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Lula soltou o grito contido na garganta de milhões

Emiliano José, Pátria Latina – Lula, ao denunciar o terror contra Gaza, o genocídio em andamento, ao compará-lo à matança de judeus por Hitler, deixou escapar o grito preso na garganta de milhões de pessoas indignadas e cheias de compaixão. Quer a paz, quer impedir a continuidade daquele massacre. Corajosamente, chama os dirigentes mundiais a […]

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Joédson Alves/Agência Brasil

Emiliano José, Pátria Latina – Lula, ao denunciar o terror contra Gaza, o genocídio em andamento, ao compará-lo à matança de judeus por Hitler, deixou escapar o grito preso na garganta de milhões de pessoas indignadas e cheias de compaixão. Quer a paz, quer impedir a continuidade daquele massacre. Corajosamente, chama os dirigentes mundiais a uma posição a favor da fraternidade entre os povos. Ao deixar escapar esse grito, desnuda políticos e de modo especial a imprensa empresarial brasileira, cuja cobertura envergonha quem pense em jornalismo: cobertura abjeta, favorável ao massacre de Israel, mostrando desavergonhadamente apenas um lado, não se importando de se colocar contra o presidente brasileiro e se jogar no colo do presidente nazifascista de Israel, repudiado no seu próprio país e fazendo da guerra contra os palestinos um trunfo eleitoral.

Lula soltou um grito. Contido na garganta de milhões. Das milhões de pessoas marchando pelo mundo contra o massacre de Gaza. Indignadas, denunciando o holocausto praticado contra os palestinos pelo Estado de Israel.

Lula disse a verdade: a tentativa de apagar os palestinos da face da terra, em desenvolvimento pelo Estado ultramilitarizado de Israel, apoiado pelos EUA de todos os modos, é a repetição do holocausto praticado por Hitler.

De Gaza, já se disse ser o maior campo de concentração a céu aberto da história.
Assim constituído pelos sionistas. E não se queira confundir sionistas com o povo judeu. O sionismo está à frente do Estado de Israel, com todo o ódio proveniente da ideologia nele contida, como fosse o povo escolhido pelo Messias, pretendendo impor essa visão a todo o mundo e a massacrar quem não concordar.

Há judeus em todo o mundo a discordar do sionismo. Einstein, em 1948, expôs, denunciou a natureza nazi-fascista do sionismo, quando da visita de Menachem Begin aos EUA. Há judeus solidários ao povo palestino. Contra o massacre em andamento.

Não, não é o Brasil, não é Lula, não é o embaixador brasileiro em Israel a serem “repreendidos”.
O mundo repudia com toda força o massacre posto em prática pelo Estado de Israel contra os palestinos.
Já são mais de 30 mil mortos, maioria, civis, mulheres e crianças.

Houvesse alguma compaixão no governo israelense, e não há, só há o espírito da morte, do extermínio, à Hitler, houvesse alguma humanidade, e seria Netanyahu a pedir desculpas, a se retratar, a pedir perdão ao mundo. E esse pedido de perdão jamais acontecerá.

Lula apenas fez ecoar o grito contido na garganta da humanidade: insista-se nisso.
Inescapável, a lembrança do holocausto, e tantos judeus têm feito tal denúncia, aqueles sensíveis a tanto sofrimento.

Aqueles capazes de se lembrarem do holocausto e a não querer vê-lo repetido, como estão vendo nesse momento, e sem que haja qualquer atitude para algum cessar-fogo, alguma humanidade por parte do Estado de Israel.

Agora mesmo, nas últimas horas, Netanyahu promete ofensiva contra a cidade de Rafah no Sul de Gaza, onde se encontra uma multidão de palestinos, refugiados em precaríssimas condições. O grupo de rabinos ortodoxos de Israel, do grupo “Torah Judaism”, saiu em defesa do presidente Lula após o governo de Israel declará-lo persona non grata. Para eles, o governo de Netanyahu “é ainda pior do que os nazistas”. Talvez sejam considerados também personas non gratas.

Judeu, Edgar Morin, com o histórico de ter pegado em armas militando na resistência francesa contra o marechal Pétain, aliado da Alemanha nazista, do alto dos 102 anos de idade, protestou energicamente contra o massacre executado friamente pelo Estado de Israel. Lula apenas fez ecoar o grito contido na garganta da humanidade. Coragem. Hannah Arendt disse, com propriedade: a virtude cardeal da política é a coragem. Sem coragem, não há política. Ou não há a grande política. Lula evidenciou isso: coragem.

Evidenciou coragem ao afrontar o massacre praticado pelo Estado de Israel.

Quando Hannah Arendt fala ser a coragem a principal virtude da política, é inevitável nos lembrarmos de Lula. A coragem dele é uma espécie de tapa com luva de pelica nos dirigentes mundiais coniventes com o assassinato a sangue frio de tantas crianças, tantas mulheres, tantos civis. Coniventes com o banho de sangue em curso em Gaza.

