Pesquisa Nexus: brasileiros divididos entre aproximação com BRICS, dólar e disputa EUA–China

RICARDO STUCKERT/PR

Uma pesquisa inédita realizada pelo instituto Nexus, entre 15 e 19 de agosto, mostra como os brasileiros enxergam o papel do BRICS e as disputas geopolíticas envolvendo Estados Unidos e China. O levantamento ouviu 2.005 pessoas em todas as 27 unidades da federação, com margem de erro de 2 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.

Apoio ao BRICS

48% dos entrevistados defendem estreitar relações políticas e econômicas com os países do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros membros).

33% preferem que o Brasil busque outros parceiros internacionais.

18% não souberam ou não quiseram responder.


O apoio é maior entre jovens de 16 a 24 anos (53%) e entre os eleitores de Lula em 2022 (55%). Já entre os apoiadores de Bolsonaro, a tendência se inverte: 44% defendem o distanciamento, contra 42% favoráveis à aproximação.

Segundo Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, a polarização política é central:

“Um em cada três brasileiros se mostra contrário provavelmente por não concordar com o governo, e não necessariamente porque entende que os BRICS sejam desvantajosos para o Brasil.”


Dólar em debate

O levantamento revela divisão sobre o uso do dólar no comércio internacional:

44% defendem buscar novas alternativas, como o yuan ou moedas locais.

43% preferem a manutenção do dólar como principal referência.

12% não souberam responder.


Mulheres (45%) e moradores do Nordeste (49%) se inclinam mais a substituir o dólar, enquanto homens (48%), jovens (48%) e a população do Sul (48%) preferem mantê-lo.

Imagem de EUA e China

A percepção entre os dois países está praticamente empatada:

EUA: 46% positiva x 43% negativa

China: 45% positiva x 43% negativa


Os jovens são os que melhor avaliam ambos (58% para EUA e 57% para China). Entre os mais velhos (acima de 60 anos), prevalece a visão negativa.

Um dado relevante: 56% avaliam negativamente a liderança dos EUA, enquanto 47% veem a liderança da China como positiva.

Comércio: preferência dividida

Quando perguntados sobre qual país deveria ser o principal parceiro comercial do Brasil, os entrevistados ficaram novamente divididos:

43% preferem os EUA

42% optam pela China

12% não souberam responder


Entre os mais ricos (acima de 5 salários mínimos), a preferência é pelos EUA (50%), enquanto no Nordeste a China lidera (47%).

Conclusão

A pesquisa revela um Brasil profundamente dividido entre as duas maiores potências mundiais e em relação ao futuro dos BRICS. O apoio ao bloco cresce entre os mais jovens e entre eleitores de Lula, enquanto os bolsonaristas tendem ao afastamento.

Na disputa monetária, a população se divide quase meio a meio entre manter o dólar ou buscar alternativas. Já na percepção de liderança, a China aparece em vantagem sobre os EUA, reflexo do desgaste da imagem americana após a imposição de tarifas e tensões políticas recentes.

📌 Resumo: o Brasil se vê no centro da disputa geopolítica global. Quase metade apoia fortalecer os BRICS, o país está dividido sobre abandonar ou manter o dólar, e a China já rivaliza com os EUA na imagem pública e no comércio.

Redação:
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