Menu

Lula é aprovado por 76 milhões de eleitores, segundo Datafolha

Em números absolutos, a aprovação supera o total de votos que elegeu o presidente em 2022. O Brasil tem hoje cerca de 158,6 milhões de eleitores aptos a votar. Segundo a pesquisa Datafolha de setembro de 2025, realizada nos dias 8 e 9, 48% deles aprovam o governo Lula. Isso corresponde a aproximadamente 76 milhões […]

1 comentário
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
13.09.2025 - Visita ao Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) para acompanhar a execução do “Dia E” – Ebserh em Ação: Mutirão Nacional para Redução das Filas do SUS Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita ao Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) para acompanhar a execução do “Dia E” – Ebserh em Ação: Mutirão Nacional para Redução das Filas do SUS. Brasília -DF. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em números absolutos, a aprovação supera o total de votos que elegeu o presidente em 2022.

O Brasil tem hoje cerca de 158,6 milhões de eleitores aptos a votar. Segundo a pesquisa Datafolha de setembro de 2025, realizada nos dias 8 e 9, 48% deles aprovam o governo Lula. Isso corresponde a aproximadamente 76 milhões de brasileiros que consideram positiva a atual gestão — um contingente maior do que os 60,3 milhões de votos recebidos pelo presidente no segundo turno de 2022. Essa diferença se explica por alguns fatores: o eleitorado cresceu desde 2022, somando cerca de dois milhões de novos votantes; o Datafolha mede o conjunto de eleitores, incluindo os que se abstêm, votam em branco ou nulo; e há sinais de que parte do eleitorado que antes apoiava Bolsonaro pode hoje avaliar positivamente o atual governo. Para se ter dimensão, esse número de apoiadores de Lula equivale ao eleitorado somado de países como França, Suécia, Dinamarca e Noruega.

Na disputa de narrativas, em que manifestações de rua são tomadas como medida de apoio popular, fala-se em dezenas ou centenas de milhares de pessoas. A maior manifestação já registrada pelo bolsonarismo na Avenida Paulista, em 7 de setembro de 2021, reuniu entre 125 mil e 140 mil pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar e do Grupo de Estudos de Política em Segurança da USP. Essas mobilizações são importantes expressões democráticas e não devem jamais ser diminuídas. Mas é preciso considerar também a escala do eleitorado brasileiro: mesmo atos massivos, contra ou a favor de um governo, têm impacto limitado diante do peso de dezenas de milhões de cidadãos que expressam sua posição nas urnas e nas pesquisas.

Se ampliarmos a lente histórica, veremos com mais clareza o peso político de Lula. Getúlio Vargas, no auge de sua popularidade, elegeu-se presidente em 1950 com 3,8 milhões de votos. Hoje, Lula tem a aprovação de 76 milhões de brasileiros, após dois anos e oito meses de governo. Esses números devem ser levados em conta por quem pretende avaliar a importância das grandes lideranças políticas da história do país.

O presidente é especialmente bem avaliado entre os eleitores de baixa renda.

Entre as famílias mais pobres, com renda de até dois salários mínimos, o presidente Lula mantém seu maior prestígio. Em setembro de 2025, 57% desse grupo declararam aprovação ao governo, o que corresponde a quase 39 milhões de eleitores. Esse índice mostra uma recuperação expressiva em relação a abril deste ano, quando a aprovação havia caído para 50%, no momento mais difícil do governo. De lá para cá, a queda na inflação de alimentos e energia ajudou a reconstruir a confiança dessa base social, que historicamente é o alicerce do lulismo. Quatro em cada dez eleitores brasileiros fazem parte dessa faixa de renda, o que reforça sua centralidade na política nacional.

O grande desafio estratégico, porém, está na classe média. No grupo de dois a cinco salários mínimos, que reúne 41 milhões de eleitores, 17 milhões aprovam Lula, enquanto 23 milhões desaprovam. 

Acima dessa faixa, entre os que recebem de cinco a dez salários mínimos, estão cerca de 11 milhões de eleitores. A divisão segue desfavorável ao governo, com pouco mais de quatro milhões de aprovadores contra seis milhões de desaprovadores.

Na camada mais alta, com renda acima de dez salários mínimos, encontram-se aproximadamente 8 milhões de brasileiros, o que equivale a 5% do eleitorado total. Desses, três milhões apoiam Lula, enquanto cinco milhões rejeitam sua gestão.

