A moeda brasileira surpreende e figura no top 5 mundial, enquanto investidores estrangeiros reforçam a confiança no país
O real brasileiro atravessa 2025 com desempenho surpreendente no cenário internacional. Em um ano marcado pela perda de fôlego do dólar frente a várias moedas globais, a divisa brasileira acumula valorização de 16,18% até esta quinta-feira (17), conquistando o quinto lugar no ranking das moedas que mais se fortaleceram no mundo.
O levantamento, feito pelo Valor Data com base em 33 das principais moedas, mostra que a trajetória positiva do real é resultado direto do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos. Enquanto o Federal Reserve (Fed, banco central americano) confirmou recentemente o início de cortes nas taxas de juros, no Brasil o patamar elevado das taxas domésticas mantém o país como destino atrativo para investidores em busca de rendimento.
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Com isso, a moeda brasileira voltou a operar nos menores níveis de cotação desde junho de 2024, consolidando um alívio no câmbio que há muito tempo não se via.
Quem lidera e quem perde
O ranking das maiores valorizações é encabeçado pelo rublo russo, que dispara 36,60% no ano. Em seguida aparecem o florim da Hungria (+19,96%), a coroa sueca (+18,29%) e a coroa tcheca (+17,81%). Logo atrás, o real se destaca como a moeda emergente mais forte da América Latina neste início de 2025.
Por outro lado, apenas quatro moedas entre as 33 analisadas apresentaram perdas frente ao dólar. A pior delas é o peso argentino, que amarga desvalorização de 30,05%. O desempenho reflete a crescente desconfiança dos mercados em relação ao governo de Javier Milei. Eleito no fim de 2023 e inicialmente celebrado por investidores, Milei agora enfrenta um cenário de frustração com suas medidas econômicas, o que tem afugentado capitais e pressionado ainda mais a moeda local.
A lira turca aparece em segundo lugar entre as maiores quedas, com retração de 14,45%. Na sequência, a rúpia indiana acumula perda de 2,98%, e a rúpia indonésia fecha a lista das perdedoras com baixa de 1,84%.
Contexto internacional
A valorização das moedas frente ao dólar tem sido alimentada pela percepção de que a política econômica dos Estados Unidos perdeu credibilidade nos últimos meses, além da decisão do Fed de iniciar o ciclo de afrouxamento monetário. A combinação reduziu o apelo do dólar e abriu espaço para o fortalecimento de diversas divisas.
Nesse cenário, o real encontrou terreno fértil para se firmar como uma das moedas mais resilientes e valorizadas do ano, mesmo diante dos desafios internos da economia brasileira.