O volume de vendas no comércio varejista brasileiro registrou crescimento de 2,1% em maio de 2025 na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada nesta terça-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado do ano, o setor apresenta avanço de 2,2%, enquanto o indicador dos últimos doze meses aponta alta de 3,0%.
Na passagem de abril para maio, no entanto, o desempenho manteve-se praticamente estável, com variação negativa de 0,2%. Em abril, o resultado havia sido de -0,4%, o que configura dois meses consecutivos de leve retração. A média móvel trimestral ficou em 0,1% no trimestre encerrado em maio, sinalizando um cenário de desaceleração após crescimento expressivo registrado em março.
De acordo com o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, a estabilidade observada em abril e maio está relacionada ao pico atingido em março, quando o volume de vendas alcançou o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2000. “É o efeito base, ou seja, estabilidade depois de alta, não sendo uma alta qualquer, haja visto que março é o topo da série, além do retrocesso do crédito à pessoa física”, explicou.
Entre as oito atividades analisadas no varejo restrito, cinco apresentaram crescimento no volume de vendas entre abril e maio. O setor de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação teve alta de 3,0%, seguido por móveis e eletrodomésticos (2,0%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,7%), tecidos, vestuário e calçados (1,1%) e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,4%).
Cristiano Santos apontou que a valorização do real frente ao dólar desde fevereiro favoreceu as vendas de equipamentos de informática. “Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação apresentaram resultados positivos em dois dos últimos três meses (março e maio), os quais têm relação com a depreciação do dólar que acontece desde fevereiro”, afirmou.
Já no setor de móveis e eletrodomésticos, o resultado de maio indica continuidade da recuperação iniciada no segundo semestre de 2024. “Reflete um ano melhor para a categoria, que vinha se desenvolvendo com uma certa vida negativa até o primeiro semestre do ano passado, mas que depois disso teve um bom período de crescimento a partir do segundo semestre de 2024 e primeiro semestre de 2025, apesar dos resultados negativos em março e abril”, detalhou.
Por outro lado, três atividades apresentaram retração entre abril e maio: outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,1%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2,0%) e combustíveis e lubrificantes (-1,7%).
No comércio varejista ampliado — que inclui veículos, motos, peças, material de construção e o atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo — o volume de vendas cresceu 0,3% em maio. O resultado é considerado estável pelo IBGE, em comparação aos meses anteriores. Em abril, o setor havia registrado queda de 1,9%, após alta de 1,7% em março. “No caso do varejo ampliado, a gente teve um resultado positivo, mas também com leitura de estabilidade, muito diferente do que aconteceu nos meses anteriores”, disse Santos.
Entre os segmentos que compõem o varejo ampliado, o setor de veículos, motos, partes e peças registrou crescimento de 1,5% na passagem de abril para maio, enquanto material de construção manteve estabilidade (0,0%).
Comparação anual mostra alta em seis dos oito setores do varejo
Na comparação entre maio de 2025 e o mesmo mês de 2024, o comércio varejista apresentou crescimento em seis dos oito setores pesquisados. O destaque foi para tecidos, vestuário e calçados, com aumento de 7,1%, seguido por móveis e eletrodomésticos (7,0%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (5,5%), equipamentos de informática e comunicação (4,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (2,5%) e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,2%).
As quedas, nesse recorte, ficaram concentradas em combustíveis e lubrificantes (-0,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,4%).
No varejo ampliado, o setor de veículos, motos, partes e peças cresceu 1,5%, enquanto material de construção registrou alta de 4,7%. O único segmento em queda foi o atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, com retração de 5,1%.
Cenário aponta para estabilidade após pico em março
Os dados divulgados pelo IBGE mostram que o comércio varejista passa por um momento de acomodação, após atingir nível recorde de vendas em março. O movimento de desaceleração, segundo o instituto, não indica reversão de tendência, mas reflete o impacto da base elevada de comparação e o ambiente restritivo no crédito ao consumidor.
A avaliação é de que o desempenho do setor segue positivo no acumulado do ano, sustentado principalmente pelas categorias de bens duráveis e semiduráveis, como vestuário e eletrodomésticos. A continuidade dessa trajetória dependerá, nos próximos meses, de fatores como taxa de juros, renda disponível das famílias e evolução do mercado de trabalho.