Edinho Silva afirma que aprovação de Lula deve crescer no segundo semestre e defende pacto institucional entre Executivo e Congresso
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, afirmou estar “confiante” de que a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva crescerá no segundo semestre deste ano, o que, segundo ele, consolidaria a possibilidade de reeleição e desestimularia movimentações de saída por parte de integrantes da base aliada. A declaração foi dada em entrevista ao jornal Valor Econômico, a primeira após assumir o comando da sigla.
Segundo Edinho, “o mundo político se move pela perspectiva de vitória”. Ele reconheceu que o governo atravessa um momento de desgaste, mas disse acreditar que a entrega de resultados irá se intensificar nos próximos meses. “A comparação dos resultados do governo Lula com o governo Bolsonaro é uma coisa impressionante. A gente tem que fazer a sociedade enxergar esses resultados”, declarou.
Edinho também comentou sobre o papel do partido na disputa política com a extrema direita. De acordo com ele, o PT deve atuar para conter o avanço do pensamento fascista, que, segundo sua avaliação, tem se disseminado globalmente. “A tentativa de golpe de 8 de janeiro teve concepções fascistas, uma organização planejou matar o presidente da República, o vice e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral”, afirmou.
Na entrevista, Edinho antecipou que o partido já articula alianças estaduais visando as eleições de 2026. A estratégia, segundo ele, será montada a partir de diagnósticos estaduais, com o objetivo de preservar a frente ampla que elegeu Lula em 2022. “Onde o PT tiver condições de fazer disputa, teremos candidatos. Onde não tivermos, temos que priorizar o diálogo com nossos aliados históricos”, disse. Ele também destacou o papel do vice-presidente Geraldo Alckmin, mas mencionou a necessidade de diálogo com o novo presidente do PSB, João Campos, prefeito do Recife.
O dirigente petista negou qualquer discussão sobre plano alternativo à candidatura de Lula. “Sem a reeleição de Lula, o retrocesso para o Brasil será gravíssimo”, afirmou.
Na entrevista, Edinho rebateu críticas sobre um suposto discurso de divisão social baseado em antagonismo entre ricos e pobres. Segundo ele, o foco está nos privilégios. “Por que tem servidor público recebendo R$ 100 mil, enquanto a maioria dos brasileiros não ganha nem R$ 2 mil? A gente vai continuar desonerando setores da economia que não precisam ser desonerados?”, questionou.
Ele defendeu que as desonerações sejam acompanhadas de contrapartidas e tenham duração definida. “Hoje você tem grandes corporações sendo desoneradas, mas o pequeno e o médio empresário, o empreendedor e o assalariado pagando impostos. Não pode existir setores beneficiados sem um limite temporal”, disse.
Ao tratar da relação entre Executivo e Congresso Nacional, Edinho criticou o que chamou de desequilíbrio institucional. “Quando o Congresso Nacional executa R$ 52 bilhões do Orçamento, isso não é mais presidencialismo”, afirmou. Ele propôs um pacto político para criar uma agenda comum entre os Poderes. “Ou a gente tem lideranças que se sentem à mesa, ou o país vai mostrar limites de instabilidade que vão variar até a economia.”
Entre as soluções mencionadas para o impasse institucional está a reforma política. Edinho defendeu a adoção do voto em lista e o fortalecimento partidário. “É melhor para a estabilidade democrática fortalecer os partidos do que pulverizar o poder na individualidade do parlamentar”, avaliou.
Com bom trânsito dentro do governo federal, Edinho afirmou que o PT manterá diálogo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Ele criticou os juros elevados, mas disse que Galípolo merece um “voto de confiança”.
Sobre a inflação, defendeu maior clareza na apresentação dos dados. “Não digo para alterar a forma de cálculo do índice, mas dizer para a população que aqui tem 2%, 3% do que é núcleo, e 1,5% do que é sazonal”, afirmou.
No tema da comunicação digital, Edinho negou que a direita tenha superioridade estrutural nas redes sociais e questionou o funcionamento dos algoritmos. “Virou um dogma: a direita é boa de rede, a esquerda é ruim. Mas abre o algoritmo para eu saber por que se impulsiona mais a fala de A do que a fala de B.”
Ele também defendeu a regulação das plataformas, sem controle de conteúdo. “Censura é quando você controla o conteúdo. Isso eu sou contra. Mas quem produz ‘fake news’ tem que responder por isso.”
Edinho assumiu a presidência nacional do PT após a saída de Gleisi Hoffmann e o breve mandato interino do senador Humberto Costa. Filiado à corrente interna Construindo um Novo Brasil (CNB), ele já foi prefeito de Araraquara (SP) e ministro da Secretaria de Comunicação Social durante o governo Dilma Rousseff.
A posse oficial está marcada para o início de agosto. Até lá, Edinho pretende intensificar articulações internas para unificar o partido e garantir apoio à candidatura de Lula em 2026. “Não tenho nenhuma dúvida de que vamos chegar na virada do ano com a aprovação do governo Lula muito melhor. As nossas perspectivas de vitória em 2026 são reais”, concluiu.


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