Atlas: Aprovação de Lula dispara em meio ao tarifaço de Trump e a de Bolsonaro desaba

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de Entregas do Governo Federal ao Vale do Jequitinhonha. Parque de Eventos de Minas Novas, Minas Novas - MG. Foto: Ricardo Stuckert / PR

A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu no final de julho, conforme aponta levantamento da AtlasIntel publicado pela Bloomberg News. O aumento coincide com o acirramento das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar sanções comerciais contra o país.

De acordo com a pesquisa LatAm Pulse, realizada entre os dias 25 e 28 de julho com 7.334 entrevistados, Lula passou a ter 50,2% de aprovação, superando a desaprovação, que caiu para 49,7%. No levantamento anterior, divulgado no mês passado, a aprovação era de 49,7%, e a desaprovação era de 50,3%. A margem de erro da pesquisa é de um ponto percentual.

O cenário ocorre em meio ao posicionamento adotado por Lula frente às exigências de Trump, que tem pressionado o governo brasileiro a interferir nas investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-mandatário é réu sob a acusação de ter participado de uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Segundo os dados da AtlasIntel, a postura do presidente brasileiro diante da pressão internacional contribuiu para um aumento em sua base de apoio. A pesquisa também identificou enfraquecimento do campo conservador no Brasil, movimento associado à intervenção pública de Trump no debate político interno.

No cenário eleitoral simulado com os mesmos candidatos da eleição presidencial de 2022, Lula aparece agora com 47,8% das intenções de voto, contra 44,2% de Bolsonaro. Os números indicam uma inversão em relação ao mês anterior, quando o ex-presidente liderava numericamente com 46%, enquanto Lula marcava 44,4%.

O levantamento também testou um segundo turno entre Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O resultado apontou vitória do atual presidente, com 50,4% das intenções de voto, contra 46,6% do governador paulista. Na pesquisa anterior, os dois apareciam tecnicamente empatados, com 47,6% e 46,9%, respectivamente.

A intervenção de Donald Trump tem sido um dos principais elementos do cenário político nas últimas semanas. Ao pedir publicamente o encerramento das investigações contra Bolsonaro, que chamou de “caça às bruxas”, Trump gerou reações entre lideranças políticas brasileiras e influenciou o debate interno sobre soberania e independência institucional.

A movimentação do presidente dos Estados Unidos também ocorre às vésperas da entrada em vigor de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada unilateralmente, tem sido criticada pelo governo brasileiro, que tenta negociar a exclusão de itens estratégicos da lista de sobretaxação.

A pesquisa AtlasIntel revela que a reação do governo Lula frente à imposição norte-americana está repercutindo entre o eleitorado. A imagem do presidente ganhou força entre grupos que valorizam posturas firmes em temas de política externa e soberania nacional.

A sondagem mostra ainda que a disputa eleitoral permanece acirrada e sujeita a mudanças, mas indica tendência de recuperação do atual chefe do Executivo, após oscilações registradas nos primeiros meses do ano. A virada nas simulações de primeiro e segundo turno aponta para um possível reposicionamento do eleitorado diante do novo contexto internacional.

A pesquisa foi conduzida por meio de questionários digitais, com amostragem representativa nacional e estratificação por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica. A margem de erro é de um ponto percentual e o intervalo de confiança é de 95%.

Os dados integram uma série de levantamentos do instituto AtlasIntel, que tem acompanhado a evolução da opinião pública na América Latina por meio do painel LatAm Pulse. As informações têm sido utilizadas por veículos internacionais para mapear a percepção social em temas de política, economia e relações exteriores.

A tendência observada neste levantamento será monitorada nas próximas semanas, com novos dados previstos para o início de agosto, após a efetivação das medidas comerciais norte-americanas.

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