A denúncia dele desnuda o imperialismo norte-americano, a mão que balança o berço, a sustentar o massacre. Desnuda Biden, desde o primeiro momento solidário com o massacre, e agora querendo, com tímidas declarações, um genocídio seletivo, como se isso fosse possível.

Desnuda uma Europa de dirigentes acovardados, de joelhos diante do Império em decadência, sofrendo face à guerra por procuração imposta pelos EUA contra a Rússia, como se pudesse realizá-la.
Uma guerra já perdida, e cujas consequências os países europeus estão sentindo na pele, como se tivesse acabado o gás, e de fato acabou porque ele vinha da Rússia.

E acovardados também face ao massacre de Gaza. A Europa Iluminista, em algum momento, defensora da liberdade e dos direitos humanos, berço da social-democracia, agora apoiando a limpeza étnica praticada por Israel.

E Lula, ao deixar sair o grito contido de milhões de pessoas, desnuda também, precisasse fazê-lo, a mídia empresarial brasileira. Nós sabemos o lado dela, sempre soubemos, e nisso ela nunca variou, precisamos fazer justiça: sempre esteve ao lado das classes dominantes do mundo, sempre foi vassala obediente do império americano, propagadora servil, rastejante da ideologia proveniente das agências ideológicas e culturais americanas.

Sabíamos, mas eu confesso: a cobertura sobre a o massacre de Gaza e especialmente a referente à fala de Lula ainda me provoca arrepios de indignação e até de surpresa.

Como se eu me perguntasse a que ponto chegou aquilo que eu já chamei jornalismo brasileiro, e nem sei se ainda posso chamar assim.

Que jornalismo?

A Rede Globo e as demais redes não se envergonham, não coram. Fazem uma das coberturas, me desculpem, mais nojentas, mais covardes, mais abjetas, mais parciais dos últimos tempos. São capazes de exaltar um país estrangeiro contra o presidente brasileiro, não se importando se aquele País esteja mergulhado Gaza num mar de sangue, e isso não é metáfora, não importando as imagens de crianças trucidadas, despedaçadas, mulheres destroçadas, milhares de cadáveres sob escombros, nada lhes importa.

Imprensa: compromisso com a barbárie.

Essas redes e os jornais e as revistas têm compromissos com a barbárie, tanto quanto foram cúmplices ativos da ditadura, disso não podemos, não devemos nos esquecer, nunca. E mais agora, quando assistimos uma cobertura com tais características.

Como podem falar de jornalismo, de olhar os dois lados, de cobertura isenta, de parcialidade? Estou triste. Já dei aula, já disse aos meus alunos dos princípios do jornalismo. Mandam às favas quaisquer escrúpulos de consciência como o fez o ministro Jarbas Passarinho quando da assinatura do AI-5 em 13 de dezembro de 1968.

Mandaram às favas todos os escrúpulos tem é tempo.

Desconhecem quaisquer parâmetros éticos da profissão, e tornam-se partido, com posições ancoradas ao lado do governo sionista de Israel. Alcançaram quase unanimidade, deve-se registrar. E nem se queira apenas imputar aos poderes de cima, aos diretores de tais empresas.

Os jornalistas dessa imprensa empresarial abraçaram-se e se regojizaram em atacar o presidente Lula por ele ter dito uma verdade, por ter liberado o grito na garganta de tanta gente. Alguns concederam um pouco, sempre críticos: falo daqueles com verniz progressista. Outros foram mais furibundos, alguns, mordazes. Claro, sempre há honrosas exceções, raríssimas.

Alegraram-se e alegraram os empresários, como deixaram extasiadas as entidades sionistas, e não sei se eles sabem o que é de fato sionismo.

Não creio possam distinguir sionismo do antissemitismo.

Boa parte não creio tenha conhecimento de tal distinção. E se o tem, faz questão de não revelar.

Se é contra o sionismo, é antissemita – esse o senso comum, proposital, ideológico.

Se tentar comparar os métodos do genocídio em Gaza com os métodos do holocausto, e tal comparação por tudo é mais que legítima, o cidadão, qualquer um, e mais ainda um Lula, com a força dele, passa a ser considerado antissemita.

Sorte é a existência de tantos judeus, muitos deles judeus ortodoxos, muitos deles parentes de vítimas do holocausto, a criticar duramente Israel e a serem ainda mais duros do que Lula.

Os jornalistas brasileiros da grande mídia, os mais notáveis, estão escrevendo uma triste página da história deles. Talvez até inconscientemente, alguns. Grande parte, no entanto, e digo isso com alguma tristeza, com alegria militante. Alegria militante travestida de atitude profissional.

Lula sairá mais forte

Mas digo com firmeza: Lula sairá desse episódio maior do que entrou.

Pedir desculpas a Israel? Não, Lula não é um ser rastejante. Não se submete a tiranos.

