A Bloomberg soltou uma bomba em 8 de julho de 2025: a China estaria construindo centros de dados secretos no deserto, usando 115 mil chips Nvidia H100/H800, proibidos pelos EUA, para turbinar suas ambições em IA. A história, cheia de detalhes sensacionalistas como chips escondidos em “barrigas falsas” ou com lagostas, parece mais uma jogada geopolítica do que um fato sólido. É o tipo de narrativa que alimenta pânico em Washington, engorda os bolsos de Wall Street e pressiona por mais sanções, enquanto ignora a realidade: a China está correndo atrás de autossuficiência tecnológica e, francamente, não precisa tanto assim da Nvidia.
Vamos aos fatos, ou melhor, à falta deles. A Bloomberg cita “documentos vistos” por seus repórteres, mas não mostra nada. O Departamento de Comércio dos EUA ficou mudo, e a Nvidia, que negou qualquer suporte a chips restritos na China, chamou os relatos de contrabando de “contos exagerados”. William Huo, executivo sênior da Intel em Pequim e CEO da Representação da Intel na cidade, conforme seu perfil no X (@wmhuo168), fez as contas e desmontou a história. Ele estima que 115 mil chips H100, com 3 kg cada, somam 345 toneladas — duas cargas de Boeing 747. Como isso passaria despercebido por alfândegas globais, como na Malásia, sem uma única apreensão registrada? Huo, que acompanha o mercado de semicondutores de perto, sugere que a matéria é uma peça de pressão política, não uma denúncia fundamentada.
E não é difícil ver por quê. A publicação veio na véspera de debates no Congresso americano sobre novas sanções à China, conforme a Reuters noticiou em 9 de julho. É um timing perfeito para pintar a China como vilã, justificar mais restrições e inflar as ações da Nvidia, enquanto o Ocidente finge que Pequim ainda depende de seus chips. Só que a realidade é outra. Desde 2022, a China despejou mais de US$ 150 bilhões em semicondutores, segundo o *South China Morning Post*. O Huawei Ascend 910B, fabricado em 7nm pela SMIC, já entrega 80% do desempenho esperado, per um estudo do CSET de 2024, e a Huawei já mira o 910C para 2026. Jensen Huang, CEO da Nvidia, admitiu em maio de 2025 que a participação de sua empresa no mercado chinês caiu de 90% para 50% em um ano. Contrabando em massa? Parece mais que a China está jogando com as próprias peças.
Huo vai além e aponta o óbvio: construir centros de dados com 115 mil chips Nvidia exigiria não só hardware, mas energia (uns 500 MW, ajustando dados da PCMag de 2016 para 2025) e manutenção que a Nvidia não fornece. Sem suporte técnico, esses chips virariam sucata em meses. Enquanto isso, a China lança satélites de IA orbital, como noticiou o *The Daily Galaxy* em 2025, mostrando que sua estratégia vai muito além de desertos e contrabando.
No fim, a narrativa da Bloomberg tem mais furos que um queijo suíço. Serve para assustar congressistas, inflar o ego americano e desviar o foco do que realmente importa: a China está construindo seu próprio caminho na IA, e rápido. Se quiser entender o jogo, acompanhe fontes como o CSET para dados técnicos ou a Reuters para o contexto geopolítico. A Bloomberg pode querer vender medo, mas a China está vendendo inovação — e isso muda tudo.