Embora numericamente menores, esses grupos de renda mais alta têm relevância simbólica e política. Abrangem elites econômicas e acadêmicas, além de setores que moldam tendências culturais. Não se trata de um eleitorado a ser ignorado: mobilizá-lo pode significar ganhar pontes estratégicas e até reduzir resistências vindas das próprias elites. Esse nicho de “lulistas de alta renda” equivale, em tamanho, ao eleitorado de alguns países europeus — e, mais importante, influencia diretamente o rumo do debate público.

Uma análise mais ampla dos dados históricos revela uma estabilidade notável quando se observa a aprovação do governo a longo prazo. Desde março de 2023, considerando margens de erro, a proporção de aprovação e rejeição entre diferentes grupos sociais tem oscilado pouco. Entre os mais pobres, o apoio se mantém sólido; já nas classes médias, o cenário segue sendo o principal ponto de tensão política.

Aprovação por faixa etária

A pesquisa de setembro também traz dados reveladores quando se olha a idade dos eleitores.

Entre os jovens de 16 a 24 anos, são 21 milhões de brasileiros. Nesse grupo, 9,7 milhões aprovam Lula e 11,3 milhões desaprovam. Trata-se de um eleitorado disputado, mas em que o presidente mantém apoio expressivo. Além disso, é o segmento mais volátil, com maior propensão a mudanças rápidas de opinião.

Na faixa de 25 a 34 anos, que soma 27 milhões de eleitores, o equilíbrio é mais desfavorável: pouco mais de 11 milhões aprovam o governo, enquanto cerca de 15 milhões o desaprovam.

Entre os eleitores de 35 a 44 anos, são 31 milhões no total. Aproximadamente 14 milhões aprovam Lula e 16,5 milhões rejeitam sua gestão.

No grupo de 45 a 59 anos, que reúne 42 milhões de brasileiros, há maior equilíbrio. Cerca de 19 milhões aprovam o governo e 22 milhões o desaprovam.

Já entre os 60 anos ou mais, Lula encontra seu terreno mais sólido. São 37 milhões de eleitores nessa faixa, dos quais 18,5 milhões aprovam o governo e 17,9 milhões o desaprovam. Além de numeroso, esse grupo é o que menos se abstém de votar, o que lhe dá peso estratégico nas eleições.

Comparação com Bolsonaro

O Datafolha também permite uma comparação histórica. Em setembro de 2025, Lula tinha 33% de avaliação “ótimo/bom” e 35% de “ruim/péssimo”. No mesmo mês de 2021, Bolsonaro registrava 22% de “ótimo/bom” e 53% de “ruim/péssimo”.

Ou seja, Lula governa em posição muito mais confortável do que Bolsonaro em período equivalente de mandato. Além disso, tem vantagens estruturais importantes. Lula desfruta de prestígio internacional que Bolsonaro nunca alcançou. Está entregando indicadores econômicos consistentes e, segundo a maioria das projeções, a economia deve se manter sólida tanto no fim de 2025 quanto em 2026.

O chamado “tarifaço” já foi assimilado pela economia e não deve causar grandes impactos. Ele foi parcialmente neutralizado pelas exceções abertas por Donald Trump, que continuam sendo ampliadas. As últimas beneficiaram setores de celulose e ferro-níquel. Ao contrário, as agressões do ex-presidente americano despertaram um sentimento nacionalista que fortalece o governo e o ajuda a reconstruir a frente ampla que lhe garantiu a vitória em 2022. Naquele momento, a unidade se baseava sobretudo na defesa da democracia. Agora, soma-se a ela a defesa da soberania diante de ataques vindos de uma potência estrangeira, liderada por um governo cada vez mais autoritário e acusado de adotar práticas de viés fascista.

Apoie o Cafezinho

Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Marco Paulo Valeriano de Brito

15/09/2025 - 13h25

A DIVISÃO SOCIAL NO BRASIL É RACISTA E SECULAR E NO CAPITALISMO É ECONÔMICA E ELITISTA

O Brasil é um país historicamente dividido entre escravizados, capatazes, feitores e senhores oligárquicos.

Nos 525 anos da nossa trajetória civilizacional, e territorialista, fomos por três séculos e meio uma colônia do império português, que na realidade era um ramo austro-húngaro, da nobreza Habsburgo (Casa de Áustria), em associação e vassalagem, sobretudo, a partir do século XVIII, com a nobreza britânica, que submetia os reis de Portugal, e suas colônias, aos interesses de Londres.

