Soberania e Defesa Nacional: chegou a hora de estatizar a Avibras, maior fabricante de mísseis e foguetes do Brasil

A Avibras, principal indústria de Defesa do país, encontra-se em uma situação delicada devido à crise financeira que atravessa. Com uma dívida acumulada que ultrapassa R$ 1,2 bilhão, a empresa busca alternativas para superar as dificuldades e manter suas operações. No entanto, diante da importância estratégica da Avibras para o desenvolvimento tecnológico e a soberania nacional, torna-se evidente a necessidade de uma intervenção estatal.

Com mais de 60 anos de história, a Avibras desempenha um papel essencial no setor da Defesa. Sua expertise no desenvolvimento de mísseis e foguetes para aplicações militares e pesquisa espacial, incluindo o renomado lançador de foguetes Astros II, tem sido fundamental para o fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID) brasileira. Além disso, a empresa é responsável pela fabricação de propelentes sólidos compósitos de alta energia, componentes fundamentais para a tecnologia de foguetes.

No entanto, a situação financeira caótica da Avibras ameaça sua operacionalidade e, consequentemente, coloca em risco a capacidade do Brasil de garantir sua própria defesa. A dependência excessiva de compras de armamentos do exterior compromete a soberania nacional, ao mesmo tempo em que ignora o potencial de desenvolvimento da indústria de defesa nacional.

A busca de um investidor estratégico pode parecer uma solução imediata para aliviar a crise, mas essa abordagem levanta preocupações válidas sobre a perda de controle sobre uma empresa tão vital para a defesa do país. Dessa forma, a estatização da Avibras surge como uma opção que garante a manutenção da tecnologia bélica brasileira em mãos nacionais.

A experiência da Avibras em exportações para o Oriente Médio demonstra seu potencial de crescimento e o interesse de outras nações por sua tecnologia. No entanto, as necessidades de financiamento, isenções e subsídios para a indústria de defesa requerem um apoio contínuo do governo. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento, assim como compras governamentais de produtos da Avibras, seriam apenas o primeiro passo para impulsionar a indústria e garantir sua competitividade internacional.

Além disso, a estatização da Avibras permitiria ao governo assumir a responsabilidade pelos salários atrasados dos trabalhadores. A recuperação judicial em vigor pode não ser suficiente para assegurar os direitos dos empregados, evidenciando as falhas da legislação atual que não prioriza seus interesses. A proteção dos empregos e dos direitos trabalhistas é fundamental para a manutenção da qualidade da mão de obra altamente qualificada da empresa.

Outra consideração importante refere-se ao atual modelo de propriedade da Avibras. Com 98% das ações nas mãos de João Brasil Carvalho Leite, a estatização possibilitaria uma divisão mais equitativa da propriedade, permitindo que o governo exerça um papel ativo na gestão da empresa. Esse modelo traria maior controle e transparência na tomada de decisões estratégicas, garantindo que os interesses nacionais sejam preservados.

Ao estatizar a Avibras, o governo estará assumindo a responsabilidade pela proteção do patrimônio tecnológico e da soberania nacional. A empresa é um componente essencial para o desenvolvimento e a segurança do país. É necessário um amplo debate entre a sociedade e os governos municipais, estaduais e federais para que se reconheça a importância estratégica e tecnológica da Avibras. Somente assim poderemos garantir a continuidade das operações da empresa e preservar a soberania do Brasil. Chegou a hora.

Fontes: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Poder360

Matheus Winck:
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