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Trump está tornando o BRICS grande novamente

O artigo “My Take | The behaviour of Donald Trump is making Brics great again“ foi publicado no dia 8 de agosto de 2025, pelo colunista Alex Lo, que escreve a partir de Toronto para o South China Morning Post (SCMP). Minha Opinião | O comportamento de Donald Trump está tornando o BRICS grande novamente […]

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Foto: EPA

O artigo My Take | The behaviour of Donald Trump is making Brics great again foi publicado no dia 8 de agosto de 2025, pelo colunista Alex Lo, que escreve a partir de Toronto para o South China Morning Post (SCMP).

Minha Opinião | O comportamento de Donald Trump está tornando o BRICS grande novamente

Críticos ocidentais costumavam afirmar que o BRICS não possuía coerência ideológica nem senso de missão, sendo pouco mais do que um grupo de conversas sem impacto real. No entanto, esse agrupamento de nações está se tornando cada vez mais coeso e poderoso — em grande parte, por causa da pressão ocidental.

Donald Trump, por exemplo, tem aproximado ainda mais esses países, dando-lhes um propósito comum: resistir à coerção econômica de Washington desenvolvendo seus próprios sistemas comerciais e financeiros.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, entre outros países parceiros do BRICS, agora têm todos os motivos para permanecer unidos. Caso contrário, Trump pode acabar com eles um a um, com suas tarifas universais ou até mesmo por meio de uma guerra armada.

Graças ao presidente dos EUA, os brasileiros estão hoje mais unidos em seu nacionalismo antiamericano do que nunca. Trump impôs tarifas punitivas de 50% e sancionou um juiz brasileiro de alto escalão que lidera o julgamento do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, que Trump considera amigo e aliado.

Trump admitiu que as altas tarifas não foram impostas por razões comerciais, mas sim para punir Brasília por “perseguir politicamente um ex-presidente do Brasil” e por “contribuir para a quebra deliberada do Estado de Direito”.

No entanto, ao contrário do Canadá e do México, o Brasil é muito menos dependente do mercado dos EUA, que representa apenas 12% de suas exportações. Em comparação, 28% das exportações brasileiras vão para a China.

Bolsonaro está sendo julgado por planejar um golpe após sua derrota eleitoral em outubro de 2022, em um episódio que guarda semelhanças com a insurreição coordenada no Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. A acusação de Washington sobre “a quebra do Estado de Direito” soa duplamente irônica, pois o Estado de Direito está funcionando bem no Brasil e não tanto nos EUA, já que Trump nunca foi responsabilizado legalmente pelo 6 de janeiro.

Enquanto isso, Trump ameaçou impor mais sanções à Rússia por causa da guerra na Ucrânia. E, em uma atitude ao mesmo tempo cômica e potencialmente perigosa, ordenou que dois submarinos nucleares dos EUA se deslocassem para “regiões apropriadas”, após o ex-presidente russo Dmitry Medvedev zombar de suas ameaças, comparando-o a “Joe Sonolento”, apelido frequente que Trump usa para se referir a Joe Biden.

Neste ponto, deveria estar claro que a China pode tolerar a Índia como uma potência regional independente, contanto que esta não se alinhe com os EUA ou com a aliança ocidental contra Pequim.

Por outro lado, Washington não vê a Índia como nada além de um parceiro subalterno em sua rivalidade com Pequim na região do Indo-Pacífico.

Para Nova Délhi, fazer parte do pacto Quad não garante qualquer flexibilidade por parte de Washington nas negociações comerciais.

Assim como o Brasil, a Índia também foi atingida por tarifas de 50%. Trump exigiu que a Índia parasse de comprar petróleo russo, ignorando que a União Europeia ainda compra gás natural de Moscou. Anteriormente, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi ficou furioso quando Trump se gabou de ter negociado o cessar-fogo entre Índia e Paquistão.

Talvez não seja coincidência que Modi tenha anunciado repentinamente que participará da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, entre 31 de agosto e 1º de setembro, sua primeira visita à China em sete anos, mesmo após disputas fronteiriças entre os dois gigantes asiáticos.

Em maio, durante uma visita do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, Trump acusou a África do Sul de cometer “genocídio branco”, sem apresentar nenhuma evidência. De forma bastante absurda, o governo Trump ofereceu status de refugiado a brancos sul-africanos, alegando que estariam sofrendo discriminação e violência em massa. “Genocídio branco” é uma teoria da conspiração comum entre grupos de extrema-direita e milícias na América do Norte.

Um dos motivos para essas acusações absurdas de Trump é que Pretória lidera o processo de genocídio contra Israel na Corte Internacional de Justiça.

A China, claro, é vista como a maior ameaça dos EUA na mitologia política de Washington. Infelizmente para Trump, Pequim tem uma influência que os outros países do BRICS não têm, o que impede que ele a trate como um subordinado.

Trump pode achar que está dividindo os países do BRICS, mas na verdade, está forçando-os a se unir.


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Lucas Allabi

Jornalista em formação pela PUC-SP e apaixonado pelo Sul Global. Escreve principalmente sobre política e economia. Instagram: @lu.allab

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