Levantamento AtlasIntel mostra melhora na imagem do ministro da Fazenda e crescimento na aprovação de Lula
A avaliação positiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou crescimento em junho, segundo pesquisa realizada pela AtlasIntel e divulgada pela Bloomberg. De acordo com o levantamento, a aprovação do titular da pasta subiu três pontos percentuais em comparação com o mês anterior, atingindo 45%. A rejeição caiu cinco pontos, chegando a 51%. Apenas 4% dos entrevistados afirmaram não ter opinião formada.
O resultado representa o melhor desempenho de Haddad desde janeiro deste ano. Ainda assim, a taxa de desaprovação continua superior à aprovação. A pesquisa foi realizada entre os dias 27 e 30 de junho, com 2.621 entrevistas e margem de erro de dois pontos percentuais. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo.
O aumento na avaliação positiva ocorreu em um contexto de crise política após a tentativa de elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida defendida por Haddad como parte de uma agenda de justiça tributária. A proposta foi rejeitada pelo Congresso Nacional, o que representou uma derrota para o governo federal.
Apesar disso, a repercussão do episódio levou o Palácio do Planalto a reformular sua estratégia de comunicação pública. A partir desse momento, o governo passou a enfatizar um discurso focado na diferenciação entre contribuintes de alta renda e os demais grupos da sociedade. A narrativa tem sido empregada para justificar medidas que alterem a estrutura atual da arrecadação federal.
Desde a rejeição do aumento do IOF, o ministro da Fazenda tem defendido que o tema seja analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob o argumento de que o modelo atual de arrecadação fiscal favorece determinados setores e penaliza outros. Internamente, auxiliares do governo avaliam que a exposição pública do embate trouxe resultados positivos à imagem de Haddad.
A pesquisa também avaliou a percepção da população sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dados indicam que a aprovação do chefe do Executivo subiu dois pontos percentuais em relação ao mês anterior, alcançando 47,3%. A taxa de desaprovação caiu para 51,8%, enquanto 0,9% dos entrevistados não souberam opinar.
Segundo analistas políticos, a variação positiva nas avaliações de Lula e Haddad é interpretada como resultado do novo posicionamento do governo no debate sobre a política fiscal. A ênfase no discurso que contrapõe grandes grupos econômicos e setores populares tem sido utilizada para justificar propostas como a tributação de fundos exclusivos e de offshores, além da reavaliação de subsídios a setores específicos.
A tentativa de aumento do IOF, barrada pelo Congresso, abriu espaço para que o Executivo argumentasse publicamente a favor de uma revisão do sistema tributário com foco em progressividade. Mesmo com a derrota legislativa, a equipe econômica aposta que o debate público sobre justiça fiscal trará efeitos duradouros na construção de apoio político para outras propostas em tramitação.
A movimentação política em torno do tema também levou o governo a considerar ajustes no calendário de apresentação de novas medidas ao Legislativo. O objetivo é alinhar conteúdo técnico com estratégias de comunicação que favoreçam a compreensão pública e fortaleçam a adesão popular.
Parlamentares aliados ao governo indicaram que a recepção às propostas será condicionada à capacidade do Executivo de sustentar o discurso em favor da redistribuição da carga tributária. Segundo membros da base, a rejeição ao aumento do IOF não deve ser interpretada como oposição generalizada à pauta fiscal, mas como sinal da necessidade de articulação mais eficaz entre Executivo e Congresso.
A pesquisa da AtlasIntel sugere que a exposição de Haddad durante o impasse contribuiu para consolidar sua imagem como principal porta-voz da política econômica do governo. A avaliação é de que a postura adotada no episódio ampliou sua visibilidade pública, inclusive entre eleitores que tradicionalmente não acompanham o debate fiscal.
Em meio a esse cenário, o governo estuda novas medidas com foco em arrecadação, mantendo o objetivo de alcançar a meta de déficit primário zero estabelecida para o ano. O desempenho fiscal é considerado prioritário por setores da equipe econômica, que veem na manutenção das metas um fator de credibilidade junto ao mercado e a organismos multilaterais.
Os resultados da pesquisa também devem influenciar decisões políticas do Executivo nos próximos meses, especialmente no tocante ao ritmo de apresentação de propostas e ao posicionamento público do presidente e de seus ministros em temas sensíveis.
Com a melhora nas avaliações e a retomada do controle do debate sobre a política fiscal, o governo avalia que há margem para avançar em propostas que até recentemente enfrentavam forte resistência. A expectativa é de que a evolução dos indicadores de imagem, tanto de Haddad quanto de Lula, seja monitorada nos próximos ciclos de pesquisa para orientar novos movimentos políticos e legislativos.