PF revela: Mauro Cid mandou oficial do Exército ignorar recomendação do MPF sobre acampamentos golpistas

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A Polícia Federal desencadeou a Operação Tempus Veritatis, expondo comunicações do tenente-coronel Mauro Cid, que, na época, ocupava a posição de ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Nessas comunicações, Cid demonstra tolerância em relação a manifestações antidemocráticas realizadas em frente a quartéis do Exército.

De acordo com informações divulgadas pela jornalista Andréia Sadi, do portal G1, transcrições de diálogos realizados por Mauro Cid sugerem orientações para a desconsideração de recomendações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF).

Essas recomendações visavam a desmobilização de um acampamento montado em frente a uma unidade militar em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul.

Em um áudio específico, enviado ao tenente-coronel Alex de Araújo Rodrigues, subcomandante do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea, Mauro Cid expressa de maneira clara sua posição:

“Cara, vou ser bem sincero contigo. Tá recomendado… manda se foder! Recomenda… está recomendado. Obrigado pela recomendação (…) Eles [o MPF] não podem multar. Eles não podem prender. Eles não podem fazer porra nenhuma. Só vão encher o saco. Mas não vão fazer nada, não”, disparou Cid.

A troca de mensagens ocorre em um contexto onde o MPF pressionava a unidade militar a tomar medidas para a remoção de manifestantes que ocupavam indevidamente uma área pertencente à União.

Entre as ações recomendadas pelo MPF, estava a retirada de estruturas como banheiros químicos, tendas e barracas utilizadas pelos manifestantes.

O documento do MPF destacava que a ocupação da área se dava de maneira permanente e indevida, por grupos que promoviam a animosidade entre as Forças Armadas e os poderes constituídos do país.

Na sequência das comunicações, Rodrigues solicita que Cid informe sobre a orientação a “Alves”, mencionado como alguém que estaria “desesperado” diante das ações do MPF. A identificação de “Alves” corresponde ao tenente-coronel Anderson dos Santos Alves, na época comandante do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea.

Este caso, agora trazido à luz pela Operação Tempus Veritatis, sublinha a complexidade das relações entre as Forças Armadas e os mecanismos de controle democrático.

A divulgação dessas informações reacende debates sobre a necessidade de vigilância e responsabilização em face de atitudes que possam comprometer os princípios democráticos.

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