Conheça os países que o ex-capitão acuado buscou rotas de fuga no exterior

À beira do julgamento no STF, Bolsonaro estuda rotas de fuga e reforça a tensão em Brasília, onde a Polícia Federal intensificou a vigilância / Agência Brasil

Bolsonaro estudou pelo menos três países como possíveis rotas de fuga e entrou no radar da polícia antes de julgamento no STF


O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a ser alvo direto da atenção do Supremo Tribunal Federal (STF). Ontem, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal intensifique a vigilância sobre o capitão reformado para evitar uma possível tentativa de fuga do Brasil, às vésperas do julgamento em que pode ser condenado por envolvimento em uma tentativa de golpe.

A medida surgiu após um parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que considerou “de bom alvitre” reforçar a vigilância diante dos indícios de que Bolsonaro já traçou planos para deixar o país. Moraes acatou a recomendação e classificou a iniciativa como “adequada e necessária” para assegurar a aplicação da lei penal.

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Manobras frustradas no Supremo

Nas últimas semanas, Bolsonaro e sua defesa fizeram de tudo para tentar adiar ou modificar o rumo do julgamento, previsto para começar na próxima semana. Primeiro, tentaram retirar o processo da alçada do Supremo. Depois, pediram que o caso saísse da Primeira Turma e fosse transferido ao plenário. As tentativas não tiveram sucesso.

Se no campo jurídico as manobras seguiram os limites institucionais, nos bastidores a estratégia acabou rompendo fronteiras. O ex-presidente passou a buscar apoio externo em ações que, na prática, representaram um ataque direto às instituições brasileiras.

Pressões externas e alianças arriscadas

Em meio ao impasse, Bolsonaro recorreu à Casa Branca. O governo de Donald Trump, aliado histórico do bolsonarismo, não apenas elevou tarifas sobre produtos brasileiros como também suspendeu vistos, numa tentativa de pressionar o STF. A ofensiva incluiu ainda a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes — legislação criada nos Estados Unidos para punir ditadores e terroristas.

A proximidade política entre os dois líderes reacendeu a hipótese de que Bolsonaro poderia buscar refúgio em solo americano. Não seria novidade: no fim de 2022, ele embarcou para a Flórida antes mesmo de encerrar seu mandato, permanecendo por meses fora do país.

Rotas alternativas: Hungria e Argentina

Os Estados Unidos, no entanto, não são a única opção considerada. Em 2023, após ter o passaporte apreendido, Bolsonaro se abrigou por duas noites na embaixada da Hungria, em Brasília. Temendo uma ordem de prisão, cogitou pedir asilo ao primeiro-ministro ultradireitista Viktor Orbán, um dos principais aliados internacionais de sua gestão.

Mais recentemente, a Polícia Federal encontrou no celular do ex-presidente o rascunho de outro pedido de asilo político, desta vez direcionado ao governo de Javier Milei, na Argentina. O plano, revelado na semana passada, reforçou a percepção de que Bolsonaro buscava alternativas concretas para deixar o Brasil diante da pressão judicial.

Contradições e vigilância redobrada

Publicamente, Bolsonaro nega que tenha planos de fugir. Ainda assim, cumpre prisão domiciliar em Brasília, a apenas 15 minutos da região que concentra as embaixadas estrangeiras. A proximidade alimenta a preocupação de que uma tentativa repentina de refúgio diplomático não esteja descartada.

O próprio ex-presidente deixou escapar uma frase que hoje soa como prenúncio: no dia em que recebeu a tornozeleira eletrônica, afirmou que “sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”.

Com o julgamento se aproximando e a vigilância reforçada, cresce a expectativa sobre os próximos movimentos do capitão, que já demonstrou disposição para recorrer a aliados internacionais em busca de proteção. Para investigadores e analistas políticos, o cerco se fecha em torno de um ex-presidente que, pela primeira vez, pode não ter mais para onde correr.

Com informações de O Globo*

Rhyan de Meira: Rhyan de Meira é jornalista, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira
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