O deputado paulista, visto como ‘moderado’, foi escolhido para relatar o projeto que divide Congresso e sociedade sobre os atos de 8 de janeiro
O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) foi escolhido nesta quinta-feira (18/9) para assumir a relatoria do Projeto de Lei 2.162/2023, que trata da anistia dos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. A decisão foi confirmada após reunião pela manhã com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), na Residência Oficial.
O nome de Paulinho ganhou força pela sua imagem de “moderado” dentro da Casa. Bem-visto pelo Centrão, ele foi apontado como alguém capaz de conduzir as discussões de forma equilibrada em torno de um tema que divide o Congresso e a sociedade. “Tenho certeza que ele conduzirá as discussões do tema com o equilíbrio necessário”, afirmou Motta em publicação no X, antigo Twitter.
A escolha ocorre um dia depois de o plenário da Câmara ter aprovado a urgência do texto, com 311 votos favoráveis. Com isso, a proposta pode ser votada diretamente pelo conjunto dos deputados, sem precisar passar antes pelas comissões temáticas.
Leia também:
Urgência para o projeto de anistia é aprovada na Câmara; entenda
A ‘PEC da Blindagem’ e o golpe parlamentar contra a democracia
O que a PEC da Blindagem esconde e ninguém contou
Paulinho da Força está em seu quarto mandato como deputado federal. Figura conhecida da política sindical, ele apoiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. No entanto, em 2025, rompeu com o governo e passou a criticar abertamente a gestão petista, posicionamento que reforçou sua independência no cenário político atual.
Enquanto o relator se prepara para apresentar seu parecer, o presidente da Câmara articula os próximos passos. Como revelou a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, Hugo Motta tem trabalhado para frear uma anistia considerada ampla demais. A ideia em discussão é construir uma alternativa que reduza penas, mas sem abrir caminho para o perdão total a todos os acusados.
Com a definição de Paulinho, o debate sobre o futuro do projeto de anistia entra em nova fase, em meio a pressões de diferentes lados do espectro político. O desafio do deputado será mediar expectativas e apresentar uma proposta capaz de avançar no plenário sem ampliar ainda mais as divisões em torno do 8 de Janeiro.
Câmara aprova urgência para projeto de anistia a golpistas
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira (17/9), o requerimento de urgência para o Projeto de Lei 2.162/2023, que propõe anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A decisão acelerou a tramitação da matéria e abriu caminho para que ela seja votada diretamente em plenário, sem precisar passar pelas comissões temáticas.
Foram 311 votos a favor, 163 contrários e 7 abstenções. O resultado foi comemorado por parlamentares que defendem a proposta, enquanto deputados da oposição gritaram “sem anistia” antes do encerramento da votação.
A pauta foi colocada em discussão pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), após reunião com líderes partidários realizada horas antes. Em discurso após o anúncio do resultado, Motta defendeu a decisão como um passo necessário para o país.
— “O Brasil precisa de pacificação. Não se trata de apagar o passado, mas de permitir que o presente seja reconciliado e o futuro construído em bases de diálogo e respeito. Há temas urgentes à frente e o país precisa andar”, declarou.
Na manhã seguinte, Motta confirmou a escolha de Paulinho da Força (Solidariedade-SP) para relatar a proposta. O deputado, que tem perfil considerado moderado e é próximo do Centrão, terá a tarefa de construir um substitutivo capaz de reunir apoio majoritário.
Um tema que divide a Câmara
O texto original, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), concede anistia “aos participantes das manifestações reivindicatórias de motivação política ocorridas entre o dia 30 de outubro de 2022 e a data de entrada em vigor da lei”.
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro defendem que o benefício seja ampliado para incluir o próprio líder, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 27 anos de prisão na semana passada. Do outro lado, parlamentares contrários argumentam que a anistia equivaleria a um perdão coletivo para atos violentos que atingiram as sedes dos Três Poderes há dois anos e meio.
Em 8 de janeiro de 2023, apoiadores de Bolsonaro que não aceitaram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto.
Agora, com a urgência aprovada e o relator já definido, a expectativa é de que a proposta seja apreciada em breve pelo plenário, em um debate que promete ser um dos mais tensos do atual ano legislativo.
Com informações de Metrópoles e Agências de Notícias*


Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!