O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 12, que o Brasil precisa adotar uma política industrial voltada ao beneficiamento de minerais críticos e terras raras, abandonando o modelo de exportar commodities de baixo valor agregado. A declaração foi feita durante sessão da comissão mista no Senado que analisa a Medida Provisória 1.303/2025, que propõe alternativas ao aumento do IOF e ajustes nos gastos públicos.
Segundo Haddad, recursos como lítio, nióbio e terras raras — demandados por setores de alta tecnologia e energia limpa — representam uma oportunidade singular para o país. Ele destacou que os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, já demonstraram interesse em fechar acordos com o Brasil, inclusive cogitando cooperação como forma de reduzir a tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras.
Agregar valor e diversificar parcerias
O ministro defendeu que o Brasil priorize acordos não apenas com os EUA, mas também com China e União Europeia, para ampliar o processamento local e gerar empregos qualificados. “Temos que pensar uma forma de agregar valor a esse minério. Não podemos adiar esse debate”, afirmou. Haddad criticou a dependência de exportação de minério bruto, que, segundo ele, mantém empregos “de qualidade duvidosa” e reforça a vulnerabilidade econômica.
Atualmente, o Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, cerca de 25% do total global, segundo dados do Ministério de Minas e Energia. O beneficiamento interno desses recursos é apontado como estratégico para impulsionar setores como baterias, turbinas eólicas e equipamentos eletrônicos, ampliando a competitividade da indústria nacional.
Contexto geopolítico e estratégico
As declarações ocorrem em meio a uma disputa global pelo controle de cadeias de suprimento de minerais essenciais para tecnologias de ponta. Países têm buscado garantir acesso seguro e sustentável a esses insumos, enquanto impõem barreiras comerciais e firmam acordos bilaterais para proteger interesses estratégicos.
Para Haddad, uma política industrial direcionada ao setor pode colocar o Brasil em posição privilegiada no cenário internacional, ao mesmo tempo em que reduz a exposição a choques externos e fortalece a soberania econômica.