A hipocrisia de Elon Musk

Colunista do Guardian, Arwa Mahdawi, desmascara hipocrisia gritante de Elon Musk:

O proprietário do X está pagando contas legais de pessoas ‘tratadas injustamente’ por causa de seus cargos, enquanto usa a lei como arma para calar seus críticos.

Que surpresa! O absolutista da liberdade de expressão Elon Musk realmente não ama a liberdade de expressão

Vamos dar uma olhada na plataforma anteriormente conhecida como Twitter, certo? Vamos dar uma olhada em como está indo desde que Elon Musk , o homem mais inteligente do mundo, decidiu incendiar seu valor extremamente valioso de marca e renomeá-lo como “X”.

Huh, você sabe, parece que está indo extremamente mal. O uso nos EUA caiu mais de um quinto desde que Musk assumiu a plataforma no final de 2022, descobriu uma análise recente . Esta semana, Musk, que já se autodenominou “Chefe Twit”, também reverteu caoticamente sua política de fazer as pessoas pagarem pelo “status de verificado” e começou a impor marcas azuis nas contas mais seguidas do site – para desespero de muitos usuários.

X pode não estar no topo do jogo agora, mas, para ser justo, Musk tem muitas outras empresas. Então, como está Tesla? Aparentemente, também não é tão bom. O estoque está se acumulando e a empresa recorre a grandes descontos para trocar de carro . Entretanto, a administração Biden criticou recentemente a SpaceX (outra empresa de Musk) pela forma como as suas operações são fortemente subsidiadas pelo público.

Embora alguns de seus maiores negócios estejam repletos de problemas, a atenção de Musk parece estar em outro lugar. Metade do tempo ele parece estar tuitando sobre como nunca irá à terapia ou deixando de seguir drasticamente sua ex no X. No resto do tempo, o bilionário parece estar consumido por seu hobby favorito : financiar processos judiciais ridículos .

No ano passado, Musk, que gosta de se referir a si mesmo como um “absolutista da liberdade de expressão”, anunciou grandiosamente que ajudaria a pagar as contas legais de pessoas que se sentissem “tratadas injustamente” por publicarem no Twitter. Musk foi inundado com pessoas pedindo ajuda e, na semana passada, X anunciou oficialmente que estava financiando uma ação movida por Chloe Happe contra seu ex-empregador Block – a empresa de tecnologia financeira criada por Jack Dorsey, o fundador do Twitter. Embora não esteja claro por que Block demitiu Happe, o processo alega que foi por causa do comportamento dela no Twitter.

“Block demitiu Chloe por causa das opiniões políticas que ela expressou sobre X”, tuitou a conta oficial do X News . “Chloe tinha duas contas pseudônimas no X, @bronzeageshawty e a agora obsoleta @samsarashawty … porque algumas das opiniões que ela expressou em suas contas X não estavam em conformidade com a ortodoxia política predominante, Block a demitiu, em violação da lei.”

Então, quais foram essas opiniões corajosas que X está defendendo? Bem, existem dois tweets principais (ambos os quais Happe excluiu posteriormente) que estão no centro do processo. Um deles, descrito no processo judicial como “Posto do Banheiro”, disse: “Olhando o medo nos olhos hoje enquanto estou usando o banheiro de gênero neutro da ADA no escritório e um travesti retardado em uma cadeira de rodas bate na porta”.

O outro tweet é descrito como “Posto de Refugiados”. Neste, publicado pouco depois de 7 de Outubro de 2023, Happe fingiu ser um “cidadão” do Curdistão (que é uma região, não um país) e brincou sobre os refugiados de Gaza que vinham para a área. Happe usa regularmente esse pseudônimo específico para fingir ser uma mulher no Curdistão com um marido pastor de ovelhas e tweetar “espirituosidade” como : “lindas mulheres curdas peitudas simplesmente não caem do céu, você sabe”.

Independentemente do que você pensa sobre os comentários de Happe, este parece um caso bizarro para se apoiar. Quero dizer, sejamos muito claros aqui: um dos homens mais ricos e influentes do mundo decidiu investir os seus recursos consideráveis ​​na luta pelo direito da mulher de dizer “travesti” e “retardado” online.

Um cínico poderia dizer que a motivação por trás deste processo não é tanto a liberdade de expressão, mas sim uma trollagem infantil. Afinal, Musk tem demonstrado rotineiramente que tem a maturidade de um garoto de 12 anos. Este é um homem, não esqueçamos, que apagou o “w” na placa do escritório do Twitter porque achou que seria engraçado as pessoas trabalharem no “ titter ”.

Apesar de se autodenominar um guerreiro da liberdade de expressão, Musk também deixou bem claro que não gosta de certas formas de liberdade de expressão. Ele defenderá o direito de alguém de usar linguagem transfóbica e capacitista online até o fim, mas Deus não permita que alguém exerça sua liberdade de expressão para dizer algo ruim sobre ele! O bilionário de pele fina forçou os funcionários a assinar acordos restritivos de não depreciação e o Twitter foi acusado de suspender as contas dos jornalistas que cobriram a plataforma . Há também alegações de que a plataforma censurou figuras públicas palestinas e suspendeu contas que criticavam a guerra de Israel em Gaza.

Musk também usou a lei como arma para tentar calar seus críticos. No mês passado, por exemplo, um juiz rejeitou um processo que X tinha apresentado contra o Center for Countering Digital Hate (CCDH), uma organização sem fins lucrativos que publicou relatórios detalhando um aumento no discurso de ódio e no conteúdo racista em X desde a aquisição de Musk.

“Às vezes não está claro o que está motivando um litígio…”, escreveu Charles Breyer, o juiz distrital dos EUA, na decisão. “Outras vezes, uma queixa é tão descarada e vociferante sobre uma coisa que não pode haver dúvidas quanto a esse propósito… Este caso é sobre punir os réus… A X Corp abriu este caso para punir a CCDH pelas publicações da CCDH que criticaram a X Corp – e talvez para dissuadir outros que possam querer se envolver em tais críticas.”

Musk tentando ativamente suprimir as críticas enquanto se apresenta como um guerreiro da liberdade de expressão? Nossa, é quase como se o homem fosse um hipócrita furioso.

Com informações do The Guardian.