O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, confirmou ter recebido um aporte de R$ 30 milhões do empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como “Sheik do Bitcoin”. A informação foi revelada em depoimento obtido pela Polícia Federal e publicado pelo portal Metrópoles.
Francisley foi condenado em outubro de 2024 a 56 anos de prisão por comandar um esquema de pirâmide financeira que movimentou cerca de R$ 4 bilhões entre 2018 e 2022, lesando aproximadamente 15 mil pessoas, incluindo a empresária Sasha Meneghel, filha da apresentadora Xuxa.
Como ocorreu o investimento
Segundo o empresário Davi Zocal, testemunha-chave no processo, os recursos tinham como objetivo socorrer a Central Gospel, editora de Malafaia que entrou em recuperação judicial em 2019, com dívida de quase R$ 16 milhões.
Em seu depoimento, Zocal relatou que Francisley teria se oferecido para assumir parte das dívidas:
“A Central Gospel, que é a empresa principal dele, de livro, tava quebrada, com R$ 38 milhões de arresto. ‘Não, pastorzão. Vou te ajudar. Deixa comigo. Eu vou comprar essa dívida’. O Francis entrou”.
O investimento foi estruturado por meio da empresa Alvox Gospel Livros Marketing Direto, aberta em maio de 2021 e encerrada em julho de 2022. Segundo Zocal, a criação da Alvox buscava resguardar a imagem de Malafaia, evitando a associação direta entre o pastor e o “Sheik do Bitcoin”.
A versão de Malafaia
Em mensagem enviada ao Metrópoles, o pastor confirmou a sociedade, mas afirmou que não havia qualquer denúncia contra Francisley no período da parceria:
“É bom informar que quando ele foi sócio comigo, ele foi sócio um ano. Não havia uma denúncia em Ministério Público e Polícia Federal contra ele”.
Malafaia também negou ter tido poder de decisão sobre a Alvox, alegando que a gestão cabia a Francisley. O religioso disse ter deixado a empresa em março de 2022, meses antes de o empresário se tornar alvo da Polícia Federal em outubro do mesmo ano.
O colapso do “Sheik do Bitcoin”
Dono da Rental Coins e de mais de 100 empresas, Francisley prometia lucros exorbitantes a investidores por meio de supostas operações com criptomoedas. A Justiça concluiu que os negócios eram sustentados por um esquema de pirâmide financeira, em que os rendimentos dos antigos investidores dependiam da entrada de novos aplicadores.
Impactos e repercussões
A revelação de que Malafaia recebeu aporte de um condenado por pirâmide financeira gera repercussão no meio político e religioso, especialmente porque o pastor é uma das vozes mais influentes do bolsonarismo e vinha se apresentando como crítico de escândalos ligados ao setor de criptoativos.


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