Com a entrada da tarifa adiada para 6 de agosto, a Apex acelera ações com empresários para tentar conter o impacto sobre as exportações brasileiras
Diante da imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o presidente da Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Jorge Vianna, afirmou nesta quarta-feira (30) que o adiamento da entrada em vigor da medida pode abrir espaço para novas negociações e estratégias.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Vianna reconheceu que a nova tarifa é “uma notícia ruim”, mas destacou que o adiamento do início da cobrança — de 1º para 6 de agosto — muda o cenário. “Nós estávamos trabalhando alternativas de mercados, mas também apostando que o setor que importa esses produtos que têm cadeias produtivas importantes, possam defender que esses produtos cheguem ao mercado americano da maneira correta, sem criar inflação e ajudando no comércio bilateral”, explicou.
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A medida faz parte de uma ordem executiva assinada pelo presidente norte-americano Donald Trump nesta quarta-feira. Além de adiar a data de início, o decreto isentou 379 produtos brasileiros da tarifa, o que representa cerca de US$ 18 bilhões em exportações realizadas em 2024 — mais de 40% do total das vendas do Brasil para o mercado norte-americano.
Entre os itens poupados da tarifa estão setores considerados estratégicos, como aeronaves, celulose, suco de laranja, minerais e outros produtos que possuem peso nas cadeias produtivas dos EUA. Para Vianna, essa lista indica que ainda há espaço para negociação e diálogo entre os dois países.
“Não tem nenhuma razão de termos novas taxas sobre os produtos brasileiros, já que o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos é muito favorável a eles há 15 anos”, ressaltou o presidente da Apex.
Busca por alternativas e pressão do setor privado
Diante do cenário, Vianna informou que já acionou o escritório da Agência em Miami e outras representações no exterior para trabalhar em conjunto com empresários brasileiros na busca de alternativas comerciais enquanto as conversas com o governo norte-americano seguem em andamento.
A imposição da tarifa, anunciada pelo governo Trump, tem gerado preocupação entre diversos setores do comércio exterior brasileiro. A Amcham (Câmara Americana de Comércio) já se posicionou afirmando que a medida “fragiliza” a relação comercial entre os dois países.
O Banco Central também divulgou nota registrando “particular atenção” com o tarifaço, destacando os impactos potenciais para a economia brasileira. Além disso, setores como o cafeeiro expressaram frustração por não terem sido incluídos na lista de isenções.
Apesar das críticas, o governo brasileiro tem buscado minimizar os impactos da medida, reforçando a importância do diálogo diplomático e a atuação conjunta do setor privado para defender os interesses comerciais do país junto aos Estados Unidos.
Com o adiamento da tarifa, empresários e autoridades brasileiras agora têm alguns dias a mais para tentar reverter ou atenuar os efeitos da medida, que pode impactar diretamente na balança comercial e na competitividade de diversos produtos nacionais no mercado norte-americano.
Trump assina decreto que impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto executivo que oficializa a aplicação de uma tarifa de 50% sobre uma ampla gama de produtos brasileiros. De acordo com o documento, a medida entra em vigor sete dias após sua assinatura, marcando 6 de agosto como a data inicial para a cobrança das taxas.
No texto do decreto, Trump justifica a ordem como necessária para lidar com uma “emergência nacional”. O presidente norte-americano argumenta que políticas e ações do governo brasileiro são “incomuns” e “extraordinárias”, afirmando que elas prejudicam empresas americanas, violam os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos dos EUA e causam danos à política externa e à economia norte-americana como um todo.
A assinatura do decreto representa uma escalada significativa nas tensões comerciais entre os dois países, ocorrendo no mesmo dia em que o governo americano anunciou sanções individuais contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sob a Lei Magnitsky.
A medida tarifária afeta centenas de produtos brasileiros, abrangendo setores como siderurgia, agronegócio, têxtil e manufaturados, que somam bilhões de dólares em exportações anuais para o mercado norte-americano. A decisão coloca em xeque importantes cadeias produtivas brasileiras que dependem do acesso ao mercado americano para sua competitividade internacional.
O decreto permite que o governo americano revise a lista de produtos afetados e possa isentar itens considerados estratégicos ou que causem impactos significativos à economia dos EUA. A administração Trump indicou que negociações bilaterais poderiam levar à redução ou retirada das tarifas, desde que o Brasil reverta as políticas consideradas problemáticas por Washington.
A Casa Civil brasileira ainda não divulgou posicionamento oficial sobre o decreto, mas setores do governo e da iniciativa privada devem se manifestar nas próximas horas. A medida ocorre em um momento delicado para as relações diplomáticas entre os dois países, que já enfrentavam tensões por questões judiciais e políticas internas do Brasil.
Empresários brasileiros expressaram preocupação com o impacto potencial da medida sobre suas exportações e a competitividade no mercado norte-americano. A expectativa é de que o governo brasileiro busque canais diplomáticos para negociar a retirada ou redução das tarifas, enquanto setores empresariais poderão pressionar por intervenções junto às autoridades americanas.


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