Bananinha admite sabotar comitiva brasileira que tenta barrar tarifaço de Trump contra o Brasil

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou, em entrevista ao SBT News, que atua para dificultar as articulações de uma comitiva de senadores brasileiros nos Estados Unidos, cujo objetivo é negociar a suspensão da tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros. A medida está prevista para entrar em vigor nesta sexta-feira, 1º de agosto.

Segundo o parlamentar, que atualmente reside nos Estados Unidos, sua intenção é impedir avanços nas negociações entre os senadores e autoridades americanas. “Com certeza não [estabelecer diálogo], e eu trabalho para que eles não encontrem diálogo, porque sei que, vindo desse tipo de pessoa, só haverá acordos daquele tipo meio-termo, que não é nem certo, nem errado”, afirmou, em declaração publicada pelo portal Metrópoles.

A comitiva parlamentar é formada por senadores da base do governo e da oposição. Os parlamentares têm reuniões marcadas para esta terça-feira (29) com deputados do Partido Democrata e do Partido Republicano. O grupo é liderado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Eduardo Bolsonaro manifestou apoio à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou a aplicação de tarifas de 50% sobre todas as importações brasileiras. Segundo ele, a medida seria uma resposta às decisões do Supremo Tribunal Federal, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, que conduz investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Se ele acha que vai intimidar o Trump, dobrando a aposta, que é o que ele sempre faz, lamentavelmente haverá mais sofrimento por parte dessas autoridades brasileiras”, afirmou o deputado.

A tarifa anunciada por Trump tem sido justificada por sua administração com base em alegações de “violações de direitos” e “perseguição política” ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O governo norte-americano também abriu uma investigação formal sobre práticas comerciais brasileiras, no âmbito da Seção 301.

A comitiva brasileira busca abrir canais de interlocução que possam influenciar o governo dos Estados Unidos a rever ou suspender a aplicação da tarifa. Na segunda-feira (28), os senadores participaram de reunião com empresários e representantes da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Washington. Estiveram presentes executivos de setores como energia, tecnologia, indústria farmacêutica, siderurgia, transporte e química.

Segundo o senador Nelsinho Trad, ao menos seis congressistas americanos confirmaram presença nas reuniões previstas para esta semana. Embora não haja, até o momento, um encontro agendado com representantes diretos do governo Trump, o senador acredita que o esforço diplomático pode gerar desdobramentos nas esferas de decisão em Washington.

Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que também se encontra nos Estados Unidos, ainda não recebeu qualquer convite oficial da Casa Branca para iniciar negociações formais sobre o tema. Sua agenda oficial, inicialmente voltada para reuniões na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, poderá ser alterada caso haja uma sinalização de abertura por parte do governo norte-americano.

No Brasil, o governo federal mantém a estratégia de diálogo. Durante evento realizado no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está disposto a conversar com autoridades norte-americanas e defendeu o restabelecimento de canais diplomáticos para lidar com a questão tarifária.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também reforçou que a prioridade do governo é a negociação. Ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin, Haddad apresentou ao presidente Lula um plano emergencial para proteger os setores mais impactados pela tarifa de 50%. A proposta inclui medidas de apoio econômico, estímulos ao comércio com outros mercados e mecanismos de compensação às empresas afetadas.

Alckmin tem feito apelos públicos para que empresas norte-americanas com operações no Brasil atuem contra a medida tarifária. “Nós queremos todo mundo unido para resolver essa questão. E as empresas têm um papel importante, tanto as brasileiras, que, aliás, têm indústria nos Estados Unidos, quanto as americanas”, declarou o vice-presidente. Ele citou exemplos de companhias como General Motors, Johnson & Johnson e Caterpillar, que têm longa presença no mercado brasileiro e poderão ser impactadas.

De acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), cerca de 10 mil empresas brasileiras exportadoras para os Estados Unidos poderão ser diretamente afetadas pela tarifa. Estima-se que essas empresas empreguem aproximadamente 3,2 milhões de trabalhadores no Brasil.

Nos bastidores, o governo brasileiro segue monitorando a posição do governo Trump e buscando articulações alternativas com parlamentares norte-americanos, representantes do setor privado e entidades comerciais. A expectativa é de que as ações diplomáticas se intensifiquem nos próximos dias, à medida que se aproxima a data de entrada em vigor das tarifas.

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