Somos, portanto, uma Nação em busca de sua afirmação, autonomia, identidade e soberania, desde a nossa “independência” política, em 7 de setembro de 1822, e, sobretudo, na construção de um Estado-Naçāo, desde a abolição da escravização, em 13 de maio de 1888, e a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, ambas feitas por elites.

A abolição da escravização veio, apesar das lutas e resistências dos escravizados, como resultante de pressões do nascente capitalismo europeu, que necessitava da ampliação de mercados e trabalhadores assalariados, que adquirissem e consumissem produtos e serviços, liderado pela Inglaterra, e abolicionista, que eram intelectuais, mercadores e políticos progressistas da época, muitos desses influenciados pela Revolução Francesa e pela Revolução Estadunidense, e aqueles que defendiam o liberalismo econômico e o livre comércio.

A abolição da escravização foi mais um movimento para o liberalismo econômico, do que pela humanização das relações sociais no Brasil do fim do século XIX.

A proclamação da República, um ano após o fim da escravização, foi um golpe de estado, que pôs fim a desgastada monarquia, visando consolidar o movimento liberal econômico, contudo, mantendo suas bases agrárias, oligárquicas e conservadoras, nos costumes, na cultura, na política e nas relações sociais.

A história do Brasil revela a saga de um povo oprimido e escravizado, controlado por elites conservadoras, subalternizado, pelos interesses econômicos do capitalismo Norte Ocidental, e na resistência permanente, pela sobrevivência, das classes populares, e pela libertação econômico-social, cultural e política do nosso país.

Todas as rebeliões, que ocorrerem no Brasil, contra esse sistema político-econômico de dominação, foram lideradas à partir de parcelas descontentes das próprias elites sociais, e mesmo que mobilizassem a população não tinham como objetivo uma revolução cultural-popular e nunca visaram a ruptura com o Sistema Capitalista, pois as ‘viradas-de-mesa’ miravam tão somente a mudança do regime político vigente, em cada tempo histórico que ocorreram, sendo assim, na independência, na abolição da escravização, na proclamação da República, no golpe do ‘Estado Novo”, no Tenentismo, na Intentona pseudo-comunista, no golpe civil-militar de 1964, no golpe do impeachment de 2016, na Intentona golpista-bolsonarista de 8 de Janeiro de 2023, dentre muitas outras tentativas, ou êxitos, nas ‘viradas-de-mesa’, na nossa história política.

Portanto, sem a pretensão de escrever, neste breve artigo-opinião, uma tese sobre a história do Brasil, deixo registrado, que a eleição do ex-operário, e ex-sindicalista, Luiz Inácio Lula da Silva, por três vezes, à presidência da República Federativa do Brasil, é um marco histórico, neste país tão desigual e com imensas ignomínias, as tão decantadas e pouco enfrentadas mazelas nacionais, e isso desagrada profundamente às classes conservadoras oligárquicas, hoje representadas no agribusiness e no rentismo especulativo-financeiro, e setores médios, aliados dos conservadores, que não aceitam que uma liderança de origem popular governe o Brasil.
Observo, que o Brasil segue polarizado, como sempre foi, entre conservadores e progressistas, entre os que odeiam a população e os que da população emergem para desenvolver o Brasil e consolidar o nosso Estado-Naçāo Soberano.
Concluo, com o meu realismo progressista, sabendo ser as disputas políticas muito difíceis no Brasil, que avançamos e progredimos muito lentamente, mas que não há como evitar o nosso destino de sermos a Grande Nação do Sul Global, e nesse caminho atingirmos um estágio civilizacional, neste século XXI, que implemente um sistema político-econômico Eco-Socialista e um regime de governo Democrático-Popular, que respeite a natureza e o humanismo, promovendo o bem-estar e a qualidade de vida para o Povo Brasileiro, e relações internacionais multilateralistas, que consolidem a nossa autonomia, independência e soberania.
Oxalá, o Povo Brasileiro compreenda e saiba conduzir o nosso Estado-Naçāo para a definitiva superação das nossas desigualdades e o fim de todas as nossas ignomínias e mazelas históricas.

Viva o Brasil!

Viva Luiz Inácio Lula da Silva!

Viva o Povo Brasileiro!

Marco Paulo Valeriano de Brito


Leia mais

Recentes

Recentes