Segundo Bela Megale, membros da alta cúpula do Partido Liberal (PL) antecipam que a colaboração premiada de Mauro Cid terá impacto direto não apenas no presidente Jair Bolsonaro, mas também em seus familiares, especialmente o senador Flávio Bolsonaro.
Flávio, conhecido como “01” por ser o primogênito do ex-presidente, era o membro da família mais próximo ao seu pai e desempenhou um papel significativo em diversas decisões do governo. A influência de Flávio foi decisiva, por exemplo, na seleção de figuras-chave do Judiciário, como o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kássio Nunes Marques.
Integrantes do partido afirmam ter obtido informações de fontes próximas a Mauro Cid, sugerindo que parentes do ex-presidente foram mencionados nos depoimentos prestados à Polícia Federal (PF). No entanto, os detalhes do acordo permanecem em sigilo.
O partido enfrenta pressões das investigações não apenas relacionadas a Bolsonaro, mas também em relação aos candidatos que o PL planeja lançar nas eleições municipais do próximo ano.
Um desses candidatos é o ex-ministro e general Walter Braga Netto, cujo sigilo telefônico foi quebrado pelos investigadores. O militar da reserva é a escolha apoiada por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, para concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro. Outra opção considerada foi a candidatura de Flávio Bolsonaro, mas esta foi vetada pelo seu pai.
Dentro do partido, há um grupo que defende a possibilidade de Flávio ser reconsiderado como candidato em 2024, caso as investigações prejudiquem a viabilidade de Braga Netto. No entanto, existe o receio de que o filho de Bolsonaro não consiga se manter politicamente diante das implicações da delação de Mauro Cid.