Lula agenda encontros com líderes de Equador, Nigéria e Panamá para ampliar comércio e reduzir impacto de tarifas dos EUA

Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberá em agosto os presidentes do Equador, Daniel Noboa; da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu; e do Panamá, José Raúl Molino, em uma série de encontros diplomáticos voltados à diversificação de mercados e ao fortalecimento de parcerias econômicas. As reuniões ocorrem em meio à escalada da disputa comercial com os Estados Unidos, que elevou em 50% as tarifas sobre diversos produtos brasileiros.

Segundo informações do g1, a iniciativa integra a estratégia de política externa que, desde o início do ano, já levou Lula a visitas a Japão, Vietnã, China, Rússia e França, com novas viagens programadas para Indonésia, Malásia e Índia até 2026. O Planalto vê nas agendas bilaterais uma oportunidade de ampliar o acesso a mercados estratégicos e reduzir a dependência das exportações para os EUA.

Equador – No dia 19 de agosto, Lula receberá o presidente Daniel Noboa, em sua primeira visita oficial ao Brasil desde a reeleição. O Equador também foi atingido por tarifas adicionais impostas por Washington, mas com impacto menor: 15% sobre seus produtos. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 1,09 bilhão, com exportações brasileiras concentradas em papel e cartão, automóveis, trigo e calçados. O Brasil importa do país vizinho chumbo, resíduos metálicos, pescados e artigos de confeitaria.

O encontro deve tratar de integração regional, desenvolvimento sustentável e meio ambiente, além de reforçar o comércio entre os dois países. Noboa tem conduzido reformas econômicas e adotado medidas mais rígidas de segurança pública em resposta ao aumento da violência interna.

Nigéria – Em 25 de agosto, Lula se reunirá com Bola Ahmed Tinubu, presidente da Nigéria, maior economia e país mais populoso da África. Em junho, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) esteve no país africano à frente de uma missão empresarial. O comércio bilateral em 2024 atingiu US$ 2 bilhões, com exportações brasileiras de açúcar, melaço, álcoois e produtos industriais. As importações se concentraram em adubos, petróleo bruto, óleos combustíveis e gás natural.

Durante a visita de Alckmin, Tinubu manifestou interesse em ampliar a cooperação com a Embrapa para aumentar a produtividade agrícola nigeriana. A tarifa norte-americana de 15% sobre produtos nigerianos também deverá ser abordada nas conversas.

Panamá – Encerrando a agenda, o presidente panamenho José Raúl Molino visitará o Brasil em 28 de agosto, acompanhado de empresários. A pauta inclui oportunidades de investimento em infraestrutura portuária, turismo e transporte aéreo via aeroporto de Tocumen. O Panamá também demonstrou interesse em adquirir aeronaves da Embraer.

Em 2024, o comércio bilateral totalizou US$ 934,1 milhões, com superávit para o Brasil, impulsionado por exportações de petróleo e manufaturados. A proibição da mineração de cobre no Panamá reduziu as importações, mas o intercâmbio no setor industrial permanece significativo.

Durante a Cúpula do Mercosul, em julho, Molino e Lula discutiram a ampliação das relações comerciais, e o presidente brasileiro já confirmou viagem ao Panamá em janeiro de 2026 para aprofundar as tratativas.

As visitas de agosto são vistas pelo governo como um instrumento para acelerar a abertura de mercados, ampliar exportações e buscar alternativas diante do cenário de barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos.

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