A entrevista de Lula a Reinaldo Azevedo na Band News mostra como o presidente derrotou o bolsonarismo pela quarta vez
A quarta vitória de Luiz Inácio Lula da Silva sobre o bolsonarismo acaba de ser conquistada. Depois de vencer o primeiro turno em outubro de 2022, superar o segundo turno no mesmo mês, derrotar as tentativas golpistas e os ataques de 8 de janeiro de 2023, o presidente brasileiro agora enfrenta e vence uma nova investida: o bolsonarismo aliado ao imperialismo decadente e agressivo de Donald Trump.
Trump mandou uma carta ofensiva ao Brasil repleta de mentiras, declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista exclusiva a Reinaldo Azevedo na Band News de ontem (12 de agosto de 2025), que expôs como Donald Trump tentou interferir diretamente em processos judiciais internos brasileiros. A revelação marca um momento decisivo: o terceiro mandato de Lula encontra a si mesmo e se torna mais determinado e autoconfiante a partir deste confronto histórico.
O que se vê é uma nova fase da resistência democrática brasileira. Onde o bolsonarismo falhou internamente, agora tenta uma investida externa, buscando no trumpismo internacional o apoio que não conseguiu nas urnas nem nas ruas. Mas, como nas três vitórias anteriores, Lula responde com firmeza institucional e defesa da soberania nacional.
A impressão que se tem é que o terceiro mandato de Lula começa com muita força a partir de agora. O confronto com Trump não é apenas diplomático – é o momento em que o governo brasileiro define uma plataforma de independência diante das pressões imperialistas. O bolsonarismo aliado ao imperialismo decadente e agressivo de Trump tenta uma nova investida e perde pela quarta vez.
Lula não mediu palavras ao denunciar as pressões americanas que vão além de disputas comerciais e atacam o cerne da autonomia nacional brasileira. A resposta foi categórica: quem quiser operar no país será regulado, sem exceções.
A carta ofensiva e os intermediários da traição
Trump enviou uma carta ao Brasil que ignorou completamente o protocolo diplomático e foi divulgada publicamente sem ser endereçada ao presidente brasileiro. “Fomos pegos de surpresa com uma carta endereçada ao portal do presidente Trump, que não foi endereçada a mim”, relatou Lula, que soube do conteúdo pela imprensa.
A forma como essa carta chegou ao conhecimento público levanta questões sobre os canais utilizados para essa interferência externa. O histórico de proximidade entre o clã Bolsonaro e figuras do trumpismo americano sugere que essa comunicação pode ter contado com intermediários brasileiros dispostos a facilitar a ingerência estrangeira nos assuntos internos do país.
Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, construiu ao longo dos anos uma rede de contatos com a extrema-direita americana, incluindo figuras próximas a Trump. Suas frequentes viagens aos Estados Unidos e declarações públicas de apoio ao trumpismo o colocam como um dos principais articuladores dessa aliança antinacional. Quando um parlamentar brasileiro trabalha ativamente para facilitar a interferência de potências estrangeiras nos assuntos internos do país, isso configura, no mínimo, uma grave violação dos deveres constitucionais de defesa da soberania nacional.
O Brasil havia montado uma estrutura robusta de negociação, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que conduziu dez reuniões com representantes americanos. Todo esse trabalho diplomático foi descartado unilateralmente, sugerindo que Trump preferiu os canais informais e antiinstitucionais oferecidos pelos bolsonaristas.
Interferência nos tribunais brasileiros
A carta de Trump cruzou uma linha vermelha ao tentar influenciar o Supremo Tribunal Federal. Trump pediu explicitamente para “parar com o processo imediatamente”, demonstrando total desconhecimento do sistema institucional brasileiro.
A resposta de Lula foi firme: “Mal sabia ele que aqui no Brasil a Suprema Corte é independente e foi uma conquista feita pela Constituição de 1988.” O presidente deixou claro que a tentativa de interferência judicial representa uma violação flagrante da soberania nacional e dos princípios democráticos estabelecidos pela Constituição brasileira.
Essa tentativa de interferência externa no Poder Judiciário brasileiro ganha contornos ainda mais graves quando se considera que pode ter contado com a colaboração de brasileiros. A defesa intransigente que Eduardo Bolsonaro faz do pai, mesmo diante de processos legítimos na Justiça brasileira, combinada com sua proximidade com figuras do trumpismo, levanta suspeitas sobre seu papel como facilitador dessa ingerência externa. Quando um deputado federal trabalha para que potências estrangeiras interfiram no sistema judiciário brasileiro, isso pode configurar crime contra a segurança nacional.
