O diretor-geral da PF classificou as declarações como covardes e garantiu que a instituição não se curvará a pressões de investigados
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, confirmou que as recentes declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), feitas durante uma live nas redes sociais, serão incluídas no inquérito que já apura supostas condutas do parlamentar, como obstrução de Justiça, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
As declarações polêmicas foram feitas por Eduardo durante uma transmissão ao vivo, na qual ele teria proferido palavras de teor ameaçador contra servidores da própria Polícia Federal. O diretor da PF classificou a atitude como uma “covarde tentativa de intimidação” e disse que a instituição não se curvará diante de pressões ou ameaças vindas de investigados.
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“Recebi com indignação mais essa covarde tentativa de intimidação aos servidores policiais”, afirmou Rodrigues à CNN. O diretor-geral destacou que a PF adotará todas as “providências legais cabíveis” e reforçou: “nenhum investigado intimidará a Polícia Federal”.
A fala de Rodrigues foi acompanhada de uma explicação mais detalhada sobre os próximos passos. “Vamos instruir o inquérito em andamento com mais esse ataque às instituições, agora diretamente à Polícia Federal. Este fato se soma aos demais sob investigação.”
O tom das palavras de Eduardo Bolsonaro, durante a live, chamou a atenção não apenas pela dureza, mas também pela clara referência a uma postura de confronto com autoridades. Ele atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e chegou a dirigir palavras diretas a um delegado da PF, chamando-o de “cachorrinho da Polícia Federal” e dizendo:
“Se eu ficar sabendo quem você é, vou me mexer. Vai lá, coleguinha da Polícia Federal. Cachorrinho da Polícia Federal que está me assistindo. Deixa eu saber não, irmão. Se eu ficar sabendo quem é você, eu vou me mexer aqui. Se eu ficar sabendo quem você é, vou me mexer.”
Além disso, o deputado também fez referência ao delegado Fábio Alvarez Shor, que comandou importantes inquéritos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, resultando em seu indiciamento. Eduardo desafiou o delegado, perguntando se ele “conhece a gente”, e reforçou: “O couro é duro, a guerra não acabou, vai vir mais sacrifício aí pela frente. Eu sei disso, mas eu tô disposto a ir até as últimas consequências. Será que o Barroso tá?”
O comentário faz referência ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que tem sido alvo frequente de críticas por parte de Eduardo e de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A live ocorreu no mesmo dia em que terminou o período de licença de 120 dias concedida ao deputado. Caso ele não retome suas atividades no Congresso Nacional, Eduardo pode ser punido por ausências em sessões plenárias. Ele está nos Estados Unidos desde fevereiro e, em março, anunciou que solicitaria licença do mandato.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) conduz uma investigação que apura se Eduardo teria atuado nos Estados Unidos com o objetivo de interferir em processos judiciais envolvendo seu pai e outras autoridades brasileiras. As ações incluiriam declarações públicas contra o Supremo Tribunal Federal e tentativas de influenciar o andamento de investigações.
Agora, com as declarações feitas durante a live, o inquérito ganha novos contornos, podendo incluir elementos de ameaça e intimidação contra agentes públicos, o que, caso comprovado, pode agravar a situação jurídica do deputado.
O caso reacende o debate sobre os limites entre o exercício da liberdade de expressão por parlamentares e a prática de atos que podem ser enquadrados como ameaça, coação ou até mesmo atentado contra as instituições democráticas.
A Polícia Federal segue com a apuração sob os olhos atentos do país, num momento em que as relações entre o Poder Legislativo, o Judiciário e as forças de segurança continuam tensionadas. O diretor-geral Andrei Rodrigues, em suas declarações, deixa claro que a PF não recuará diante de pressões — seja de quem for.
Eduardo Bolsonaro reforça tom de confronto e promete “trabalhar para tirar Alexandre de Moraes do STF”
Em uma nova escalada de tensão, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, durante uma live transmitida no domingo (20), que pretende atuar diretamente para que o ministro Alexandre de Moraes deixe o Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi feita com tom explícito de ameaça e reforça o tom de confronto do parlamentar com o Poder Judiciário.
“Toda hora a gente tem que expor o nível de várzea que é Moraes com a caneta do STF. O ideal seria ele fora do STF. Trabalharei para isto também, tá, Moraes?”, disse Eduardo, usando uma expressão regionalista para depreciar a atuação do ministro.
