No condomínio onde Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde agosto, até churrasco virou ato político. Na última sexta-feira, moradores resolveram celebrar a condenação do ex-presidente com picanha, cerveja e vinho. A festinha, que começou discreta na churrasqueira, explodiu no dia seguinte no grupo de WhatsApp, antes usado apenas para avisos sobre vaga de garagem ou cachorro perdido.
As mensagens logo amanheceram fervendo. Alguns consideraram ridículo brindar a sentença de 27 anos de cadeia. Outros foram taxativos ao dizer que esse tipo de comemoração não será permitido no condomínio. Também houve quem se ressentisse da exclusão e escreveu que estava chateado por não ter sido convidado para o churrasco. Para completar, apareceram os que quiseram entrar no clima festivo, como o vizinho que admitiu não ter participado, mas abriu um vinho em casa. A resposta não tardou: o erro foi não compartilhar.
O administrador do grupo, que não se candidatou a mediador político, precisou intervir. Pediu calma, lembrou que o WhatsApp não era espaço para disputas ideológicas e ameaçou expulsar quem continuasse provocando. No condomínio, a regra silenciosa passou a ser simples: pode reclamar do barulho, mas cutucar o bolsonarismo com espeto de picanha não.
Enquanto isso, os vizinhos continuam divididos. Uma parte afirma que a presença de Bolsonaro tirou a paz do bairro com a constante movimentação de policiais e jornalistas. Outra avalia que o policiamento extra deixou a região mais segura e transformou a prisão domiciliar em um curioso benefício coletivo.
No fim, a celebração que começou com alguns brindes virou retrato em miniatura do Brasil. Uma churrasqueira acesa, mensagens atravessadas no zap e um ex-presidente preso que, mesmo sem sair de casa, continua incendiando o país — e a churrasqueira do vizinho.