China defende cooperação no agro com os EUA e critica politização do setor

Xie Feng semeia críticas à politização do comércio rural / Reprodução

Em encontro com produtores de soja, Xie Feng defendeu que agricultura não seja usada como arma nas disputas comerciais entre China e Estados Unidos


O embaixador da China em Washington, Xie Feng, afirmou que Pequim e Washington têm condições de se complementar de forma estratégica no campo da agricultura e que essa área não deveria ser usada como arma em disputas políticas. A declaração ocorreu durante um café da manhã com representantes da indústria da soja dos dois países, realizado na capital norte-americana.

Segundo o diplomata, o peso das duas economias no cenário mundial torna a parceria inevitável e benéfica. “A China e os EUA, juntos, produzem quase 40% dos alimentos globais e consomem um quarto do total. A China tem vantagem comparativa em produtos agrícolas intensivos em mão de obra, enquanto os EUA se especializam em commodities agrícolas intensivas em terra por meio da produção mecanizada em larga escala”, afirmou Xie.

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O evento foi organizado pelo Conselho de Exportação de Soja dos Estados Unidos em parceria com a Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Alimentos, Produtos Nativos e Subprodutos Animais, reunindo associações industriais, empresas do agronegócio e especialistas acadêmicos dos dois lados.

Para o embaixador, os ganhos da aproximação vão além da balança comercial. “Os intercâmbios e a cooperação agrícola não só ofereceram mais opções para os consumidores em ambos os países, mas também colocaram mais dinheiro nos bolsos dos agricultores americanos”, destacou.

Ele acrescentou ainda que a colaboração sino-americana tem impacto global: “Eles impulsionaram a transformação e a modernização agrícola na China e nos EUA e abriram um novo caminho para garantir a segurança alimentar global”.

No entanto, Xie alertou para os riscos da crescente politização do tema. “A agricultura não deveria ser politizada e os agricultores não deveriam pagar o custo da guerra comercial”, disse, em referência às tensões comerciais entre os dois países.

O diplomata criticou diretamente projetos de lei que buscam proibir cidadãos e empresas chinesas de adquirirem terras agrícolas nos Estados Unidos. “Proibir cidadãos e empresas chinesas de comprar terras agrícolas é puramente uma manobra de manipulação política sob o pretexto da segurança nacional. É completamente infundado e visa sequestrar a cooperação agrícola entre China e EUA para atender aos interesses pessoais de alguns indivíduos”, afirmou.

Apesar das dificuldades, Xie procurou demonstrar disposição para avançar no diálogo. “A China está pronta para trabalhar com os EUA para implementar os importantes entendimentos comuns dos dois líderes, fazer bom uso do mecanismo de consulta econômica e comercial, construir consenso, esclarecer mal-entendidos e fortalecer a cooperação, de modo a compartilhar conjuntamente os dividendos do desenvolvimento e retornar ao caminho certo da cooperação benéfica para todos”, disse.

Na visão do embaixador, cabe também às associações industriais e às empresas dos dois países atuar como elo de ligação, ajudando a consolidar essa parceria. “Espero que mais amigos se juntem a nós e que, juntos, sejamos ‘agricultores’ que trabalham arduamente para construir uma relação China-EUA estável, sólida e sustentável”, afirmou.

Xie usou metáforas agrícolas para reforçar seu apelo contra a interferência política no setor. “Precisamos manter as ‘pragas’ longe da cooperação agrícola bilateral e dizer um forte não a qualquer tentativa de politizar questões comerciais e econômicas em nome da segurança nacional”, disse.

Ele concluiu destacando a necessidade de ampliar o diálogo e estimular novas iniciativas: “Também precisamos semear mais ‘sementes’, trabalhar em estreita colaboração com o comércio, a indústria, os negócios e a pesquisa, e nos esforçar para alcançar mais resultados na restauração dos mecanismos de diálogo e cooperação na área agrícola”, acrescentou.

O discurso do embaixador chinês reforça a importância da agricultura como espaço de aproximação entre as duas maiores economias do mundo, mesmo em um cenário de tensões políticas e comerciais.

Com informações de Agências de Notícias*

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