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Paquistão abre seu petróleo ao poder de Trump

Estados Unidos e Paquistão firmam acordo para explorar petróleo e abrir mercados, selando reconciliação diplomática após anos de desconfiança mútua Os Estados Unidos e o Paquistão anunciaram nesta quinta-feira (31) a conclusão de um acordo comercial que promete fortalecer os laços econômicos entre os dois países e abrir caminho para o desenvolvimento das vastas reservas […]

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Paquistão e EUA assinam acordo comercial para aumentar reservas de petróleo e laços de mercado
Com promessa de investimento e menos tarifas, Paquistão tenta sair do isolamento e virar polo estratégico na política comercial de Trump / Fonte: Ministério das Finanças do Paquistão

Estados Unidos e Paquistão firmam acordo para explorar petróleo e abrir mercados, selando reconciliação diplomática após anos de desconfiança mútua


Os Estados Unidos e o Paquistão anunciaram nesta quinta-feira (31) a conclusão de um acordo comercial que promete fortalecer os laços econômicos entre os dois países e abrir caminho para o desenvolvimento das vastas reservas de petróleo paquistanesas. A negociação foi concluída durante reuniões de alto nível em Washington, representando um marco nas relações bilaterais que haviam passado por período de tensões significativas.

O acordo contempla a redução das tarifas recíprocas, particularmente sobre as exportações paquistanesas, segundo informou o Ministério das Finanças de Islamabad em comunicado oficial. Apesar da importância do entendimento, nenhum detalhe específico sobre os níveis tarifários foi divulgado por ambas as partes, mantendo certa dose de mistério sobre o escopo exato das concessões mútuas.

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Impulsionamento de investimentos e cooperação estratégica

O Ministério das Finanças paquistanês destacou que o pacto estimulará investimentos americanos na infraestrutura do país e aprofundará os laços comerciais entre as nações. A iniciativa chega em um momento crucial para o Paquistão, que busca diversificar suas parcerias econômicas e atrair capital externo para projetos de desenvolvimento.

O presidente americano Donald Trump enfatizou a dimensão estratégica do acordo em publicação em sua rede social Truth Social, afirmando que os dois países “trabalharão juntos no desenvolvimento de suas enormes reservas de petróleo”. Trump acrescentou que as autoridades estão agora em processo de seleção da empresa que liderará essa parceria energética.

Recuperação das relações diplomáticas

O entendimento comercial marca uma virada significativa nas relações entre Islamabad e Washington, que haviam mostrado sinais de deterioração nos últimos anos. Um indicador claro dessa recuperação foi a recepção do chefe do exército paquistanês, marechal de campo Asim Munir, pelo presidente Trump na Casa Branca em junho — um encontro considerado raro no contexto das relações recentes entre os países.

O Paquistão mantém os EUA como um de seus principais destinos de exportação, com fluxo comercial bilateral que alcançou marcas expressivas. O país sul-asiático exportou mais de US$ 5 bilhões em mercadorias para o mercado americano até 2024, enquanto importou aproximadamente US$ 2,1 bilhões em produtos norte-americanos.

Diversificação das exportações e novos horizontes

Como parte da estratégia de ampliar o comércio bilateral, o Paquistão ofereceu-se para aumentar suas importações americanas, especialmente de commodities como algodão e soja — setores onde os EUA possuem forte capacidade produtiva e interesse exportador.

O acordo também abre espaço para a exploração de setores emergentes que têm ganhado destaque na agenda econômica global. Os EUA demonstraram interesse crescente em tecnologias financeiras inovadoras, incluindo o mercado de criptomoedas. Paralelamente, o Paquistão planeja legalizar e regulamentar ativos digitais, acompanhando a tendência de crescimento desse setor nos principais mercados asiáticos.

A Bloomberg News informou que essa iniciativa está alinhada com a agenda pró-criptomoedas do governo Trump, sugerindo que o Paquistão busca posicionar-se estrategicamente para atrair investimentos em tecnologias financeiras emergentes.

Perspectivas para o futuro

Com a assinatura do acordo, ambos os países demonstram compromisso com uma relação comercial mais estreita e mutuamente benéfica. A perspectiva de desenvolvimento das reservas petrolíferas paquistanesas, combinada com o acesso facilitado ao mercado americano, pode representar uma nova fase de crescimento econômico para Islamabad.

Enquanto os detalhes operacionais do acordo começam a ser implementados, a atenção se volta para a seleção da empresa que liderará o projeto petrolífero e para os mecanismos que permitirão a concretização das promessas de investimento em infraestrutura. A evolução dessa parceria estratégica será observada com interesse tanto pelos mercados financeiros quanto pelos formuladores de política internacional, especialmente considerando o contexto de reconfiguração das alianças comerciais globais liderada pela administração Trump.

