A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta segunda-feira (25) pela colunista Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo, indica uma mudança relevante na forma como os brasileiros enxergam as principais potências globais.
Cresce avaliação positiva da China
De outubro de 2024 a agosto de 2025, a percepção favorável dos brasileiros em relação à China subiu de 34% para 49%. Esse avanço é mais expressivo entre eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, cuja aprovação ao país asiático saltou de 41% para 61%. Entre os que votaram em branco ou nulo, a visão positiva também cresceu, passando de 31% para 50%.
Já entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a percepção sobre a China se manteve estável em 30%, mostrando que a melhora na imagem do país não alcançou esse segmento.
EUA perdem apoio e veem rejeição crescer
A pesquisa mostra queda significativa na imagem dos Estados Unidos. A avaliação positiva caiu de 56% para 44%, enquanto a negativa subiu de 25% para 48% no período.
Entre eleitores de Lula, a aprovação aos EUA despencou de 51% em março para apenas 23% em agosto. Já entre os apoiadores de Bolsonaro, os americanos mantêm alta popularidade, passando de 66% para 72%.
Israel registra queda após guerra em Gaza
O estudo aponta ainda que Israel passou a ser mais rejeitado pelos brasileiros, com a desaprovação subindo de 27% para 50%.
Entre bolsonaristas, a aprovação caiu de 67% para 54%.
Entre católicos, o apoio recuou para apenas 30%, enquanto 52% avaliam o país negativamente.
Entre evangélicos, a imagem segue positiva: 52% consideram Israel de forma favorável.
O aumento da rejeição é associado aos desdobramentos do conflito em Gaza.
Rússia e Argentina avançam discretamente
A Rússia teve leve alta na imagem positiva, de 20% para 25%, mas ainda concentra o maior índice de rejeição (59%). A Argentina subiu de 36% para 42%, acompanhando a aproximação recente entre Brasília e Buenos Aires.
Diferenças por renda
O levantamento também mostra como a percepção varia conforme a faixa de renda:
Entre quem recebe mais de cinco salários mínimos, os EUA seguem com maior aprovação (53%).
Entre os mais pobres, a China aparece à frente, com 45% de avaliação positiva.
Contexto político e comercial
As mudanças na percepção coincidem com o agravamento da crise diplomática entre Brasil e EUA, marcada pelo tarifaço de 50% imposto por Donald Trump e pelas sanções contra o ministro Alexandre de Moraes (STF).
Além disso, a pressão internacional em torno do julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe e a guerra em Gaza influenciam a visão dos brasileiros sobre essas potências.
Metodologia
A pesquisa foi realizada entre 13 e 17 de agosto, com 12.150 entrevistas presenciais em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.