O deputado também foi categórico ao dizer que Alexandre de Moraes “não é digno de estar no topo do poder Judiciário” e que está disposto a “se sacrificar” para alcançar esse objetivo. As declarações foram feitas no mesmo dia em que terminava o período de licença parlamentar de 120 dias concedida ao deputado. Caso ele não retome suas atividades no Congresso, passará a acumular faltas não justificadas, o que pode levar à perda do mandato, caso ultrapasse o limite legal de ausências.
Eduardo, que está nos Estados Unidos desde fevereiro, voltou a mencionar a decisão norte-americana de revogar seu visto diplomático, medida que teria ocorrido após articulações ligadas a investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo o parlamentar, esse foi apenas o “começo” de uma estratégia maior contra o ministro.
“Quando a gente fala que o visto foi só o começo, é porque o nosso objetivo será te tirar da corte. Você não é digno de estar no topo do poder Judiciário e eu tô disposto a me sacrificar para levar essa ação adiante”, afirmou, em tom de provocação.
Provocações de Eduardo Bolsonaro e ameaças a autoridades
Ao longo da transmissão, Eduardo Bolsonaro não poupou ataques ao ministro Alexandre de Moraes e chegou a ironizar a possibilidade de ser alvo de uma operação policial. Ele sugeriu que, caso o ministro quisesse avançar nas investigações, recorresse até mesmo a autoridades internacionais.
“Não gostou? Coloca o Trump junto aí na investigação. Coloca toda a nossa quadrilha aqui do Marco Rubio, etc. E manda a Interpol vir pegar a gente”, declarou, referindo-se ao senador norte-americano Marco Rubio, frequentemente citado por bolsonaristas como envolvido em supostas pressões contra o Brasil.
Eduardo também afirmou que Moraes já teria sofrido pressões dos Estados Unidos: “Sabe por que que você não vai fazer isso, Alexandre? Porque você já tomou um sabão da Interpol. Ou melhor, você já tomou um sabão dos Estados Unidos.”
Ameaças diretas à Polícia Federal
Além do ataque ao ministro do STF, Eduardo fez menção a servidores da Polícia Federal, em declarações que podem ser interpretadas como ameaças. Durante a live, ele se dirigiu diretamente a um integrante da PF, chamando-o de “cachorrinho da Polícia Federal”:
“Se eu ficar sabendo quem é você, vou me mexer. Vai lá, coleguinha da Polícia Federal. Cachorrinho da Polícia Federal que está me assistindo. Deixa eu saber não, irmão. Se eu ficar sabendo quem é você, eu vou me mexer aqui.”
O parlamentar também mencionou o delegado Fábio Alvarez Shor, responsável por inquéritos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro e que resultaram em seu indiciamento. “Pergunta ao tal delegado Fábio Alvarez Shor se ele conhece a gente. O couro é duro, a guerra não acabou, vai vir mais sacrifício aí pela frente”, afirmou.
Prazo de licença expirado e risco de perda do mandato
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos há mais de cinco meses e, desde fevereiro, não retorna ao Brasil. Em março, solicitou licença do mandato parlamentar por 120 dias, período que se encerrou no domingo (20). A partir de agora, o deputado está obrigado a participar das sessões plenárias da Câmara dos Deputados. Caso não o faça, começará a acumular faltas, o que pode levar à cassação do mandato caso ultrapasse o limite permitido por lei.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga se Eduardo teria atuado no exterior com o objetivo de interferir em processos judiciais que envolvem seu pai e outras autoridades brasileiras. O inquérito, conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, apura possíveis crimes de obstrução de Justiça, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Agora, com as declarações feitas durante a live, a investigação pode ganhar novos desdobramentos, com possíveis acréscimos de infrações relacionadas a ameaça, pressão sobre agentes públicos e desrespeito às instituições.
Tensão institucional no radar do país
O tom das declarações de Eduardo Bolsonaro reacende o debate sobre os limites entre o exercício da crítica política e a prática de atos que podem ser enquadrados como ameaça, coação ou até mesmo atentado contra o Estado Democrático de Direito. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, já havia se posicionado anteriormente, afirmando que as declarações do deputado serão incluídas no inquérito em andamento e que a PF não se deixará intimidar por investigados.
Diante do cenário, cresce a expectativa sobre as próximas ações da Justiça e da Câmara dos Deputados diante do comportamento do parlamentar. Enquanto isso, o país assiste a um novo capítulo de uma narrativa marcada por polarização, tensão institucional e questionamentos sobre o papel dos poderes no equilíbrio democrático.
Com informações da CNN*