Trump recebe chefe do exército paquistanês em discussões sobre conflito Irã-Israel

O presidente americano Donald Trump recebeu em junho (18) o chefe do exército do Paquistão, marechal de campo Asim Munir, em um encontro histórico na Casa Branca que abordou questões sensíveis do Oriente Médio, incluindo a possibilidade de apoio dos EUA a eventuais ataques israelenses contra o Irã.

A reunião ocorreu em um momento de alta tensão regional, com os Estados Unidos avaliando se juntam às operações aéreas de Israel visando desativar o programa nuclear iraniano. Trump indicou que discutiu o assunto em detalhes com Munir, destacando a perspectiva paquistanesa sobre a situação.

“Eles conhecem o Irã muito bem, melhor do que a maioria, e não estão felizes com nada,” comentou Trump após o encontro. “Eles veem o que está acontecendo. E ele concordou comigo,” acrescentou o presidente, sem especificar os detalhes do consenso alcançado.

Paquistão propõe mediação no conflito

Antes mesmo das discussões bilaterais, o Paquistão havia sinalizado sua disposição para atuar como mediador no conflito que envolve Israel e Irã. O ministro das relações exteriores paquistanês, Ishaq Dar, afirmou na segunda-feira que Teerã demonstrou interesse em retornar às negociações caso Israel se abstenha de novos ataques.

“Nossa intenção sempre foi ver negociações bem-sucedidas entre os Estados Unidos e o Irã,” declarou Dar em sessão parlamentar, citando comunicação direta com seu colega iraniano.

Os laços nucleares entre Irã e Paquistão remontam a décadas, quando o cientista Abdul Qadeer Khan, considerado o pai do programa atômico paquistanês, foi acusado pela ONU e por outros países de fornecer projetos e componentes de centrífugas nucleares para Teerã e outras nações.

Reações regionais e tensões diplomáticas

A visita de alto nível de Munir à Casa Branca gerou preocupações em Nova Déli, onde as relações com Washington já enfrentavam tensões. A Índia e o Paquistão, vizinhos nucleares, vivenciaram um dos confrontos militares mais sérios dos últimos anos no início de maio, desencadeado por um ataque mortal contra turistas na Caxemira administrada pela Índia.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, negou veementemente a versão de Trump de que teria ajudado a mediar um cessar-fogo entre os rivais, em declarações que contradizem as afirmações do presidente americano. Em conversa telefônica de 35 minutos na terça-feira, Modi informou pessoalmente a Trump que “em nenhum momento, em nenhum nível, houve conversas sobre questões como o acordo comercial Índia-EUA ou a mediação entre a Índia e o Paquistão por meio dos Estados Unidos”.

Contexto geopolítico complexo

Especialistas destacam que o encontro representa uma mudança significativa nas dinâmicas regionais. “É um gesto especial do presidente Trump,” avaliou Hassan Askari Rizvi, cientista político paquistanês. Michael Kugelman, pesquisador sênior da Asia Pacific Foundation, ressaltou que Munir é “uma figura poderosa, e este chefe do exército é especialmente poderoso. Ele tem um portfólio muito vasto.”

O líder militar paquistanês também estava programado para se encontrar com o secretário de Estado Marco Rubio e o secretário de Defesa Pete Hegseth durante sua visita aos EUA, segundo informações da mídia sul-asiática.

Implicações comerciais e estratégicas

A aproximação entre Washington e Islamabad ocorre enquanto ambos os países negociam um acordo comercial que promete fortalecer laços econômicos e explorar reservas petrolíferas paquistanesas. No entanto, a iniciativa enfrenta resistência da Índia, que vê com preocupação o fortalecimento das relações entre seu rival regional e seu tradicional parceiro estratégico.

Indrani Bagchi, presidente-executiva do Ananta Centre, um think tank sediado em Delhi, observou que historicamente o exército paquistanês manteve relações próximas com os EUA. “O governo Trump está descobrindo novas maneiras ou novos motivos para envolver o exército paquistanês e o Paquistão,” analisou ela.

A visita de Munir à Casa Branca também pode abrir caminho para discussões sobre temas emergentes como criptomoedas e minerais essenciais, áreas em que ambos os países demonstraram interesse crescente.

Com o conflito no Oriente Médio mostrando sinais de escalada e as tensões regionais se intensificando, os desdobramentos desta reunião histórica entre Trump e o líder militar paquistanês serão acompanhados com atenção pela comunidade internacional, especialmente por países que buscam equilibrar alianças estratégicas em um cenário geopolítico cada vez mais complexo.

Com informações de Bloomberg*

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