As declarações mais polêmicas de Washington Quaquá em Lisboa.
Durante o Brasil Investment Summit em Lisboa, o prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT protagonizou uma das entrevistas mais controversas do evento. Washington Quaquá não poupou críticas à burocracia brasileira, ao próprio governo Lula e fez declarações sobre segurança pública que certamente repercutirão no cenário político nacional.
“Nós somos dominados por uma burocracia de classe média que odeia os pobres”
Uma das declarações mais ácidas de Quaquá foi direcionada à burocracia brasileira: “Nós somos dominados por uma burocracia de classe média que odeia os pobres, porque todo cara de classe média odeia pobre, porque ele tem medo de ser pobre, e ele tem inveja de rico, porque ele sabe que nunca vai ser rico.”
O prefeito foi ainda mais longe: “Então, é o pior setor da sociedade e atravancam o Brasil. E quando ele faz um concurso público, ele tem um poder desmedido. É o poder do guarda da esquina. Com aquela caneta dele, ele te mete multa à vontade.”
Para exemplificar os entraves burocráticos, Quaquá citou um caso concreto: “Eu tenho um porto em Maricá que está há 16 anos para ser licenciado. Aí o promotor diz que não vai dar licença porque surfou naquela praia e acha uma pena perder aquela praia.”
“Presidente, isso aqui está parecendo pizza requentada”
Mesmo sendo do PT, Quaquá não poupou críticas diretas ao governo Lula: “Eu falei isso para o meu presidente: olha, isso aqui está parecendo pizza requentada, precisamos ter coisas novas.”
O prefeito sugeriu mudanças práticas na estratégia política: “Tira do Bolsa Família 50 bilhões, 10% do que se gasta, e você resolve o Congresso. Você não pode querer que os políticos que precisam se eleger deixem de ser espertos de uma hora para outra – eles vão continuar negociando.”
Ele criticou a falta de articulação do governo: “A gente precisa ter uma negociação com o Congresso, chamar o Judiciário e conversar sobre como vamos crescer.”
“Se você ocupar território, tu vai pra vala”
A declaração mais controversa veio quando Quaquá abordou segurança pública: “Eu estou fechando todas as entradas e saídas de Maricá com portais de segurança, estou armando a guarda municipal, inclusive com fuzil e brigada de ocupação do território.”
Ele foi explícito ao se dirigir aos criminosos: “Disse publicamente para a bandidagem: se você ocupar território, tomar casa de velhinha, esculachar morador e roubar serviços como água e gás, tu vai pra vala. O Estado Democrático de Direito vai te botar na vala.”
Questionado sobre como lidar com bandidos armados, respondeu: “Se um vagabundo porta um fuzil e ameaça um morador, ele vai fazer o quê? Vou dar flores para ele? Vou dar flores no enterro dele.”
“Eu sou socialista, mas o capitalismo é amplamente vencedor”
Em uma das declarações mais paradoxais, Quaquá fez um elogio explícito ao capitalismo: “Eu sou socialista, sou de esquerda. Mas o capitalismo é amplamente vencedor do ponto de vista do desenvolvimento econômico. O Estado está provado que não produz riqueza, produz desgraça e miséria.”
Ele complementou: “O Estado é bom para distribuir, mas é uma desgraça para gerar riqueza e fazer as economias crescerem. O próprio Marx dizia que o socialismo não foi feito para distribuir miséria.”
“Nós temos um “sevirariado”, não um proletariado”
O prefeito criou um conceito próprio para explicar a nova realidade social: “Nós não temos mais um proletariado como o Marx ensinava. Nós temos um se virariado, aqueles que se viram para sobreviver.”
Para ele, é preciso “trabalhar com a ideia do se virariado, ajudar as pessoas a se virar para sobreviver” e “tirar esse comodismo que às vezes as políticas sociais incentivam”.
“Ninguém mais quer carteira assinada, as pessoas querem empreender”
Quaquá questionou a eficácia dos programas sociais tradicionais: “São mais de 500 bilhões de reais do orçamento destinados para Bolsa Família, BPC e outros programas, e muito pouco dinheiro para investimento no desenvolvimento.”
Sobre a mudança de mentalidade, disse: “Antigamente, qual era o sonho das pessoas mais pobres? Eu sei disso porque nasci em favela. O sonho era ter um emprego. Meu avô dizia: faz um concurso público. Ninguém mais quer isso na vida. As pessoas querem empreender, querem se virar.”
“Não explorar a margem equatorial é atentar contra os interesses nacionais”
Sobre exploração petrolífera, foi categórico: “Não explorar é uma loucura, é quase atentar contra os interesses nacionais não explorar a margem equatorial.”
Ele justificou: “Nós não podemos deixar o petróleo debaixo da terra enquanto o povo tem dificuldades em cima da terra. É uma loucura. Sou completamente favorável à exploração.”
“O Bretas prendeu todo mundo e depois disse que foram erros técnicos”
Quaquá criticou os ex-juizes Sérgio Moro e Marcelo Bretas, e a Operação Lava Jato: “O Bretas não pode ter prendido todo mundo e depois dizer que não errou, que foram erros técnicos, sendo que muita gente foi presa injustamente. É preciso que haja responsabilização.”
Ele defendeu responsabilização para todos os poderes: “Todos nós somos responsabilizados pelos nossos atos. Agora é preciso que todos sejam responsabilizados, inclusive no Judiciário.”
“Ambientalistas inventam bobagens para impedir o desenvolvimento”
Sobre ambientalistas que impedem projetos de desenvolvimento, foi ácido: “Um ambientalista que fez mestrado na UERJ diz que tem uma pedra que prova a ligação do Brasil com a África, e aí começam a inventar um monte de bobagem. O cara que quer investir 5 bilhões não consegue investir há 17 anos.”
“Quem roubou o ouro foram os piratas ingleses”
Quando questionado sobre corrupção, fez uma comparação histórica: “Quem foi que levou o ouro português e brasileiro? A esquerda brasileira diz que os portugueses roubaram o ouro brasileiro. Isso não tem precisão histórica.”
Ele argumentou: “Os portugueses cobravam um quinto da coroa, que era 20% de imposto – muito menos do que se cobra hoje. Na travessia, os galeões ingleses roubavam. Os piratas eram ingleses.”
“Só os malandros fizeram lobby no Congresso”
Sobre a legalização dos jogos, criticou como a legislação foi aprovada: “O pessoal dos cassinos não botou dinheiro no lobby. Os bicheiros também não. Mas as empresas de apostas online botaram dinheiro no Congresso.”
Ele concluiu: “Por isso aprovaram uma legislação só para as bets, porque só os malandros fizeram lobby no Congresso.”