PF encontra US$ 10 mil na casa de Bolsonaro e apura possível plano de fuga

Thiago Amâncio / Folhapress

Durante operação realizada nesta sexta-feira, 18, a Polícia Federal apreendeu US$ 10 mil na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), localizada em Brasília. A quantia foi encontrada durante cumprimento de mandado de busca e apreensão autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação agora irá avaliar se os valores em espécie têm relação com uma eventual tentativa de fuga do ex-chefe do Executivo. As informações são da CNN Brasil.

Além da casa do ex-presidente, a operação também incluiu o cumprimento de ordens judiciais na sede nacional do Partido Liberal (PL), também na capital federal. As ações fazem parte de um conjunto de medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, no contexto de investigações por supostos crimes de coação no curso do processo, obstrução à Justiça e ataques à soberania nacional.

Como parte das medidas impostas pelo Supremo, Bolsonaro deverá usar tornozeleira eletrônica e cumprir recolhimento domiciliar obrigatório entre 19h e 7h, além dos fins de semana. O ex-presidente está ainda proibido de acessar redes sociais ou de manter qualquer tipo de comunicação com embaixadores, representantes diplomáticos, outros réus e investigados nos mesmos inquéritos.

A operação foi autorizada após manifestação favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), que endossou o pedido da Polícia Federal com base em informações preliminares das investigações em curso. A petição protocolada pela PF apontou risco de obstrução e destruição de provas, além da possibilidade de tentativa de evasão do país.

O valor apreendido em moeda estrangeira está sendo analisado para determinar sua origem, finalidade e eventuais vínculos com os fatos investigados. A apuração busca esclarecer se a quantia representa indício de preparação para saída clandestina do Brasil ou tentativa de ocultação de patrimônio não declarado.

Fontes ligadas à investigação afirmam que a localização dos dólares na residência de Bolsonaro foi considerada um ponto relevante para sustentar as medidas cautelares impostas pelo STF. A aplicação da tornozeleira eletrônica tem o objetivo de permitir o monitoramento em tempo real da movimentação do ex-presidente, impedindo deslocamentos não autorizados e facilitando eventual intervenção das autoridades.

O recolhimento domiciliar imposto a Bolsonaro segue o modelo adotado em medidas cautelares diversas da prisão, previstas no Código de Processo Penal. A obrigação de permanecer em casa durante o período noturno e aos fins de semana visa reduzir o risco de articulações com outros envolvidos ou de ações que possam interferir nas investigações.

As medidas determinadas nesta sexta-feira fazem parte da Petição nº 14129, que corre sob relatoria de Moraes no Supremo. O caso tramita em segredo de Justiça, o que restringe o acesso a detalhes sobre os elementos que sustentaram os pedidos de busca e apreensão e a aplicação das restrições ao ex-presidente.

Até o momento, a defesa de Jair Bolsonaro não se manifestou oficialmente sobre o conteúdo da operação, a apreensão dos valores ou a imposição das novas medidas cautelares. O ex-presidente já responde a outros inquéritos no STF e está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em razão de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante o mandato.

A Polícia Federal confirmou a realização da operação por meio de nota. Segundo o comunicado, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares determinadas pelo Supremo Tribunal Federal. A corporação informou ainda que não comentará o conteúdo da investigação em razão do sigilo judicial.

A apreensão de valores em espécie e a imposição de monitoramento eletrônico reforçam o cerco das autoridades ao entorno do ex-presidente. A ofensiva também atinge assessores e aliados investigados por participação em supostas tentativas de desestabilização institucional e descumprimento de decisões judiciais.

O avanço das investigações ocorre em um momento em que o Ministério Público, a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal atuam de forma coordenada para apurar condutas atribuídas a ex-integrantes do governo federal. Entre os focos estão possíveis tentativas de reverter o resultado das eleições de 2022 e articulações para deslegitimar instituições da República.

A imposição de medidas restritivas a um ex-presidente da República marca mais um capítulo na escalada de ações envolvendo o Judiciário e figuras do alto escalão da política nacional. O caso segue sob apuração e novos desdobramentos dependem da análise do material apreendido e dos desdobramentos da investigação em curso.

A expectativa é de que, nos próximos dias, os órgãos responsáveis pela investigação apresentem novos relatórios ao STF com base na análise do conteúdo apreendido, o que poderá resultar em novas medidas judiciais ou eventuais pedidos de indiciamento.

O processo seguirá sob sigilo, e as autoridades envolvidas reiteram que o objetivo das medidas é assegurar a legalidade dos procedimentos e a proteção das investigações.

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