Nesta terça-feira, 5, a Terra completará sua rotação em torno do próprio eixo 1,25 milissegundo mais rápido do que o habitual, fazendo com que o dia tenha duração inferior às tradicionais 24 horas. A alteração, embora imperceptível para a população, representa uma das menores durações diárias registradas em 2025, segundo dados divulgados pelo site especializado “Space”.
O fenômeno faz parte de uma sequência observada ao longo do ano. Em 9 de julho, a rotação do planeta foi finalizada 1,23 milissegundo antes do tempo médio. Em 22 de julho, o intervalo foi de 1,36 milissegundo. Ainda assim, o dia mais curto já documentado permanece sendo 5 de julho de 2024, com uma redução de 1,66 milissegundo no ciclo rotacional.
A média tradicional para a duração de um dia na Terra é de 86.400 segundos, ou 24 horas. Alterações dessa ordem de grandeza — milissegundos — têm sido estudadas com atenção desde o início dos registros sistemáticos em 1973. Historicamente, os cientistas observaram uma desaceleração gradual da rotação terrestre, causada principalmente pela interação gravitacional entre a Terra e a Lua.
A ação da Lua sobre o planeta exerce um efeito de frenagem. Ao orbitar a Terra, o satélite natural provoca marés que, por sua vez, geram atrito. Esse processo transfere energia do planeta para a Lua, ampliando sua órbita e reduzindo, progressivamente, a velocidade de rotação terrestre.
A atual aceleração observada nos últimos anos, portanto, contraria a tendência registrada ao longo das décadas. O motivo para essa mudança ainda não está totalmente esclarecido. No curto prazo, cientistas atribuem a variação a flutuações na posição da Lua em relação ao equador da Terra, que afetam diretamente a intensidade das marés e, por consequência, a força de rotação.
No entanto, pesquisadores avaliam que fatores adicionais podem estar influenciando o fenômeno de forma mais ampla. Entre as hipóteses levantadas, está a possível mudança na velocidade das correntes do núcleo interno do planeta. Outra possibilidade é a interferência de processos ligados ao aquecimento global, como o derretimento de geleiras e redistribuição de massas continentais e oceânicas.
Essas alterações no equilíbrio do planeta podem, segundo estudos, afetar a chamada inércia rotacional, conceito físico que regula a velocidade com que um corpo gira. Se a distribuição de massas no planeta se altera — por exemplo, com o deslocamento de grandes volumes de gelo ou água —, a rotação pode ser influenciada, ainda que minimamente.
Apesar da magnitude pequena, essas variações têm impacto relevante em áreas que dependem de extrema precisão temporal, como sistemas de navegação via satélite e operações bancárias globais. Os relógios atômicos, que regulam a medição do Tempo Universal Coordenado (UTC), utilizam esses dados para manter a sincronização com o tempo solar real.
Em determinadas ocasiões, pode ser necessário adicionar ou subtrair um segundo ao calendário — o chamado “segundo intercalar” — para alinhar os relógios ao tempo astronômico. Até hoje, esses ajustes foram feitos apenas no sentido de adicionar segundos, refletindo a tradicional desaceleração da rotação. Caso a tendência atual de aceleração se mantenha, será necessário, no futuro, considerar a subtração de segundos.
A próxima data que pode registrar variação semelhante ainda não foi divulgada, mas especialistas monitoram em tempo real os dados do Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS, na sigla em inglês), responsável pela medição oficial do tempo planetário.
Até o momento, a comunidade científica segue dividida quanto às causas estruturais da aceleração observada. Há consenso, no entanto, de que esse comportamento atípico da Terra deverá continuar nos próximos anos, tornando o fenômeno uma das áreas prioritárias para estudos em geofísica e climatologia.