Nas últimas horas, o governo brasileiro votou em Haia contra Israel.

Aquele estado militarizado, com um dirigente fascista, é que está obrigado a se desculpar, e isso não bastará porque aquele mar de sangue não se dissipará tão cedo na lembrança dos povos do mundo.
Não o fará, insista-se, porque o fascismo é o que é.

Lula, ao fazer ecoar o grito contido na garganta da humanidade com alguma compaixão, será reconhecido como a voz, não a clamar no deserto, mas a voz capaz de alertar, de exigir dos poderes mundiais uma nova atitude.

Uma atitude voltada à paz, à concórdia, a uma sociedade de nações capaz da fraternidade, da ajuda mútua, do fim das guerras, da atenção aos povos com fome, da atenção às crianças, proteção às mulheres.

Se alguém deve pedir desculpas à humanidade, não é Lula.

São aqueles a praticar um dos mais cruéis genocídios da história, e como diz uma militante palestina, um genocídio televisionado, incapaz de ser jogado pra debaixo do tapete, mesmo havendo redes de televisão a pretender negá-lo.

Não vão conseguir. Não estão conseguindo.

E agora, podemos dizer, graças à coragem do presidente Lula, ao contrário do propagado pela mídia empresarial.

Lula se agigantou como a voz mais potente dessa quadra histórica por ter se apiedado, se indignado diante de tantos horrores no minúsculo espaço de Gaza.

Os grandes líderes se conhecem nas grandes crises. Eles não se acovardam. E não se acovardam porque têm a principal virtude da política, pra insistir com Hannah Arendt.

Porque tem coragem na alma. Eles se afirmam remando contra a maré.

Contra correntes culturais e ideológicas dominantes.

Assim, Lula.
A palavra tem força.
Lula acredita nela.
É uma forma de ação.
Só pensar na palavra de Lula, na força dela.
A sacudir o mundo.
É um risco sempre, a palavra.
Lula sabia: iria mexer em vespeiro.
Não porque a palavra dele, a comparação com perseguição aos judeus por Hitler, não houvesse sido feita.
Não.
Já o fora tantas vezes.
Ele sabia ser muito diferente ele fazer isso.
Tinha consciência do peso da palavra dele.
E precisava usá-la.
Alertar o mundo.
Sabia dos riscos.
Correu tais riscos.
Coragem, característica dele ao longo da existência.
Os riscos eram do tamanho do mundo.
Nem podia calcular todos, mas foi em frente.
E só o fez porque carrega compaixão na alma.
Indignação na alma.
Porque pensa nas mulheres.
Pensa nas crianças.
Nas crianças e mulheres ainda a sobreviver em Gaza.
Podem ainda esperar um futuro?
Lula defende: precisam ter direito à vida, e ter um futuro.
A humanidade está a reclamar a paz.
Por isso, está lutando Lula: pela paz.
Desse propósito, não recuará.
E os tiranos, os mergulhados em sangue de inocentes, terão sempre a condenação dele.
Lula é a principal voz a favor da paz no mundo atual.


Referências
ARENDT, Hannah. O que é política? / Hannah Arendt; [editoria, Ursula Ludz] ; tradução Reinaldo Guarany. – Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 1998, 240 p.
CARNEIRO, Raquel. Paulo Coelho ataca Tabata e defende Lula com vídeo de escritor judeu. Brasileiro recupera fala de sobreviventes do Holocausto, que compara modo de agir de Israel ao nazismo. Veja, 20/02/2024.
CHADE, Jamil. Brasil denuncia Israel em Haia e diz que ocupação é “inaceitável e ilegal”. UOL, 20/02/2024.
EM carta, Einstein denunciou o fascismo sionista em Israel em 1948. GGN, 20/02/2024.
LIMA, Daniela. Governo Lula não só descartou desculpas, como orientou Brasil a reprovar, em Haia, ocupações israelenses. Corte Internacional chamou dezenas de países a avaliarem posição de Israel em territórios como a Cisjordânia. G1 Globo, 20/02/2024.
RABINOS judeus de Israel saem em defesa de Lula e dizem que Netanyahu é ainda pior do que os nazistas. Brasil 247, 19/02/2024.
REPRESENTANTE da diplomacia do Vaticano sobe o tom e classifica ação militar de Israel em Gaza como “carnificina”. Mídia Ninja, 19/02/2024.

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Comentários

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Paulo

21/02/2024 - 22h55

Não se trata de holocausto. Trata-se de crimes de guerra, a ação militar de Israel em Gaza. Qualquer tentativa de buscar similitudes entre os dois momentos históricos é abjeta. Isso não justifica a atitude do Estado de Israel de submeter o embaixador brasileiro àquele constrangimento. Os judeus precisam parar de se utilizar do holocausto como muleta para tudo, até para justificar o injustificável e querer ainda se autoindulgenciar por seus erros…


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