Os produtores de soja dos Estados Unidos estão vendo toneladas do grão serem deixadas de lado sem compradores após o tarifaço de Donald Trump forçar uma retaliação da China. Para Beijing, agora ficou mais barato importar a oleaginosa do Brasil, e diversas cargas saindo do país já estão se direcionando à Ásia.
Alguns operadores de mercado entrevistados pela Reuters afirmaram que os importadores chineses terminaram de reservar as cargas de soja programadas para setembro, comprando cerca de 8 milhões de toneladas da América do Sul e nada dos Estados Unidos.
Para outubro, a China já comprou da América do Sul metade do necessário para o abastecimento do país. “As fortes compras de soja da China no terceiro trimestre sugerem que o setor acumulou estoques antes dos possíveis riscos de fornecimento no quarto trimestre”, disse Wang Wenshen, analista da Sublime China Information.
No mesmo período do ano passado, a China comprou 7 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos. A previsão é que a China reduza cada vez mais a dependência dos insumos vegetais e agrícolas dos EUA, aumentando sua parceria econômica com outros países do Brics.
É pouco provável que a China volte a comprar a soja estadunidense sem um afrouxamento das tarifas de 23% impostas à commoditie. “Um cenário possível é que, se ambos os lados chegarem a um acordo em novembro, a China poderá voltar a comprar soja dos EUA, estendendo potencialmente a janela de exportação dos EUA e pressionando as vendas de novas safras do Brasil”, disse Johnny Xiang, fundador da AgRadar Consulting, sediada em Pequim.
O país asiático criou grandes estoques de soja após intensificar as importações. O maior motivo para isso é o medo de faltar o grão no mercado interno em meio às incertezas mundiais durante o tarifaço. As compras atingiram níveis recordes nos últimos meses.