PoderData mostra que 46% culpam a família Bolsonaro por tarifaço

Enquanto Eduardo Bolsonaro admite ter articulado sanções, Lula tenta evitar impactos comerciais com diálogo e pressão diplomática / Reprodução

Quase metade dos brasileiros culpa Bolsonaro e seus filhos pela sanção imposta por Trump, que pode afetar setores-chave como carne e café


Um levantamento divulgado nesta quinta-feira (31) pelo instituto PoderData revela que quase metade dos brasileiros culpam a família do ex-presidente Jair Bolsonaro pela imposição do tarifaço de 50% anunciado pelo presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros. Segundo a pesquisa, 46% dos entrevistados atribuem a responsabilidade pela medida ao ex-presidente e sua família.

Na outra ponta da avaliação, 32% dos respondentes indicam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como responsável pelo agravamento das relações comerciais com os Estados Unidos. A parcela dos que não souberam responder à pergunta corresponde a 23% do total entrevistado.

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Os números levam em consideração as respostas dos 74% dos participantes que afirmaram ter conhecimento sobre a sobretaxa imposta pelo governo americano. A pesquisa ouviu 2.500 pessoas em 182 municípios entre os dias 26 e 28 de julho, por meio de ligações telefônicas. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Contexto político e comercial

Trump assinou na última quarta-feira (30) o decreto executivo que oficializa as tarifas totais de 50% sobre produtos brasileiros. A medida entra em vigor sete dias após a assinatura, ou seja, em 6 de agosto. No documento oficial, o presidente americano faz referência direta ao ex-presidente brasileiro, citando perseguição política e ameaças ao Estado de Direito no Brasil.

“A perseguição política, por meio de processos forjados, ameaça o desenvolvimento ordenado das instituições políticas, administrativas e econômicas do Brasil, inclusive minando a capacidade do Brasil de realizar uma eleição presidencial livre e justa em 2026. O tratamento dado pelo governo do Brasil ao ex-presidente Bolsonaro também contribui para o colapso deliberado do Estado de Direito no Brasil, para a intimidação politicamente motivada naquele país e para abusos de direitos humanos”, afirma o texto do decreto.

Reações políticas

Diante da decisão americana, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, afirmou que “trabalhou” para que os Estados Unidos impusessem sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em pronunciamento, Eduardo considerou que “as sanções deixam claro que o objetivo dessas medidas não é comercial, mas sim político e jurídico”.

A declaração contrasta com a postura do governo federal, que tem buscado minimizar os impactos do tarifaço por meio de negociações diplomáticas. O presidente Lula tem se empenhado para evitar que produtos sensíveis como carne e café sejam incluídos na lista de itens taxados.

Desafios econômicos e políticos

A imposição das tarifas representa um desafio significativo para o Brasil, tanto do ponto de vista econômico quanto político. O tarifaço afeta diversos setores da economia brasileira e pode impactar negativamente as exportações em um momento de recuperação gradual do comércio internacional.

A divisão de opiniões sobre a responsabilidade pela crise comercial reflete também o cenário polarizado da política brasileira, onde o legado do governo Bolsonaro continua sendo tema de intensos debates. Enquanto alguns setores da sociedade veem nas ações do ex-presidente uma ameaça às relações internacionais, outros apontam para a gestão atual como responsável por não ter conseguido convencer parceiros estratégicos da estabilidade política interna.

Com a medida de Trump programada para entrar em vigor na próxima semana, os próximos dias serão cruciais para definir se será possível alcançar algum entendimento que minimize os impactos sobre o comércio bilateral entre os dois países. A posição do Brasil nesse processo diplomático será observada com atenção tanto pelo setor produtivo quanto pela opinião pública, que já demonstrou dividir responsabilidades sobre o agravamento das tensões comerciais com os Estados Unidos.

Via CNN

Eduardo Bolsonaro afirma que negociou exceções no tarifaço para proteger agronegócio

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta quarta-feira (30) que o objetivo das sanções comerciais impostas pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil é essencialmente “político e jurídico”, sem relação direta com questões comerciais tradicionais. Em nota divulgada após a assinatura do decreto executivo por Donald Trump, o parlamentar destacou que trabalhou diretamente para que setores estratégicos da economia brasileira fossem poupados das tarifas.

“Enquanto muitos optavam por negociações atrapalhadas, trabalhamos diretamente para que as medidas fossem direcionadas, atingindo o alvo correto e poupando setores estratégicos – como fertilizantes, energia, aviação, madeira, suco de laranja e outros produtos do agronegócio – das tarifas comerciais”, declarou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Articulações internacionais

Eduardo Bolsonaro, que reside nos Estados Unidos desde março deste ano, afirmou que sua permanência no exterior tem como objetivo realizar articulações junto ao governo de Trump. O parlamentar destacou que as exceções concedidas no tarifaço foram resultado do trabalho da direita brasileira junto aos setores conservadores do governo americano.

Cerca de 700 categorias de produtos ficaram de fora da taxação de 50% que será aplicada sobre as importações brasileiras nos EUA. Produtos considerados estratégicos como celulose, carvão, aço, madeira, aeronaves e derivados não sofrerão os impactos das novas tarifas, o que representa um alívio significativo para setores importantes da economia brasileira.

“O trabalho que desenvolvemos junto à direita americana foi fundamental para garantir que nossa soberania não fosse atingida em setores essenciais para o desenvolvimento do país”, afirmou o deputado em sua nota.

Críticas e questionamentos

Apesar das declarações, Eduardo Bolsonaro tem sido alvo de intensas críticas por sua atuação junto ao governo americano. O parlamentar enfrenta pelo menos cinco pedidos de cassação do mandato por abandono de cargo e por supostamente conspirar a favor do tarifaço que agora afeta o Brasil.

A situação se complica ainda mais pelo fato de que o deputado continua recebendo salário integral da Câmara dos Deputados mesmo estando afastado do território brasileiro há pelo menos quatro meses. A permanência prolongada no exterior sem o exercício das funções parlamentares tem gerado questionamentos sobre a legalidade de sua situação funcional.

Contexto das sanções

A ordem executiva assinada por Trump confirma o início do tarifaço, com as taxas programadas para serem aplicadas a partir do dia 6 de agosto. No documento oficial, o presidente americano faz referências diretas ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo governo brasileiro, citando preocupações com o Estado de Direito e a realização de eleições democráticas no país.

Eduardo Bolsonaro considerou as sanções como uma “resposta legítima às agressões do regime brasileiro contra interesses e cidadãos americanos”. O parlamentar afirmou que as medidas visam proteger valores democráticos e a integridade das instituições brasileiras.

Reações políticas

A declaração de Eduardo Bolsonaro contrasta com a postura do governo federal, que tem buscado minimizar os impactos do tarifaço por meio de negociações diplomáticas. O presidente Lula tem se empenhado para evitar que produtos sensíveis como carne e café sejam incluídos na lista de itens taxados.

Enquanto alguns setores da sociedade veem nas ações do deputado um esforço para proteger interesses nacionais, outros criticam sua atuação como interferência inadequada nos assuntos internos do país. A polêmica em torno de sua permanência no exterior e do recebimento de subsídios públicos deve continuar gerando debates no Congresso Nacional.

Com a implementação das tarifas programada para a próxima semana, a tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos alcança novo patamar, colocando em evidência as complexas relações internacionais e os desafios diplomáticos que o país enfrenta no cenário global.

Com informações de CNN e PoderData*

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