Anera interrompe operações em Gaza em meio a crescentes ameaças e ataques à WCK.
Após o ataque direcionado de Israel a um comboio de ajuda humanitária ontem, resultando na morte de sete trabalhadores da Cozinha Central Mundial (WCK), a Anera toma a medida sem precedentes de interromper as suas operações humanitárias em Gaza.
O assassinato de humanitários da WCK, ocorrido menos de um mês após o assassinato ainda inexplicável de Mousa Shawwa, membro da equipe da Anera, juntamente com a perda de vários outros trabalhadores humanitários e suas famílias, levou nossa equipe a concluir que a entrega de ajuda com segurança não é mais viável. Para a segurança do nosso pessoal e das suas famílias, estamos suspendendo o trabalho da Anera em Gaza.
Desde o início da guerra, em 7 de outubro, a equipe da Anera em Gaza forneceu uma média de 150.000 refeições diárias (em colaboração com a WCK), milhões de tratamentos médicos e milhares de outros itens críticos de ajuda de emergência. Embora compreendamos as graves consequências que esta suspensão terá para a população palestina, os riscos crescentes associados à prestação de ajuda não nos deixam outra escolha senão interromper as operações até que o nosso pessoal recupere a confiança de que pode realizar o seu trabalho sem riscos indevidos.
Em quase seis meses de conflito, isto marca o primeiro caso em que o nosso pessoal palestino em Gaza, enfrentando condições continuamente perigosas, considerou o risco para a sua segurança, e a das suas famílias, intolerável. A presença de longa data da Anera nos Territórios Palestinos Ocupados, que se estende por mais de 55 anos e perdura por múltiplos conflitos, sublinha a gravidade desta decisão. A escala sem precedentes do conflito atual e o desrespeito pelo direito internacional exigem esta pausa histórica nas nossas operações.
O ataque aos sete trabalhadores humanitários da WCK constitui uma clara violação das disposições do Tribunal Internacional de Justiça, que sublinha que os trabalhadores humanitários e os civis nunca devem ser alvos. A contínua perseguição dos trabalhadores humanitários e a falta de medidas de segurança adequadas exigem uma investigação exaustiva e uma ação imediata. Israel tem a responsabilidade final de garantir a prestação sem entraves de assistência humanitária urgente e de serviços básicos aos necessitados.
De acordo com o direito internacional e os princípios de humanidade, as partes com controle efetivo sobre uma população são obrigadas a fornecer proteção, garantindo o fornecimento de bens essenciais para a sobrevivência civil. Mesmo que não se apliquem obrigações específicas ao abrigo das leis de ocupação, todas as partes devem respeitar os deveres mínimos definidos no direito humanitário internacional. Israel, como autoridade de ocupação em Gaza, é o responsável final pela obstrução da entrega de fornecimentos essenciais e por não garantir a segurança dos trabalhadores humanitários.
Reiteramos a nossa exigência de segurança adequada para os trabalhadores humanitários e de saúde, os jornalistas e todos os civis, e apelamos a um cessar-fogo imediato e duradouro.
Sobre a Anera
Desde 1968, a Anera tem ajudado refugiados e outras pessoas feridas pelos conflitos no Oriente Médio a viver com dignidade e propósito. A Anera, que não tem filiação política ou religiosa, trabalha no terreno com parceiros na Cisjordânia, Gaza, Jerusalém Oriental, Líbano e Jordânia. Mobilizamos recursos para ajuda humanitária imediata e para esforços sustentáveis de saúde, educação e desenvolvimento econômico. Nossos funcionários são das comunidades que atendem, navegando nas políticas que restringem o progresso para obter ajuda onde ela é mais necessária. Continuaremos a construir vidas melhores até que a esperança encontre o seu caminho no Oriente Médio.
Publicado originalmente pela Anera em 02/04/2024 – Washington (DC)
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