Kremlin responde a Trump e afirma que BRICS não atua contra outros países

Trump e Putin. Foto: Mikhail KLIMENTYEV / SPUTNIK / AFP

O governo da Rússia afirmou nesta segunda-feira (data local) que o grupo BRICS não desenvolve nenhuma ação com o objetivo de confrontar ou isolar outros países, em resposta à declaração do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No domingo, Trump afirmou que pretende impor uma tarifa adicional de 10% a nações que, segundo ele, se alinhem a “políticas antiamericanas” defendidas pelo BRICS.

A reação veio por meio do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que comentou as declarações durante coletiva de imprensa. A posição do governo russo foi divulgada um dia após o início da cúpula do BRICS no Brasil, que reúne líderes de 11 países em reuniões oficiais no Rio de Janeiro.

“De fato, vimos essas declarações do presidente Trump, mas é muito importante observar aqui que a singularidade de um grupo como o BRICS é que ele é um grupo de países que aborda abordagens comuns e uma visão de mundo comum sobre como cooperar com base em seus próprios interesses”, afirmou Peskov. “E essa cooperação dentro do BRICS nunca foi e nunca será direcionada contra terceiros países.”

Trump utilizou sua conta na rede Truth Social para anunciar a possível criação de tarifas adicionais sobre países que apoiem as políticas do BRICS, bloco originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que desde então ampliou sua composição para incluir outras economias emergentes.

“Qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do BRICS será cobrado com uma TARIFA ADICIONAL DE 10%. Não há propostas a essa política. Obrigado por sua atenção a este assunto!”, escreveu Trump, sem especificar quais políticas estariam enquadradas como “antiamericanas”.

A declaração gerou repercussão internacional no mesmo dia em que os chefes de Estado do BRICS abriram oficialmente a 17ª Reunião de Cúpula do grupo. O encontro, realizado no Rio de Janeiro, tem como temas centrais a cooperação econômica, a expansão da infraestrutura de dados por meio de cabos submarinos e a formulação de uma política comum de inteligência artificial.

A resposta do Kremlin buscou reforçar a posição histórica do BRICS como um bloco voltado à cooperação entre países em desenvolvimento e à promoção de uma ordem internacional multipolar. Os países integrantes do grupo vêm discutindo mecanismos de colaboração técnica, científica, comercial e política que, segundo os membros, não têm como objetivo confrontar outros blocos internacionais.

Durante a cúpula, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva também defendeu a independência do grupo em relação às grandes potências e relembrou a origem da articulação internacional. Lula afirmou que o BRICS carrega a herança política do Movimento dos Não Alinhados e representa um espaço alternativo para os países que desejam cooperar de forma autônoma.

A postura do Kremlin segue a linha adotada por outros integrantes do grupo. A China, que enviou representante oficial à cúpula, já havia reforçado em eventos anteriores que o BRICS não busca rivalidade com o Ocidente. A Índia, por sua vez, manteve silêncio sobre as declarações de Trump até o momento.

Analistas internacionais apontam que a declaração do ex-presidente norte-americano pode antecipar sua estratégia política em caso de retorno à presidência dos Estados Unidos. Trump tem adotado um discurso crítico em relação ao crescimento de fóruns multilaterais que não incluem os Estados Unidos como protagonistas.

O BRICS, que começou como um agrupamento informal em 2009, ganhou força com a criação de instituições como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e com a ampliação de sua composição. O bloco atualmente reúne 11 membros permanentes e outros países parceiros em diferentes níveis de cooperação.

Apesar das diferenças econômicas e políticas entre os membros, os encontros de cúpula têm se consolidado como espaço de diálogo sobre temas como governança global, comércio internacional, desenvolvimento sustentável e inovação tecnológica.

Na atual reunião no Rio de Janeiro, os países discutem ainda medidas para fortalecer a cooperação em ciência e tecnologia e propostas de regulação global da inteligência artificial. A expectativa é que novas iniciativas sejam formalizadas até o encerramento da cúpula.

O governo russo reforçou que continuará participando ativamente das iniciativas do BRICS e destacou que as declarações externas não alteram os princípios fundadores do grupo. “O BRICS não visa provocar ou prejudicar qualquer outro país. Ele busca criar condições para o desenvolvimento conjunto de seus membros”, reiterou Peskov.


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