Microsoft rompe o teto e faz história em Wall Street

A gigante do software relatou resultados trimestrais melhores que o esperado e disse que a receita anual do Azure ultrapassou US$ 75 bilhões / AFP

Com ações em disparada e lucros recordes, a gigante de Redmond deixa claro: o jogo corporativo agora se joga na nuvem — e com chips de última geração


Na esteira de um balanço trimestral surpreendente, a Microsoft alcançou uma nova e impressionante marca nesta quarta-feira (30): sua capitalização de mercado ultrapassou a casa dos US$ 4 trilhões após o fechamento do pregão. Com isso, a empresa liderada por Satya Nadella ingressa em um clube exclusivo, até então ocupado apenas pela Nvidia, que atingiu a mesma marca no início deste mês.

A forte performance financeira da gigante de Redmond, Washington, impulsionou as ações da empresa em mais de 8% no horário pós-mercado, consolidando um valor de mercado avaliado em cerca de US$ 4,1 trilhões. Se essa valorização se mantiver na abertura desta quinta-feira (31), a Microsoft se tornará oficialmente o segundo clube dos US$ 4 trilhões, ao lado da fabricante de chips Nvidia.

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O balanço divulgado pela empresa nesta quarta mostrou um crescimento de 18% na receita — a maior taxa de expansão em mais de três anos. O destaque ficou por conta do setor de computação em nuvem, especialmente o Azure, cuja receita anual ultrapassou a marca de US$ 75 bilhões, representando um aumento de 34% em relação ao ano anterior. Pela primeira vez, a Microsoft revelou oficialmente os números do Azure em dólares, reforçando a importância desse segmento para os negócios da empresa.

No acumulado do ano, as ações da Microsoft já valorizaram 22%, superando amplamente o desempenho do índice S&P 500, que avançou cerca de 8%. Na última sexta-feira (25), o título da empresa atingiu uma máxima histórica de US$ 513,71. Na sessão pós-mercado desta quarta, as ações estavam cotadas acima de US$ 553.

Com a valorização recente, a Microsoft e a Nvidia ultrapassaram a Apple no ranking das empresas mais valiosas do mundo. A gigante de Cupertino, que vinha liderando o grupo, agora ocupa a terceira posição, com capitalização avaliada em cerca de US$ 3,2 trilhões. Apesar disso, a trajetória da Apple em 2025 tem sido complicada, com queda de 17% no preço das ações, resultado das preocupações do mercado com o atraso da empresa no setor de inteligência artificial. A Apple está programada para divulgar seus números trimestrais no final desta quinta-feira.

Entre as chamadas “megacaps” do setor de tecnologia, a Nvidia lidera o ranking de valorização em 2025, com alta de 33%. Os chips produzidos pela empresa são considerados fundamentais para o funcionamento dos grandes modelos de linguagem utilizados por empresas como Microsoft, OpenAI, Google, Meta e outras. A demanda por esses componentes tem sido tão intensa que grandes centros de dados estão sendo construídos especificamente para comportar a infraestrutura necessária para rodar inteligências artificiais cada vez mais complexas.

A Nvidia, por sua vez, deve apresentar seus resultados no final de agosto, mantendo o mercado em expectativa por mais novidades sobre sua trajetória de crescimento.

Com a ascensão da Microsoft e da Nvidia, o setor de tecnologia demonstra novamente sua força no cenário global, impulsionado pelo boom da inteligência artificial. A entrada da Microsoft no grupo das empresas de US$ 4 trilhões reforça a posição da empresa como uma das principais beneficiárias dessa nova era digital — e coloca o Brasil e o mundo diante de uma nova realidade econômica e tecnológica.

Microsoft dispara 9% após balanço surpreendente e Azure ultrapassa US$ 75 bilhões em receita anual

As ações da Microsoft subiram quase 9% no pregão estendido desta quarta-feira (30) após a empresa superar amplamente as expectativas de mercado com seus resultados do quarto trimestre fiscal. Os números impressionantes incluíram um crescimento de 18% na receita e uma receita anual do Azure que bateu a marca histórica de US$ 75 bilhões.

O balanço divulgado pela gigante de Redmond mostrou uma receita total de US$ 76,44 bilhões, bem acima dos US$ 73,81 bilhões projetados pelos analistas. O lucro por ação também surpreendeu positivamente, atingindo US$ 3,65, contra a expectativa de US$ 3,37.

A diretora financeira Amy Hood apresentou projeções otimistas para o primeiro trimestre do novo ano fiscal, com receita estimada entre US$ 74,7 bilhões e US$ 75,8 bilhões, superando novamente o consenso de US$ 74,09 bilhões. A empresa também prevê um crescimento de 37% no negócio do Azure em relação ao ano anterior, considerando taxas de câmbio constantes.

