja melhorado e, assim, o sentimento cauteloso dos empresários seja revertido. Isso pode ocorrer, por exemplo, com a aprovação do arcabouço fiscal, o encaminhamento da reforma tributária e, eventualmente, a redução das taxas de juros no país.

Letícia Souza:
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