CNI reage a tarifa de 50% dos EUA e pede “bom senso” em negociações com governo norte-americano

CNI

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma nota oficial nesta segunda-feira, 28, criticando a decisão do governo dos Estados Unidos de elevar para 50% as tarifas sobre exportações brasileiras. A entidade também cobrou equilíbrio nas tratativas entre os dois países e pediu que as discussões sejam conduzidas com base em critérios técnicos.

O posicionamento da CNI ocorre após o anúncio da tarifa ser vinculado à Seção 301 da legislação comercial norte-americana. A medida deve entrar em vigor no dia 1º de agosto e vem sendo interpretada como parte de uma ofensiva política do presidente dos EUA, Donald Trump, no contexto das relações bilaterais com o Brasil.

Em nota assinada por seu presidente, Ricardo Alban, a CNI classificou a nova taxação como “expressiva e injustificável” e disse esperar que as decisões do governo dos EUA não sejam influenciadas por fatores externos ao comércio.

“Como é de pleno conhecimento de todos os brasileiros e americanos, não existe qualquer justificativa econômica/comercial para o Brasil ter saído de uma posição do ‘piso’ de 10% para uma inexequível posição de ‘teto’ de 50%”, afirma o comunicado da entidade.

CNI pede prorrogação e busca diálogo com autoridades dos EUA

A CNI informou que já realizou uma série de contatos com representantes do governo dos Estados Unidos, solicitando a revogação da medida ou, alternativamente, uma prorrogação de 90 dias no prazo de implementação. Segundo a confederação, o objetivo é abrir espaço para negociação e evitar impactos sobre setores estratégicos da economia brasileira.

O comunicado também menciona o risco de a medida ter sido motivada por “uma escalada de posições políticas e geopolíticas”. A CNI afirma que uma abordagem desse tipo “seria inaceitável para não só às relações comerciais, bem como para toda a sociedade brasileira e americana”.

A nota não cita diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas a medida norte-americana vem sendo informalmente chamada nos bastidores de “Tarifa Bolsonaro”, por ser interpretada por setores do governo brasileiro como um gesto político de Trump em apoio ao ex-presidente.

Entidade pede tratamento técnico nas relações comerciais

A CNI defendeu que qualquer questionamento envolvendo as exportações brasileiras seja tratado com base em dados e fundamentos técnicos. “Devemos focar em clarificar os entendimentos que levam a posições políticas exacerbadas. Devemos ser pragmáticos nas discussões meramente técnicas como temos visto por parte de outros países em desenvolvimento”, afirma o texto.

O apelo é para que eventuais disputas ideológicas não contaminem o diálogo entre os governos. Segundo a entidade, a condução técnica é essencial para preservar o ambiente de negócios e evitar efeitos negativos sobre a economia dos dois países.

Erros diplomáticos são citados como fator de agravamento

Em outro trecho, a CNI aponta que falhas recentes na condução diplomática podem ter contribuído para o endurecimento da postura dos Estados Unidos. Sem citar exemplos específicos, a entidade sugere que esses episódios sirvam de referência para uma abordagem diferente nas relações futuras.

“Vamos olhar objetivamente para frente e termos os recentes equívocos como um grande aprendizado para enfrentar os futuros desafios”, diz a nota.

O governo brasileiro, por sua vez, ainda não anunciou medidas concretas em resposta à tarifa. Nos bastidores, integrantes do Palácio do Planalto avaliam a elaboração de um plano de mitigação de impactos e evitam, por ora, qualquer tipo de retaliação direta.

Apelo por equilíbrio institucional encerra comunicado

A CNI finaliza o comunicado reforçando a importância da estabilidade institucional nas negociações comerciais. “Somos, definitivamente, contrários a qualquer escalonamento das discussões do comércio bilateral entre o Brasil e os EUA. Esperamos o consenso e o bom senso para o desfecho desse equívoco que é a taxação de 50% sobre as exportações brasileiras.”

As tarifas afetam diversos segmentos da indústria nacional, incluindo produtos agrícolas, siderúrgicos, têxteis e manufaturados. Estimativas preliminares apontam que os impactos podem atingir diretamente o volume de exportações para o mercado norte-americano, que atualmente representa uma das principais fontes de receitas externas do país.

A expectativa é de que novas manifestações ocorram ao longo da semana, incluindo posicionamentos de associações setoriais, parlamentares e representantes do governo federal.

Redação:
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.