Investimentos recordes e expansão acelerada

Um dos destaques do relatório foi o anúncio de que a Microsoft planeja investir mais de US$ 30 bilhões em capital no primeiro trimestre fiscal, marcando um aumento de mais de 50% em relação ao mesmo período do ano anterior. Se mantido esse ritmo ao longo dos quatro trimestres, o total de investimentos para o ano fiscal 2026 ultrapassaria US$ 120 bilhões, representando um crescimento de 36% sobre as projeções anteriores.

“Eu falei sobre isso, meu Deus, em janeiro, e disse que achava que estaríamos em melhor situação de oferta e demanda até junho”, comentou Hood em referência aos desafios de infraestrutura enfrentados pela empresa. “E agora estou dizendo que espero estar em melhor situação até dezembro.”

A pressão por mais data centers e infraestrutura para suportar as cargas de trabalho de inteligência artificial tem levado a gigantes da tecnologia a aumentarem drasticamente seus investimentos. A Alphabet, controladora do Google, recentemente elevou sua previsão de gastos de capital para 2025 em US$ 10 bilhões, chegando a US$ 85 bilhões. Já a Meta anunciou que suas despesas de capital ficarão entre US$ 66 bilhões e US$ 72 bilhões este ano.

Azure revela números impressionantes

Pela primeira vez, a Microsoft divulgou oficialmente a escala de seus negócios com o Azure em dólares. No ano fiscal encerrado em junho, a receita do Azure e de outros serviços em nuvem ultrapassou US$ 75 bilhões, um aumento de 34% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre sozinho, o crescimento do Azure foi de 39%, superando as projeções de analistas que esperavam aumentos entre 34,4% e 35,3%.

A unidade Intelligent Cloud, que inclui o Azure, gerou US$ 29,88 bilhões em receita no trimestre, avançando 26% e superando o consenso de US$ 28,92 bilhões.

Expansão da IA impulsiona negócios tradicionais

A aposta estratégica da Microsoft na inteligência artificial, que inclui sua parceria com a OpenAI e bilhões investidos em chips da Nvidia, está rendendo frutos também nos negócios tradicionais da empresa. A unidade de Produtividade e Processos de Negócios, que abriga o Office e o LinkedIn, registrou receita de US$ 33,11 bilhões, acima do esperado.

O CEO Satya Nadella revelou em teleconferência com analistas que os produtos Copilot da Microsoft — incluindo o Microsoft 365 Copilot para empresas e o assistente pessoal no Windows — já contam com 100 milhões de usuários ativos mensais. “A adoção do Microsoft 365 Copilot resultou em maior receita por usuário para produtos de nuvem comercial”, destacou.

A unidade More Personal Computing, responsável por Windows, publicidade e videogames, totalizou US$ 13,45 bilhões em receita, um aumento de 9% que também superou as expectativas. As vendas de dispositivos e licenças do Windows para fabricantes cresceram 3%, enquanto a Gartner estimou um aumento de 4,4% nas remessas de PCs no trimestre.

Desafios e reestruturações

Apesar dos resultados positivos, a Microsoft enfrentou alguns desafios no período. A empresa registrou despesas de US$ 1,71 bilhões relacionadas a investimentos em participações como a OpenAI, contra US$ 623 milhões no trimestre anterior. Além disso, a gigante demitiu mais de 6.000 funcionários durante o trimestre, em meio a uma reestruturação organizacional.

A Microsoft também comemorou seu 50º aniversário e anunciou mudanças na liderança, com Ryan Roslansky, atual CEO do LinkedIn, assumindo responsabilidades adicionais na gestão dos aplicativos de produtividade do Office.

Nova era de valuation

Com a forte valorização pós-resultado, as ações da Microsoft ultrapassaram a marca de US$ 550 no pregão estendido, elevando sua capitalização de mercado para cerca de US$ 4,1 trilhões. A empresa se torna assim a segunda companhia a atingir a marca de US$ 4 trilhões, juntando-se à Nvidia, que alcançou esse patamar no início do mês.

No acumulado do ano, as ações da Microsoft já valorizaram 22%, enquanto o índice S&P 500 avançou cerca de 8%. A trajetória de crescimento da empresa reforça sua posição como uma das principais beneficiárias da revolução da inteligência artificial e coloca a Microsoft na vanguarda de uma nova era tecnológica que promete transformar ainda mais o cenário econômico global.

Com informações da CNBC*

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