União Brasil e Progressistas (PP) formalizam nesta terça-feira, 19, a criação de uma federação partidária que já nasce com uma decisão estratégica: manter ministros no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mesmo após o anúncio de desembarque da base.
A medida, segundo informações da Folha de S.Paulo, deve ser regulamentada até o fim do ano e permitirá que os quatro representantes das legendas permaneçam em cargos de primeiro escalão até o prazo de desincompatibilização para as eleições de 2026.
Permanência no governo em caráter “pessoal”
O acordo assegura a continuidade de Celso Sabino (Turismo), Waldez Góes (Integração Regional), Frederico de Siqueira (Comunicações), todos do União Brasil, além de André Fufuca (Esporte), pelo PP. A justificativa é de que uma saída imediata aumentaria o desgaste político e atrapalharia estratégias eleitorais em curso.
A permanência será tratada como uma concessão em caráter “pessoal”, válida até abril de 2025, quando a legislação exige a saída de pré-candidatos de cargos no Executivo.
Cálculo eleitoral
A decisão leva em conta o impacto direto da relação com Lula nos projetos individuais.
- Celso Sabino pretende disputar o Senado pelo Pará.
- André Fufuca também mira o Senado, no Maranhão.
- Waldez Góes prepara candidatura pelo Amapá.
- Frederico de Siqueira é visto como perfil técnico e não planeja disputar cargos em 2026.
Ao garantir espaço para os ministros, as legendas buscam preservar influência junto ao governo e acesso a recursos estratégicos até o momento em que as campanhas se consolidarem.
Relação com o Planalto
Nos bastidores, dirigentes da futura federação avaliam que um rompimento imediato com Lula criaria atritos desnecessários, inclusive com ministros já engajados em articulações locais. O adiamento do desembarque formal também mantém abertos os canais de diálogo com o Palácio do Planalto em votações no Congresso.
A diretriz a ser aprovada até o fim de 2024 definirá o afastamento programado da base, mas com brechas institucionais para casos específicos. Essa fórmula preserva a federação da acusação de incoerência e, ao mesmo tempo, garante que lideranças-chave não percam espaço estratégico antes da hora.
Cenário político
Com a formação da federação, União Brasil e PP somam bancadas robustas e se tornam peça relevante no xadrez do Congresso. O movimento sinaliza reposicionamento gradual, mirando as eleições municipais de 2024 e a disputa presidencial de 2026, em que a aliança pretende se colocar como alternativa independente do Planalto.
Enquanto isso, o Planalto deve conviver, ao menos até 2025, com um arranjo híbrido: ministros ligados a partidos que preparam a saída da base, mas ainda preservam, em caráter transitório, a interlocução direta com o presidente Lula.