China rejeita queixa da UE sobre déficit comercial

“Não faz sentido que o bloco imponha restrições às exportações de alta tecnologia e depois se queixe do défice comercial”, diz Pequim.

POLITICO — Pequim rejeitou uma queixa da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre o défice comercial da UE em relação à China, um dia antes da sua reunião de cimeira com o presidente chinês, Xi Jinping.

A UE é responsável pelo desequilíbrio comercial, uma vez que impediu as empresas de exportar para a China, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, na quarta-feira, respondendo ao apelo de von der Leyen à China para abrir o acesso ao seu mercado.

“Se a UE, por um lado, impõe duras restrições às exportações de alta tecnologia e, por outro, espera aumentar drasticamente as exportações para a China, receio que isso não faça sentido”, disse Wang numa conferência de imprensa regular.

O comentário de Wang parecia referir-se às restrições às exportações das ferramentas de litografia mais avançadas , fabricadas pela líder de mercado holandesa ASML, que são usadas para imprimir os chips de computador mais poderosos.

Acrescentou que parte dos lucros gerados pelos excedentes comerciais chineses é obtida por empresas europeias com operações no país. Um terço da produção das empresas da UE na China foi exportada para a UE.

“O estado atual do comércio China-UE é o resultado do ambiente macroeconómico, das condições do comércio internacional e da composição industrial dos dois lados”, disse Wang. “Os números do comércio são incapazes de refletir a parcela de interesse entre a China e a UE à luz das cadeias industriais e de abastecimento globais integradas.”

Von der Leyen disse na terça-feira que os líderes europeus “não tolerarão um desequilíbrio no comércio a longo prazo”. Nos meses que antecederam a cimeira, marcada para quinta-feira, as autoridades da UE têm destacado o seu défice comercial com a China, que duplicou em dois anos, para um recorde de 390 mil milhões de euros em 2022.