Guerra pela soberania digital
Trump também exigiu que o Brasil não regulamentasse as big techs americanas. A posição americana foi categórica: “não aceitaria qualquer regulamentação das big techs americanas”. A resposta brasileira foi igualmente firme: “E nós vamos regulamentar, porque é preciso regulamentar.”
Lula foi direto ao ponto: “Toda e qualquer empresa estrangeira que estiver no solo brasileiro e que quiser entrar na nossa comunicação tem que ser regulada da mesma forma que fosse uma empresa brasileira. Tem um jeito de não ser regulada: não venha para o Brasil. Se vier, vai ser regulada.”
O presidente foi ainda mais enfático: “Eu, inclusive, disse na minha resposta ao presidente Trump que aqui no Brasil, toda e qualquer empresa estrangeira que estiver no solo brasileiro e que quiser entrar na nossa comunicação tem que ser regulada da mesma forma que fosse uma empresa brasileira.”
A defesa da soberania digital brasileira contrasta com a postura de setores do bolsonarismo que, historicamente, se opuseram à regulamentação das plataformas digitais. Eduardo Bolsonaro, em particular, sempre se posicionou contra qualquer forma de controle sobre as redes sociais, alinhando-se perfeitamente com os interesses das big techs americanas. Essa convergência entre os interesses de um deputado brasileiro e as demandas de corporações estrangeiras contra a soberania nacional levanta questões sobre onde estão, de fato, as lealdades desses políticos.
Resposta econômica
O governo brasileiro não se limitou à retórica. Lula anunciou a criação de uma linha de crédito de R$ 30 bilhões “para as empresas brasileiras que tiverem prejuízos com a taxação do Trump”. A medida demonstra que o Brasil está preparado para as consequências econômicas do tarifaço.
“Nós não queremos fazer bravata. Nós não queremos ficar dizendo que vamos fazer tal coisa”, explicou Lula, mas o governo “vai medir as consequências para o povo brasileiro e para a relação com os Estados Unidos” a cada decisão.
Apesar das pressões, o Brasil mantém perspectiva histórica. “A gente tem uma relação histórica muito profunda de 201 anos”, lembrou o presidente, reconhecendo que, “apesar de ele ter se intrometido no golpe brasileiro”, o país está “relevando o golpe de 1964” para manter uma relação civilizada.
Experiência diplomática versus submissão
Lula mantém expectativas realistas sobre o diálogo futuro. “Eu espero que algum dia eu possa encontrar com o presidente Donald Trump e conversar como dois seres humanos civilizados, como dois chefes de Estado”, declarou, lembrando das boas relações mantidas com presidentes americanos anteriores.
A experiência diplomática construída ao longo de décadas com Clinton, Bush, Obama e Biden sugere que o problema não está na capacidade brasileira de diálogo, mas na abordagem confrontativa adotada por Trump.
Essa postura soberana e digna contrasta drasticamente com a submissão histórica do bolsonarismo aos interesses americanos. Enquanto Lula defende a independência brasileira e exige tratamento respeitoso entre nações soberanas, figuras como Eduardo Bolsonaro sempre demonstraram disposição para aceitar qualquer imposição externa, desde que isso beneficie seus interesses políticos pessoais.
O momento da definição nacional
O confronto atual marca um divisor de águas na política brasileira. De um lado, um governo que defende intransigentemente a soberania nacional, mesmo diante das pressões da maior potência mundial. Do outro, um bolsonarismo que não hesita em buscar apoio externo para seus projetos antidemocráticos, mesmo que isso signifique subordinar os interesses nacionais aos caprichos de líderes estrangeiros.
A quarta vitória de Lula sobre o bolsonarismo não é apenas eleitoral ou política – é uma vitória da dignidade nacional sobre a submissão, da soberania sobre a vassalagem, da independência sobre a traição. Quando deputados brasileiros trabalham ativamente para facilitar a interferência externa nos assuntos internos do país, eles não estão apenas traindo seus eleitores – estão traindo a própria pátria.
A mensagem da entrevista é clara: o Brasil tem um governo que não se curva diante de pressões externas, que defende a soberania nacional com firmeza e que está disposto a pagar o preço da independência. É essa postura que marca a diferença entre um estadista e um colaboracionista, entre um patriota e um traidor da pátria.