Um levantamento nacional aponta que os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados enfrentam os piores índices de imagem entre os principais nomes da política brasileira. A pesquisa Latam Pulse, realizada pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg, mostra que Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB) registraram os maiores níveis de desaprovação entre os 16 líderes políticos avaliados.
Os dados foram coletados entre os dias 27 e 30 de junho de 2025, com base em entrevistas realizadas com 2.621 adultos em todas as regiões do Brasil. Segundo o estudo, apenas 3% dos entrevistados afirmaram ter uma imagem positiva de Davi Alcolumbre, enquanto 75% indicaram avaliação negativa, resultando em um saldo de imagem de -72 pontos percentuais. Trata-se do pior desempenho entre os nomes pesquisados.
Hugo Motta, por sua vez, apresentou 4% de imagem positiva e 74% de negativa. O saldo de -70 pontos percentuais o posiciona como o segundo líder mais mal avaliado do levantamento.
A pesquisa utilizou a metodologia de recrutamento digital aleatório Atlas RDR, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Desempenhos contrastantes entre os líderes nacionais
O relatório também incluiu a avaliação de outras figuras políticas de relevância nacional. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apresentou desempenho mais equilibrado em relação aos presidentes das duas casas legislativas. Lula teve 47% de imagem positiva e 53% de negativa, o que resultou em um saldo de -6 pontos percentuais.
Ciro Gomes (PDT), ex-ministro e ex-governador do Ceará, aparece com 24% de imagem positiva e 62% de negativa. Seu saldo foi de -38 pontos. Já Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, obteve 25% de aprovação e 53% de desaprovação, totalizando saldo de -28 pontos.
O levantamento evidencia uma tendência de desaprovação mais acentuada em figuras ligadas ao Congresso Nacional. Entre os dezesseis nomes analisados, Alcolumbre e Motta se destacam pelas taxas mais elevadas de rejeição, sugerindo desgaste público relacionado à atuação parlamentar.
Contexto político e imagem pública
A presença de Davi Alcolumbre e Hugo Motta no topo da lista dos mais rejeitados chama atenção pelo papel central que ambos desempenham no processo legislativo. Alcolumbre voltou à presidência do Senado em 2025 após articulações partidárias que garantiram apoio em diversos blocos. Hugo Motta, por sua vez, assumiu a presidência da Câmara dos Deputados como alternativa de consenso em meio a disputas internas dentro da base governista e da oposição.
O levantamento sugere que o protagonismo institucional dos dois líderes não se traduziu em aprovação junto à população. A percepção negativa pode estar ligada a fatores como impasses legislativos, pautas controversas ou baixa exposição pública, embora a pesquisa não aponte causas específicas para os índices registrados.
Avaliação de popularidade no cenário nacional
O relatório Latam Pulse é divulgado periodicamente para aferir a imagem de líderes políticos na América Latina. A edição atual se concentrou em nomes brasileiros com presença ativa na agenda pública ou com influência institucional.
Além de Lula, Ciro e Caiado, outros nomes analisados incluíram parlamentares, governadores e ex-candidatos presidenciais. A metodologia adotada busca medir o saldo de imagem por meio da diferença entre avaliações positivas e negativas, o que permite identificar tendências de popularidade ou desgaste.
Impactos e repercussões
Embora o levantamento não trate diretamente das consequências políticas dos índices de rejeição, a baixa popularidade de Alcolumbre e Motta pode influenciar articulações futuras no Congresso, especialmente em momentos decisivos como votações de reformas, análise de vetos e discussões sobre o Orçamento.
A percepção pública negativa também pode impactar a capacidade de ambos os presidentes em liderar agendas próprias ou fortalecer suas bases eleitorais em estados de origem. Com saldo inferior a -70 pontos percentuais, os dois parlamentares enfrentam desafios não apenas institucionais, mas também de comunicação política.
Detalhes técnicos da pesquisa
A amostra foi coletada com base em critérios de representatividade nacional. O método Atlas RDR, utilizado na pesquisa, envolve o recrutamento digital aleatório com controle de cotas por idade, sexo, escolaridade, renda e localização geográfica. O intervalo de confiança é de 95%, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa foi concluída no final de junho e divulgada no início de julho de 2025. Segundo os organizadores, os resultados refletem a percepção do eleitorado em um momento de transição política, com redefinições internas em partidos e discussões em torno das eleições municipais previstas para o ano seguinte.